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Porandubas nº 788

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Atualizado às 07:48

Einstein no Brasil

Uma historinha do amigo Sebastião Nery sobre a relatividade das coisas. Quando Einstein esteve no Brasil, foi ciceroneado por Austregésilo de Athayde. Saiu olhando as coisas, Austregésilo a tiracolo, explicando a relatividade do jeitinho brasileiro. A toda hora, Austregésilo tirava do bolso um caderninho e fazia anotações. Einstein ficou curioso:

- O que é que o senhor anda escrevendo aí?

- Suas opiniões, Mr. Einstein, suas observações. Às vezes as minhas também. Tenho o hábito de anotar sempre as ideias que me ocorrem para aproveitá-las nos meus artigos. O senhor não anota suas ideias?

- Não anoto, Dr. Austregésilo, porque até hoje só tive uma, a teoria da relatividade.

Einstein 2

Certa vez, Einstein recebeu uma carta da Miss New Orleans onde dizia a ele: "Prof. Einstein, gostaria de ter um filho com o senhor. A minha justificativa se baseia no fato de que eu, como modelo de beleza, teria um filho com o senhor e, certamente, o garoto teria a minha beleza e a sua inteligência". Einstein respondeu: "Querida miss New Orleans, o meu receio é que o nosso filho tenha a sua inteligência e a minha beleza".

  • Secos & molhados...

Estado de expectativa

O Brasil vive momentos de intensa expectativa. O jogo de sexta, contra a Croácia, será acompanhado por milhões de brasileiros. Conquistaremos o hexa do campeonato mundial? A expectativa cimenta, ainda, o clima de mudança no comando do país. O jogo político também está sendo jogado com muita vontade pelo time que ganhou as eleições. Vemos um Lula sorridente, mesmo tendo de enfrentar um paredão de obstáculos, e um Bolsonaro choroso. Por quê choras, Jair?

O choro de quem sai

Por que chora o presidente que sai em 1º de janeiro? Por ver naufragado seu projeto de poder. Bolsonaro tinha certeza de que ganharia o pleito. Tinha a estética das motociatas como prova de popularidade. Esquecia, porém, que outra banda do país não topava andar de moto ao seu lado. Tinha a estética das multidões ao seu lado, ignorando a ala que se postava distante de seu eleitorado. Na posse dos novos generais, verteu lágrimas. Enxugadas com um dedo. Percebeu que estava isolado em seu projeto de impedir a posse de Lula. Sentia o apoio dos colegas de farda e via soçobrar a ideia de prolongar sua vida de mando e comando. Bolsonaro teme pelo futuro.

A erisipela

O filho Carlos Bolsonaro, a quem se atribui a jornada digital do pai presidente, jogou nas redes a foto da erisipela do pai. Por quê? Para provar que o pai desapareceu do mapa da mídia por sofrer desse mal. Não por bloqueio psicológico. Uma foto dura. Fria. Forte. A impressão é a de que o presidente viu baixar sua imunidade. Teria sido efeito do impacto psicológico da derrota eleitoral? Que adianta, agora, justificar/não justificar a ausência da mídia, apostar/não apostar no futuro como presidente de honra do PL de Valdemar da Costa Neto?

O futuro

A Deus pertence, diz a proverbial expressão sobre os rumos de um governante. O fato é que o presidente eleito vai herdar um legado devastado, desorganizado, e, para piorar, com a máquina pública quase parando por falta de recursos para pagar até aposentados do INSS. Significa que Lula terá dificuldades de cumprir logo sua meta de proporcionar bem-estar social. Os primeiros 100 dias serão de bombeiro jogando água para apagar as chamas de grande incêndio. E esse ciclo de água na fervura azeitará os primeiros momentos da oposição. Mesmo com todo o seu tino de eficiente articulador, Lula não conseguirá aprovar a agenda que mandará ao Congresso. Os insatisfeitos aproveitarão o ciclo de desgaste para marcar posição.

Pacto com o STF?

Circula nas conversas com as melhores fontes que teria havido um pacto entre Bolsonaro e membros do STF para deixá-lo tranquilo no pós-governo. Que os processos contra ele, apresentados por partidos, seriam arquivados ou jogados no baú das coisas perdidas. O mesmo compromisso teria sido firmado em relação aos filhos. Um preço político a se pagar com moeda do Judiciário? Difícil de acreditar. Mas, a versão tem lógica. A propósito, Bolsonaro preso, pelo menos nos primeiros tempos do novo governante, seria jogar pólvora na fogueira. Não é razoável apostar nessa hipótese.

