Abro a coluna com o romantismo do doente em Jaguaribe, no Ceará.
Quatro chinelas
O médico Francisco Ibiapina, do Jaguaribe/CE, tratava com muito zelo de um cliente recém-casado e acometido de forte gripe. O clínico fazia prescrições sobre o regime alimentar e sugeria cautelas para evitar recaída. A um lado, a jovem esposa presenciava a conversa, silenciosa e atenta aos conselhos do médico. Fixando nela os olhos amorosos e não se conformando com a desarrumação de sua lua de mel, o doente cochichou um pedido com voz rouquenha:
- Seu doutô: fazerá mal quatro chinela debaixo da minha rede?
Leitura rápida
- Bolsonaro perdeu pontos decisivos com o episódio Roberto Jefferson.
- O filho de Jefferson, que perdeu a eleição para deputado pelo Pará, disse que o pai é exímio atirador. E que se quisesse teria matado os policiais da PF que foram prendê-lo.
- A quatro dias das eleições, a indagação se propaga nos ares: quem comandará o país?
- Os indecisos estão descendo do muro. Começam a pensar diferente de tempos atrás. A lei do pragmatismo.
- "Não aguento mais; vamos acabar com isso". São expressões de desabafo que se ouvem aqui e ali.
- As apostas se fecham no balcão dos combatentes dos exércitos eleitorais. Lula está com vantagem de 78.99% das apostas.
- O tiro saiu pela culatra. No caso, os tiros de Roberto Jefferson.
- O Brasil, dividido, passará um bom tempo com as feridas abertas.
- Terceiro turno? Algo que não durará mais que um mês.
- Forças Armadas continuarão desarmadas. Ou seja, não irão às ruas defender ou atacar ninguém.
- Empresário gigante lamenta: "que furada, essa do Jefferson. Agora, tá difícil."
- Aglomeração no TUCA, na noite da segunda, na rua Monte Alegre, em Pinheiros.
- A turma de Bolsonaro nas praças de algumas cidades à espera do Imponderável dos Anjos, trazendo um milagre a tiracolo. Não é impossível.
- Alckmin espalha: o grande perigo para o agronegócio é um novo governo Bolsonaro.
- As pesquisas voltam a atiçar os interesses. A margem de dianteira de Lula vai de 0,4% (Instituto Paraná Pesquisas, de Murilo Hidalgo), até 8% (IPEC, Marcia Cavalari,) e 6%, (IPESPE/Abrapel, Antônio Lavareda). Vamos acompanhar os dados desta chegada ao pódio.
- Bob Jeff, como também é chamado o ex-deputado Roberto Jefferson, disse que soltou granadas de aviso e atirou ao léu, não para matar. Balas de algodão, de um fuzil de brinquedos? Granadas de arroz doce?
- O PTB de Getúlio Vargas nos dá adeus. Os petebistas de outrora não se conformam com tão grande perda.
Fecho a primeira parte com os "pulé roti".
Pulé roti
O negro Belarmino era um cozinheiro cheio de pompa e orgulho. Trabalhava no antigo "Hotel de France", em Fortaleza. Quem o azucrinava com sua cor, ele não deixava por menos: "roupa preta é que é roupa de gala". E arrematava: "pinico também é branco". Chegava um cliente, esnobava no francês: "Que tal um puassom (poisson, peixe) com petipuá (petit pois, ervilha)"? Mas nunca conseguiu entender que poulet rôti é frango assado e não simplesmente frango. Transferido para a Pensão do Bitu, reclamou ao patrão, logo no primeiro dia, ao passar diante do galinheiro: "seu Bitu, me dê a chave da despensa para eu tirar o mio (milho), pois inté essa hora, os pulê roti estão tudo em jejum".
(Historinha narrada pelo bem humorado Leonardo Mota em Sertão Alegre)
- Parte II
Michelle
Qual será o papel da atual primeira dama se Bolsonaro continuar no Palácio da Alvorada? Seja qual for o resultado, Michelle Bolsonaro terá papel mais forte no cenário político. Domina bem o palco.
Janja
Qual será o papel da socióloga Rosângela da Silva caso o assento presidencial passe a ser de Lula da Silva? A de conselheira-mor. Um cochicho que valerá mais que muitas recomendações do núcleo duro, os assessores do entorno.
As mulheres
Terão papel mais denso nos próximos tempos da política. Voz mais forte. Participação mais ativa.
A organicidade social
Os grupos organizados terão mais vez e mais voz na era política que se abre. Deverão ser os novos polos de poder da sociedade.
Quem levou a água?
Pendenga sem fim. Cada qual defendendo seu bornal. Ainda rimando: afinal, quem foi o tal? Quem levou a água do São Francisco para o Nordeste? Bolsonaro diz que foi ele. Quem garante é Rogério Marinho, senador eleito pelo RN. Lula, segundo seus porta-vozes, garante que foi ele. Dilma? Essa, não. Pois bem, este analista procurou saber a resposta. E apurou o que se segue.
O legado de Temer
Quando Michel Temer assumiu o governo, a obra da transposição do eixo leste estava praticamente parada, com problema de licitação. A empresa havia praticamente abandonado a obra. Já o eixo norte estava muito lento. O que se fez? Licitação do eixo leste. As obras ganharam impulso com um ritmo de 24 horas, sábado e domingo. Concluiu-se a obra, entregue pelo então presidente Michel em Monteiro. A água chegava até a Paraíba, região metropolitana de Campina Grande. Evento festivo. Um investimento de quase três bilhões.
Campina Grande
Campina Grande tinha água de péssima qualidade, apenas um dia por semana. Até que a água chegou no Açude Boqueirão, beneficiando mais de um milhão de pessoas. O eixo norte avançou, concluindo-se a última estação. A água saía da estação com destino a Jati, no Ceará. Mas ocorreu um problema na barragem, vazamento. A transposição ficou quase concluída com o eixo leste e o eixo norte quase prontos. Em suma, a obra de transposição estava parada. O eixo leste: 100% de funcionalidade, enquanto o eixo norte apresentava 85% de funcionalidade. Concluídas as três estações do eixo norte.
Ramal do Apodi
O governo Temer deixou em andamento o projeto executivo. Por recomendação do TCU, não foi licitada a obra com o projeto básico. Só faria sentido o ramal com a conclusão do eixo norte. Comentários de autoridades do governo Bolsonaro, de que fizeram a transposição, não são verdadeiros. O que é verdade é a licitação do ramal Apodi que permitirá a chegada da água a Major Sales, na divisa entre RN e Paraíba. A execução de obras por parte do atual governo chega apenas a 5% do que foi feito. O legado do governo Temer pode ser apurado na própria contabilidade dos órgãos governamentais. O projeto beneficiará 12 milhões de pessoas em mais de 400 municípios de quatro Estados: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Fecho com mais uma historinha hilária de Conchas/SP.
Eu e Deus
O "causo" ocorreu em Conchas/SP. Era a audiência de um processo - requerimento do Benefício Assistencial ao Idoso para um senhor alto, velho, magro, negro, humilde e muito simpático, tipo folclórico da cidade. Antes da audiência, o advogado lembrou ao seu cliente para afirmar perante o juiz morar sozinho e não ter renda para manter a subsistência. Nisso residiria o sucesso da causa. Na audiência, veio a pergunta:
- O senhor mora sozinho?
- Não! Respondeu ele (o advogado sentiu que a coisa ia degringolar).
- Hum, não? Então, com quem o senhor mora?
- Eu e Deus, respondeu o matreiro velhinho.
O advogado tomou um baita susto. Mas a causa foi ganha. O juiz considerou procedente a ação.