Todos os governadores de São Paulo leem de maneira enviesada o lema do Estado. Maluf, Montoro, Covas, Serra, Alckmin, Doria. E agora, Tarcísio de Freitas.
Exame para Brasília
Quem vai ao Palácio dos Bandeirantes encontra no Salão Nobre, cravado em madeira, o brasão do Estado: uma espada longa cercada por dois modestos ramos de café. Emoldurado pelo dístico:
- Pro-Brasilia fiant eximia. (Façam-se as melhores coisas pelo Brasil).
Que os governadores de São Paulo costumam traduzir assim:
- Fazendo exame para Brasília.
- Panorama
O senso
Com perdão de Olavo Bilac, amparo-me em seu soneto para comentar sobre o nosso país.
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
Pálido de espanto, cá estou, caro poeta. É só abrir a janelinha do consciente para perceber que o senso está dando adeus ao nosso presidente Luiz Inácio. Pois não é que em um momento tão crucial para a decolagem de seu avião nas pistas internacionais, o dirigente transforma uma visita ao maior parceiro comercial do Brasil, a China, para bater continência a um tradicional opositor do ideário ocidental, ele mesmo, o todo-poderoso Vladimir Putin?
O encanto da Via Láctea
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Admirar a Via Láctea, toda a noite, que cintila como um pálio aberto, é um risco de que sejamos envolvidos pelo encanto, a ponto de darmos uma cutucada, com fala curta, no maior aliado brasileiro no painel das democracias ocidentais, os EUA. Pois o invasor da Ucrânia foi a Rússia, e por isso mesmo, ela é a responsável pela guerra com seu ex-aliado. Ao chanceler russo, Sergey Lavrov, faz bem dizer que Brasil e Rússia comungam de ideias semelhantes sobre o conflito (conflito?) com a Ucrânia, pois essa linguagem faz parte do ritual de um embaixador que há 20 anos faz a limpeza da imagem do seu chefe, Vladimir Putin.
Tresloucado amigo
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
Mas o nosso interlocutor no campo da diplomacia, Mauro Vieira, não pode sair por aí trombeteando a ideia de que só falou de paz com seu parceiro de conversas, Lavrov, sabendo-se que o nosso dirigente-mor, Lula, quer também ser o mediador da guerra que já devastou grande parte do território ucraniano. Ou será que Vieira conversava com estrelas, achando que Putin e seu embaixador são as maiores estrelas da Via Láctea? Vieira é um tresloucado?
Entender estrelas
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
Eis aqui o nó da questão. Trata-se de um exercício de entendimento. Quem é invasor e invadido na pendenga entre Rússia e Ucrânia? O que deseja Lula da Silva com seu entendimento, parco, sobre a situação? Tem ele ouvido para entender estrelas? Ou foi açodado pelas circunstâncias, a vontade de enaltecer para ser enaltecido? Como serão os próximos tempos de encantamento na visão da Via Láctea? Amém. Só quem ama pode ter ouvido para entender o que está dentro e fora do senso comum.
O Judiciário
Prisões e prisões de envolvidos no fatídico episódio de 8 de janeiro passado no planalto dos Três Poderes. Até quando este tema absorverá as atenções? Será que uma gigantesca pizza não está sendo esquentada nos fornos do Judiciário? Quantos serão condenados?
Zanin
Este é outro assunto que ocupa espaço na mídia e nas conversas. Ora, leia-se a Constituição. Cumpre ele todos os requisitos? Um quesito importante é sobre a bagagem jurídica. Preenche essa condição? Então, Lula, faça sua nomeação. Cristiano Zanin, seu ex-advogado, espera um assento na cadeira do STF.
Isenção para bugigangas
O governo voltou atrás na decisão sobre isenção para mercadorias até US$ 50, importadas principalmente da China. Viu que a taxação iria encarecer, sobremaneira, os produtos. Ora, ministro Haddad, deixe que se importem tais bugigangas.
Invasão de terras
O MST continua abrindo fogueiras no abril vermelho. Sob as barbas de João Pedro Stédile, que fez pose com Lula e Xi Jinping na China. Continua o Movimento invadindo propriedades privadas sob as barbas de Luiz Inácio. O que pode e o que não pode no governo Lula?
Congresso
O Congresso Nacional vai deixar Lula sob suas rédeas. Os tempos sinalizam mais força ao Poder Legislativo. Quanto mais o dirigente radicalizar na fala, mais dependência verá por parte dos partidos e blocos.
Bolsonaro atirando para matar?
Essa foi dura: vou atirar para matar. Teria dito Bolsonaro se a PF cumprir eventual ordem de prisão. Intimidação? O ex-presidente parece sincero. Se isso ocorrer, cenário feio mais adiante. Amigos de Bolsonaro, entrem em campo. Ou será um blefe?
Cama e móveis
Dona Michelle Bolsonaro diz que sempre usou as roupas de cama de sua propriedade, trazidas de sua residência no RJ. Não comprou nada. E que também trouxe seus móveis. Agora, revela-se uma compra no valor de R$ 35 mil para encomendas de roupa de cama. Alguém falta com a verdade.
Quem matou?
Marielle Franco? Quem? Quais os mandantes? Mais um pouco, teremos uma resposta. Não é possível tanto tempo de investigação para nada...
Dilma no Brics
Dilma Rousseff, ex-presidente, tomou posse no Banco dos países emergentes, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Dilma deve incorporar ao Brics mais uns 10 países. Ou até mais que isso. As redes querem ver falas extravagantes da ex-presidente. Para montar seu espetáculo. Dilma monta sua equipe com bons quadros do Brasil. Merece um voto de confiança.
Temer
Um perfil em crescente elevação de conceito: Michel Temer. Seus feitos nas áreas de controle de gastos, recuperação de contas do país, articulação com o Congresso, "prestigiamento" a lideranças institucionais e afins, começam a ser reconhecidos. Sexta, 21 de abril, receberá o maior galardão de Minas Gerais, o Grande Colar da Medalha da Inconfidência, do governo de MG, presidido por Romeu Zema.
Bolivar
Fecho a coluna com o lamento do grande libertador Simon Bolívar: "não há boa-fé na América, nem entre os homens nem entre as nações. Os tratados são papéis, as constituições não passam de livros, as eleições são batalhas, a liberdade é anarquia e a vida um tormento". Hoje, a vida nacional está se tornando um tormento e parcela desse sofrimento tem muita coisa ver com a desordem institucional. O estado de violência. A falta de boa-fé entre as pessoas. E de confiança. O precário relacionamento entre partidos. Na base governista, as dissensões se acentuam. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário agem de forma desordenada. A impunidade escancara sua fragilidade. As oposições se esfacelam. As doutrinas murcham. Os ideários morrem.