COLUNAS

  1. Home >
  2. Colunas >
  3. Porandubas Políticas >
  4. Porandubas nº 777

Porandubas nº 777

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Atualizado às 07:45

Abro com Pernambuco hilário.

"Só expectorante"

Reunião de vereadores com o chefe político da região numa pequena cidade de Pernambuco. Cada um tinha de falar sobre os problemas do município, reivindicações, sugestões, etc. Todos falaram alguma coisa, com exceção de um deles, meio acabrunhado no canto da sala. O chefe político cobrou dele a palavra:

- E você, amigo, não tem nada a dizer?

O vereador, tonto com a provocação, não teve saída. Respondeu:

- Não, doutor, estou apenas expectorante.

Abriu a gargalhada dos companheiros espectadores.

("Causo" lembrado pelo saudoso Marco Maciel e relato de Geraldo Alckmin.)

Panorama

Tentar projetar cenários, já disse isso nessas nem sempre comportadas linhas, é um exercício de ponderação, que deve levar em consideração fatores como satisfação/insatisfação social, esperança/desesperança, harmonia/conflitos de rua, bolso cheio/bolso vazio, carências/demandas atendidas, enfim, o produto nacional bruto da felicidade, o PNBF. Não se trata, portanto, de mero achismo, inserção de pontos de vista do analista preso às galeras da torcida analisada. Dito isto, a 20 dias das eleições, arrisco-me ao exercício:

  • I - Cenários

1. Cenário vermelho claro - Vitória inquestionável de Lula. Urnas lhe conferem razoável índice de distância para Bolsonaro. Poucos gritos de protesto, com tendência à aceitação de resultados. Base petista vai às ruas. Clima de pré-campanha se dissipa.

2. Cenário vermelho escuro - Vitória apertada de Lula, com questionamentos gerais, a partir de falas tumultuadas das esferas da política e do estamento militar. Sociedade civil, por meio de suas organizações, ocupam as ruas. Estado de alerta e atenção. Conflitos e baderna.

3. Cenário amarelo - Vitória de Jair Bolsonaro, com índices de maioria em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ruas tomadas pela base bolsonarista. TSE endossa resultados e protestos despontam aqui e ali.

4. Cenário amarelo queimado - Vitória de Bolsonaro por pequena margem, com ruas tomadas pelas bases dos dois principais protagonistas. Conflitos se arrastando por dias. Tendência de calmaria após uma semana.

5. Cenário azul de brigadeiro - Vitória de Lula, com margem entre 5% e 8% de maioria. Aceitação dos resultados gerais. Querelas isoladas não abalam segurança nacional.

6. Cenário verde claro - Segundo turno envolvendo Ciro Gomes e Bolsonaro. Derrota do atual presidente e vitória retumbante dos grupos alinhados ao "nem-nem". Surpresa geral e comemorações festivas.

7. Cenário verde escuro - Segundo turno envolvendo Ciro Gomes e Lula, com vitória do ex-ministro e derrota do ex-presidente. Cenário distante do horizonte.

8. Cenário vermelho e preto - Vitória de Simone Tebet sobre Lula ou Bolsonaro no segundo turno. Cenário pálido no horizonte.

9. Cenário SDS (Só Deus Sabe) - Visita do Senhor Imponderável. Acidente/incidente envolvendo candidatos e mudança repentina do eleitorado.

  • II - Barreiras

O Governo do PT

Ontem, Luiz Inácio foi entrevistado por William Waack, na CNN. O jornalista fez perguntas contundentes, não ficou levantando bola para o petista chutar. Respondeu a todas as perguntas. Driblou algumas respostas, por exemplo, sobre corrupção. Mas saiu-se bem. A melhor performance de Lula na campanha. Agora, é difícil desamarrar a árvore petista. Em certos momentos, Lula insiste: o governo do PT, o governo do PT, o governo do PT.

Igreja

E assim, confirma-se a identidade do petismo. Ele, ele e ele, sempre em primeiro lugar. Com 10 partidos formando uma aliança, Lula esquece que um eventual governo comandado por ele deveria ganhar o pronome "nosso governo de centro" ou de "centro-esquerda". O PT é uma seita.

Evangélicos

Da mesma forma, o bolsonarismo tenta se apropriar do espaço evangélico no país, firmando, assim, uma divisão nas religiões. Evangélicos, de um lado, católicos, de outro, e assim por diante.

População armada

Não há pesquisa que aprove a existência de uma população armada. Pensar que o apelo às armas seja um laço para segurar o eleitor, é um erro. A violência se expande.

Aborto

O tema do aborto tem forte apelo nas classes médias. Urge conhecer as fronteiras do conservadorismo no Brasil.

Rede assistencial

O pacote assistencialista do governo tem forte apelo nas margens sociais. Auxílio Brasil, Vale Alimentação, Vale Gás (preço do gás de cozinha) e dos combustíveis (classe média), orçamento de campanha fazem diferença, sim.

Quatro regiões eleitorais densas

Zona Leste, Zona Norte, Zona Sul e Zona Oeste da capital paulista. Eis aí uma dica para visitas intensas de candidatos. Essas zonas somam muito mais que outras regiões. Só na Zona Leste são mais de 3 milhões de eleitores. Corram prá lá, candidatas(os).

Números

Tenho visto os candidatos desfilarem com seus nomes nos programas eleitorais. Alguns são hilários. Poucos capricham nos números, que são os signos gravados pelo eleitor.

BO+BA+CO+CA

A quem me pergunta, lembro. Trabalhem com a equação na cabeça: Bolso Cheio, Barriga Satisfeita, Coração Agradecido, Cabeça vota a favor. Bo+Ba+Co+Ca. Simples.

Militares

Estarão no centro do debate político nos próximos tempos.

Pastores

Uma enxurrada de pastores se aproxima do Congresso Nacional. Bancada religiosa vai crescer muito.

Agronegócio

Da mesma forma, a bancada do agronegócio. Uma das mais densas do Congresso Nacional. O Brasil como celeiro do mundo. Aqui: 33 milhões de necessitados.

Covid-19

Foi embora? Não vi dados das aglomerações no Rock & Rio. Houve expansão? Ou sob controle?

A violência disparou no Brasil

Fecho a coluna com um "causo" na Paraíba.

Silêncio geral

Flávio Ribeiro, presidente da Assembleia (depois foi governador da Paraíba), estava irritado com as galerias, que aplaudiram e vaiavam durante um debate entre o deputado comunista Santa Cruz e o udenista Praxedes Pitanga. De repente, tocou a campainha, pediu silêncio e avisou, grave:

- Se as galerias continuarem a se manifestar, eu evacuo.

Felizmente, as galerias se calaram.