COLUNAS

  1. Home >
  2. Colunas >
  3. Porandubas Políticas >
  4. Porandubas nº 96

Porandubas nº 96

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Atualizado às 08:18

 

O PAPA ACENDEU A POLÊMICA

A polêmica se acendeu. O Papa Bento XVI foi coerente - e muito - na defesa de assuntos sagrados para a Igreja Católica, como repulsa ao aborto e ao divórcio, defesa do matrimônio e da virgindade. Sua visita ao Brasil terá influência na estratégia de expandir o rebanho católico ? Contribuirá para estancar a migração de fiéis para outros credos ? As respostas estão divididas. O Papa acredita que a força da Igreja Católica está na firmeza de suas posições tradicionais e de seus dogmas. Em todos os pronunciamentos, sobressai a elevação do espírito sobre a matéria. Como um dos maiores teólogos da Igreja Católica, escreveu muito sobre o amor. Teve no Brasil lições práticas de carinho e amizade. Tomou um banho de humanidade. O que deverá ser oportuno para abrir a locução. A conferir.

O BEIJO NO ANEL

Observações de bastidores. Tony Blair, George Bush, Jacques Chirac e Angela Merkel, líderes políticos do mundo desenvolvido, em encontros com o Papa, cumpriram o ritual, curvaram-se e beijaram o anel. Lula ficou no abraço. Teria dito: "Entre santidades, não há curvatura de coluna". E José Serra, conhecido por sua aversão a micróbios, deixou os lábios longe do anel. Dona Marisa, segundo se vê nas fotos, foi sutil: colocou as mãos do papa entre as suas e acabou beijando as próprias. O Big Brother capta tudo.

LULA E O ABORTO

Lula diz que não enviará projeto sobre aborto para o Congresso. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defende um plebiscito sobre a questão. Lula pediu para o ministro ficar calado. O tema abrirá grande discussão na sociedade. Uma linha divisória marcará os campos. Há sinais de desarmonia social nessa matéria.

CLODOVIL, LÍNGUA SOLTA

O deputado Clodovil Hernandes (PTC-SP) cometeu uma brutalidade contra a deputada Cida Diogo (PT-RJ). Comenta-se, porém, que o parlamentar, ao se deparar com a deputada nos corredores, havia sido objeto de chacota. Mais de uma vez. A língua solta do ex-costureiro aguardava apenas a oportunidade para a vingança. Sob ameaça de se defender no foro de ética e nos Tribunais, Clodovil ficou estressado. Está internado numa clínica paulistana. De cirurgia plástica.

PEGA FOGO NA UNIMED

Está quente, muito quente a campanha para eleger a nova diretoria da Unimed Paulistana. Em meio a denúncias e suspeitas de desvio de recursos, nepotismo, contratos de alto risco, a Unimed Paulistana se defronta, pela primeira vez em décadas, com uma chapa de oposição para comandar a entidade. A polêmica bate às portas do Ministério Público de São Paulo. A auditoria Deloitte, no ano passado, teria identificado R$ 90 milhões de prejuízo. A eleição está marcada para o dia 29 de maio, no hotel Unique, onde 1600 médicos cooperados poderão votar. A oposição promete mais bombas.

AÉCIO E O PMDB

O governador Aécio Neves deixou a mineirice um pouco de lado. Conversou bastante com a cúpula do PMDB - Michel Temer, presidente do partido, e Henrique Alves, líder peemedebista na Câmara. Acertaram que, no momento adequado, voltariam a conversar. Michel deixou as portas do partido abertas. Aécio, na segunda, foi homenageado em São Paulo com um jantar. Fez questão de ser acompanhado por José Serra, o candidato preferencial do PSDB. Ambos só partirão para a guerra depois de dois eventos: a morte da reeleição e a eleição de prefeitos em 2008. Cada pré-candidato fará um exercício de viabilidade de suas possibilidades eleitorais. Lula tem interesse na manobra. Até porque se o PT não emplacar uma candidatura, ele irá de Aécio... com vistas ao regresso em 2014/2015.

AL GORE SEM MUITA GRAÇA

Al Gore perdeu a eleição para George Bush mas ganhou a de o perfil mais identificado com a modernidade. Leia-se defesa do meio ambiente. Trata-se de um homem idealista, que luta pela salvação do planeta. Mas não tem carisma algum. Quem o viu e ouviu sua palestra no Teatro do Parque do Ibirapuera saiu com a impressão de que as imagens do Planeta em destruição - principalmente as geleiras - criaram mais impacto do que a fala "algoriana". Nos EUA, Al Gore também é conhecido como Al Bore (sem graça). Mas que é muito sabido, isso ele é. Levou grana alta de um Banco para fazer a palestra.

