Porandubas nº 117
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Atualizado em 16 de outubro de 2007 15:27
ATÉ QUE ENFIM !
O senador Renan, até que enfim, se mancou. Não tinha como resistir na cadeira de presidente do Senado. Deixou também a casa oficial e mudou-se para um apartamento funcional. Sinal evidente de que não pensa em voltar à direção da Câmara Alta. Com o acolhimento da 5ª denúncia, Renan fica mais próximo ao cadafalso. A pá de cal poderá ser o último episódio: o furo dado pelo O Estado de S.Paulo de que passou verba do orçamento para uma "empresa fantasma" construir casas em Murici, cidade administrada pelo seu filho. Se o relator Jefferson Peres encaminhar contrariamente, será difícil para Renan salvar-se em plenário. Mesmo com o voto ainda secreto, a sessão será aberta.
O SUCESSOR
O nome de maior peso do PMDB para suceder Renan é o de José Sarney. Que só entraria no jogo, caso fosse nome de consenso. Não o é. Democratas e tucanos não o aceitam. Garibaldi Alves e Gerson Camata estão entre os nomes cotados. Porém, o mais provável é o de Pedro Simon, que tem postura independente.
ACARICIANDO MACACO
Nelson Jobim, na ausência de ações mais enérgicas voltadas para pôr um ponto final na crise aérea, continua apelando para imagens estrambóticas. Na Amazônia, mais uma vez, exibe uma sucuri nos braços. Mas a cena acariciando um macaco merece o prêmio de "Mico do Ano". Como o ministro aprecia posar de herói, gosta de se vestir com fardas militares de camuflagem, prevê-se que a próxima ação seja um ato de rememoração da guerrilha do Araguaia. Ainda não se sabe qual a personagem a ser vivida pelo ministro.
O PEDÁGIO DE DILMA
Dilma Rousseff é a candidata preferida de Lula à sua sucessão. Já dissemos isto nesta coluna. O presidente, em entrevista à Folha de S.Paulo, confirma a admiração que tem pela ex-guerrilheira. Dilma acaba de marcar um gol de placa: as concessões das rodovias federais terão um pedágio 812% mais barato que os custos do pedágio estabelecidos no programa de concessão do governo passado. Dilma espera passar por este pedágio durante o desfile presidencial de 2010. A passarela é enorme.
TROPA DE TRAQUE
Onde estão os tropeiros Almeida Lima e Wellington Salgado, da linha de defesa de Renan Calheiros ? Escafederam-se. Dizem-se, agora, independentes. Faziam parte de uma tropa de traque: muito barulho, pouco resultado. Salgado será, logo, logo, tragado pelo fogo de "decisões salgadas" do STF. Ele tem contas a pagar na justiça. Quem deve, teme. O "escudo" Renan já se foi.
E O ATO CONTRA A CPMF ?
Um fiasco. É assim que se pode dizer do movimento contra a CPMF organizado pela FIESP. Esperava-se no show do Anhangabaú cerca de 2 milhões de pessoas. Compareceram 7 mil. Os organizadores da FIESP fizeram cálculos na lua. E o povão, mesmo sob a atração de cantores como Zezé Di Camargo e Luciano, achou por bem não entrar no Vale.
VOTO FACULTATIVO
Da última pesquisa CNT/Sensus, um dado relevante é o que aponta a aprovação do voto facultativo pela maioria do eleitorado. Será um dos aspectos que merecerão atenção da classe política. A sociedade distancia-se dos políticos. E a desobrigação de votar aparece como recurso.
CPMF PASSA
O presidencialismo imperial brasileiro deverá conseguir a aprovação da CPMF no Senado. Não há quem resista à pressão da caneta presidencial. Ademais, governadores tucanos, como José Serra e Aécio Neves, esperam abocanhar parcela dos recursos da Contribuição. Mas o líder dos tucanos no Senado, Arthur Virgílio, garante que ela só passa se o Executivo fizer concessões. A conferir.
AERO-LULA EM 2014
O homem adora bater pernas pelo mundo. Tem dito que conhecer outras plagas é um dos maiores prazeres. E acaba de garantir que não se afastará da política. Acena com a volta em 2014. Sua meta é colocar um estepe no Palácio do Planalto, em 2010, para lhe reservar a vaga. Tem tudo para conquistar a meta: Lula será o principal eleitor de 2010. O Aero-Lula poderá voltar aos seus braços.
AÉCIO, NÃO PARA DIZER SIM ?
Aécio Neves diz que não sairá do PSDB. Lula diz que apoiaria Aécio caso fosse ele o candidato do PMDB à presidência da República em 2010. Aécio agradece a preferência ao dizer NÃO com a boca e expressar SIM com o coração. Agora, fica mais difícil deixar o tucanato após a decisão do TSE impondo fidelidade aos cargos majoritários.