O anti-petismo dependerá do PT

Quem alimenta o antipetismo no país é o próprio PT, que não concorda com os termos de parceria, divisão do poder com outros partidos que deram sustentação ao projeto eleitoral de Lula, etc. Já se divisam rixas e rachas. Lula tem dito que fará um "governo além do PT". Que já tem sua relação de ministérios inegociáveis, espaços dos quais não abrirá mão, como economia, articulação política, coordenação de ministérios. O PT deixou marcas profundas no tecido institucional. Difícil de apagá-las. Hoje, ganha apoios. Amanhã, poderá perdê-los. O futuro do PT é uma incógnita. Ganharão os radicais ou os moderados?

Distensão

O esforço de Lula, no primeiro tempo de seu governo, será no caminho da distensão entre os Três Poderes, que nunca foram tão tensionados como na administração bolsonarista. O Poder Judiciário desceu de alto pedestal para fazer política. A Judicialização da política deve muito ao próprio Judiciário. A área parlamentar ganhou força com a aplicação, ao pé da letra, da lei franciscana do "é dando que se recebe". O Executivo tem sido relapso e ineficaz em muitas áreas. A economia se manteve sob a caneta de Paulo Guedes, que não cumpriu o programa liberal que prometeu. Os mandatários sempre prometem. Nunca cumprem todas as promessas.

Alckmin

Uma surpresa tem sido a performance do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. Muito positiva. Seguro, didático, ponderado, não é um encantador de serpentes. Ou seja, não quer enganar ninguém. E por isso mesmo, por sua positividade, tende a ganhar forças em sua missão. Não será um vice de decoração. Terá missões a cumprir, por mando de Lula, que confia plenamente no seu vice. E a quem pretende entregar fatias importantes do cotidiano administrativo. Lembram-se do governo de Mário Covas? Alckmin fazia a administração Covas caminhar. A partir das obras de infraestrutura. O vice-presidente eleito foi um grande gerente. E poderá fazer o papel de algodão entre vidros na administração de Lula.

Leite e Freitas

O governador gaúcho, Eduardo Leite, do PSDB, tem condições de despontar como a estrela da próxima estação. A mesma hipótese se aplica ao governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos. A conferir.

Mercadante e Padilha

O ex-senador e atual coordenador dos programas da transição de governo, Aloísio Mercadante, disputa com o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, posição de destaque no entorno de Lula. Ministro do núcleo duro, coordenador de uma área, soldado sempre perto do comando do presidente.

Mudança

Lula começou seu discurso, em 1º de janeiro de 2003, com a expressão: MUDANÇA!, que continua sendo a palavra-chave dos governantes. O termo entra como uma luva nos dedos da contemporaneidade.

Um big salário

Bolsonaro deverá ganhar, ao deixar o governo, em torno de R$ 80 mil entre salários e proventos de aposentadorias. Afora, casa, escritórios e funcionários bancados pelo PL.

E Guedes?

Paulo Guedes não deve aceitar o convite de Tarcísio de Freitas para ser secretário da Fazenda em São Paulo. Prefere ser um bem requisitado consultor.

Orçamento secreto

O STF deve vetar o orçamento secreto. Já tem, hoje, seis ministros que votam contra. A dúvida é se haverá tempo para votar a matéria antes do recesso do Judiciário nas próximas duas semanas. A CF exige transparência. Clareza. Nada que se esconda em matéria de orçamento.

Igualdade?

Lula vai tentar compor seu Ministério com um bom número de mulheres, negros e povos originários. Aliás, os indígenas contarão com uma Secretaria Especial subordinada à presidência. Ou, até, um Ministério. Mas não se espere igualdade na cota de mulheres e negros.

Dia 8, quinta

Amanhã, bolsonaristas de raiz verão se apagar nas nuvens seu último sinal de esperança. Viverão uma "reversão de expectativas". Não verão "Maria nascer". Não ocorrerá o propalado golpe de militares para impedir que Lula suba a rampa do Planalto. Eles se comunicavam por meio de um código que prometia o nascimento de Maria, dia 8 de dezembro. Bolsonaristas perderam apostas para quem não acredita em histórias mirabolantes e contos de carochinha. Como este analista.

Fecho com as Minas Gerais.

O bispo

Uma historinha de Zé Abelha, o nosso contador de causos de Minas Gerais. No auge da discussão nacional sobre a lei do divórcio, o então bispo auxiliar de Belo Horizonte, D. Serafim Fernandes de Araújo, reitor da Universidade Católica de Minas Gerais, democrata, liberal, torcedor roxo do Galo, o Clube Atlético Mineiro, foi entrevistado:

- O senhor não acha que o bom senso evitaria muitos divórcios?

- Acho sim, meu filho, e muitos casamentos também.

Pois é: o bom senso aconselha que os extremistas recolham suas armas e façam a penitência do silêncio, até quando os horizontes ganharem cores definidas.