FRACASSO DE PÚBLICO ?

Alguns jornais - Folha de S. Paulo e o La Nación, da Argentina - dizem que a visita do Papa Bento XVI foi um fracasso de público. Para uns, o público da missa no Campo de Marte chegou a um milhão e meio de pessoas; para outros, estavam ali cerca de 800 mil. Para d. Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida, a missa no Santuário Nacional teve o comparecimento de 350 mil a 400 mil pessoas. Para outros, apenas 150 mil. A melhor aposta é a média entre as quantidades. In media virtus (a virtude está no meio), diz o ditado latino.

E A TV RECORD, HEIN ?

A TV Record fez um caderninho com as lições para a cobertura do Papa. Uma delas: os repórteres estavam proibidos de proferir a designação "Sua Santidade". A recomendação: líder da Igreja Católica.

E AS SEITAS, HEIN ?

Já o Papa, ao se referir aos credos que tiram fiéis da Igreja Católica, não falava de outras religiões, mas de seitas. Sob o prisma religioso, uma diminuição de importância.

CIRO GOMES E O BLOQUINHO

Vale a pena acompanhar a movimentação do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) em torno do chamado bloquinho da esquerda, amparado pelo PDT, PSB e PC do B. Ciro quer estabelecer uma linha divisória com o blocão, liderado pelo PMDB e PT. Seu objetivo: moldar o perfil na forma da esquerda com vistas ao pleito de 2010.

LULA ENFÁTICO

De jeito nenhum. Lula afasta a possibilidade de mudar o texto constitucional para vir a ser novamente candidato em 2010. Diz apenas que vai influir no processo. E vai mesmo.

E O IBAMA, HEIN ?

Lula quer pressa do Ibama na análise e aprovação da licença ambiental para os projetos hidrelétricos no rio Madeira. Faz pressão sobre a ministra Marina Silva Os funcionários do Ibama entram em greve e exibem faixas dizendo que a questão não é "o bagre" do rio Madeira (imagem que Lula usou para mostrar a inércia do Ibama), mas "os traíras", entre eles a própria ministra Marina. E agora, Lula faz a defesa da ministra, depois de dizer que não haverá Apagão energético até 2011. É difícil entender quem está contra quem.

QUEBRA DE PATENTE

Mais uma polêmica acenderá os debates. A quebra de patente de remédios será defendida pelo Brasil junto a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os laboratórios se mobilizam e prometem fechar as costas para o País. Ninguém acredita nessa virada de costas. O Brasil foi, é e será sempre um grande mercado para a indústria farmacêutica.

ATENÇÃO: UM APAGÃO DA SEGURANÇA PELA FRENTE

No dia 2 de junho, entrará em vigor a Lei do Desarmamento. Nesse dia, expira-se o prazo para recadastramento das armas de fogo nas mãos das empresas de Segurança Privada no país. As empresas que quiserem continuar com armamento deverão pagar R$ 300 por arma, além de R$ 1 mil por porte. Há cerca de 100 mil vigilantes privados no Estado de São Paulo. O impacto econômico sobre o setor enfraquecerá o exército privado, que funciona como força auxiliar da Segurança Pública.

SEGURANÇA PRIVADA FAZ ALERTA

Lideranças do setor, como o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo, José Adir Loiola, prevêem aumento da criminalidade. "O negócio deixará de ser viável", argumenta. Há muita tensão no ar ante a possibilidade de um Apagão da Segurança Privada. Lembre-se que, nos últimos meses, os assaltantes concentraram ações em bancos. A imagem é sombria: um banco com guardas desarmados.

CENTRAL EMPRESARIAL DE SERVIÇOS

Os empresários do setor de serviços começam a se mobilizar para criar uma Central Empresarial nos moldes das Centrais Sindicais. O universo de serviços é muito dividido. Muitos sindicatos e algumas Federações decidiram se unir no esforço de formar uma Central voltada para a defesa dos interesses de milhares de empresas que trabalham com mão-de-obra intensiva. Trata-se de um agrupamento que lidera os espaços da empregabilidade, abrigando os chamados serviços terceirizados. Por isso, não entram na conta do governo, que procura desconhecer esses setores. O empresariado não se sente bem representado junto aos foros institucionais e políticos, razão pela qual querem formar seu bastião de defesa.

_______________