OSCILAÇÃO PARA BAIXO ?
Lula entrou na linha da oscilação para baixo. É o que alerta a última pesquisa CNT/Sensus, que, aliás, não diz muita coisa. A leve queda está na margem de erro. A base da pirâmide está satisfeita. O topo nunca ganhou tanto dinheiro. E o meio começa a ser assediado com programas de motivação (acesso ao crédito para aquisição da casa própria, a juros baixos, por exemplo). Lula quer controlar a pirâmide social por completo.
TUCANOS EM ALTA ?
Que nada. Os índices de intenção de voto de Serra e Alckmin - 12,8% e 11,6%, respectivamente - na pesquisa Sensus apenas atestam a visibilidade de ambos no plano nacional. Não há candidatos postos. As indicações da pesquisa não levam em consideração a moldura contundente de uma campanha. É muito cedo para fazer especulações com índices de intenção de voto. Mais importante é pensar no perfil desejado pelos brasileiros: confiável, experiente, digno, boa capacidade de dialogar com gregos e troianos, sério, passado limpo, vida decente.
A FIDELIDADE DOS MAJORITÁRIOS
Governadores, prefeitos e senadores também devem ser fiéis aos partidos. Seus mandatos a eles pertencem. Com decisão, o TSE continua a fazer a reforma política que as casas congressuais não conseguiram. A judicialização política chega ao pico. Também, pudera, com a inação dos conjuntos parlamentares, as Cortes passam a legislar.
REMESSA AO EXTERIOR
A cada US$ 10 investido no Brasil, US$ 6 foram enviados ao exterior. Essa é a conta do primeiro mandato de Lula. Imaginem ler essa equação há alguns anos. O mandatário seria considerado um entreguista, termo usado para condenar os responsáveis pela política de remessa de lucros. Fosse vivo, Roberto Campos daria boas gargalhadas.
LOAS A CAMPAORÉ
Lula faz loas a Campaoré. A fonética desta frase base soa mal. Mas é assim que se interpreta o elogio do nosso presidente ao ditador de Burkina Faso, na África. Há 20 anos, Campaoré governa com mãos de ferro aquele miserável país africano.
A CENTRAL DO PC DO B E PSB
A Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) está nascendo. Abriga tendências do PC do B e do PSB. Entram no bolo dos 50% da contribuição do imposto sindical que o Ministério do Trabalho distribuirá às Centrais Sindicais.
BLOQUINHO DE ESQUERDA ?
O chamado "bloquinho de esquerda" poderá fazer surpresa em 2008. A idéia é juntar os 30 parlamentares do PSB, os 24 do PDT, os 13 do PC do B, os 5 do PMN, os 3 do PRB e os do PHS e formar uma base para lançamento de candidatos únicos dessas siglas para as prefeituras na eleição do próximo ano. A idéia é boa.
TERCEIRIZAÇÃO, A BOLA DA VEZ
A Terceirização de Serviços, objeto do Enunciado 331 do TST, tem sido um tema bastante polêmico. As Centrais Sindicais, por mera questão financeira, querem acabar com a Terceirização, por ver nela a fragmentação de suas bases. Gostariam que todos os trabalhadores fossem efetivos nas empresas, o que lhes garantiria dinheiro multiplicado nos cofres. Mas a Terceirização, como tendência irreversível nas economias contemporâneas, veio para ficar. É a bola da vez no Congresso.
INTEGRAÇÃO DE PROJETOS
O deputado Sandro Mabel tenta integrar os aspectos positivos dos projetos sobre Terceirização na Câmara: o PL 4.302/98, aprovado pela Câmara e pelo Senado, com substitutivo; o PL 4.330/2004, de sua autoria, aprovado pela CDEIC, com emendas e aguardando parecer do dep. Pedro Henry; o PL 5.439/2005, da deputada Ann Pontes, que acrescenta dispositivo à CLT proibindo a contratação de mão-de-obra por empresa interposta e o PL 1621/2007, do dep.Vicentinho, considerado o mais radical, e, por isso mesmo, sem muitas chances de prosperar. Ontem, (quarta-feira), às 14h, representantes de trabalhadores e de empresários participaram de audiência pública, na Câmara, para avaliação dos projetos.
CONSELHO AOS SENADORES DO PMDB
Esta Coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos aos políticos e governantes. Na semana passada, o espaço foi dedicado aos senadores que pediam a renúncia de Renan Calheiros à presidência do Senado. Hoje, volta sua atenção para os senadores do PMDB:
1. É hora de escolher para o lugar de Renan Calheiros um perfil mais independente
2. É hora de resgatar a dignidade perdida pela Câmara Alta
3. É hora de dar um basta à inação e colocar a agenda positiva sobre a mesa
4. O nome mais indicado para presidir o Senado, nessa difícil quadra, é o do senador Pedro Simon (RS)
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