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Porandubas nº 68

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Atualizado em 12 de setembro de 2006 15:40


A CARTA DE FHC

Fernando Henrique conseguiu o que queria com a carta que escreveu para a militância do PSDB: 1) voltar ao palco como principal crítico de Lula; 2) jogar a isca para o PT/Lula fisgá-la e criar polarização; 3) habilitar-se ao comando do partido mais adiante; 4) preparar terreno para José Serra no pleito de 2010; 5) decifrando os itens: FHC não quer se aposentar da política tão cedo. Prefere Serra a Aécio, que considera imaturo. Lava as mãos para uma eventual derrota de Geraldo Alckmin, como a dizer: bem que eu disse que vocês precisariam acender a fogueira. O fogo veio tarde.

A CAMPANHA TUCANA

Bem que Alckmin tem se esforçado. Corre de um lado e de outro. Começou a bater forte. Mas chegou tarde. Ele sempre acreditou que poderia ganhar a campanha presidencial apenas com um programa de TV. Falta-lhe uma visão estratégica do país. Um plano para abrigar os interesses nacionais. Um discurso de mobilização nacional. Uma expressão de estadista. É ineficaz o discurso: "Vamos fazer um grande programa de obras para gerar empregos". É esse tipo de platitude que se ouve dele. Onde estão os grandes temas, os grandes números, a grande mobilização ?

LULA LÁ DE NOVO

A classe média-média está longe de Lula. Perdeu poder de compra. O refluxo de classe média começou bem antes, desde o Plano Real de FHC. Já deixaram a classe média - foram expulsos - cerca de 5 milhões de pessoas na última década. A classe média votou em Lula contra FHC, enquanto parte do povão elegia FHC. A coisa se inverteu. E Lula, agora, tenta recuperar o voto da classe média. Mas amacia o colchão social, aumentando de 8 para mais de 11 milhões as famílias assistidas com o Bolsa-Família. Este voto está consolidado. Não haverá tempo para a indignação da classe média chegar até às margens sociais. Lula lá de novo é um slogan perto de se tornar realidade.

SE AÉCIO QUISESSE

Minas Gerais, sozinho, com 13 milhões de votos, poderia levar a campanha para o segundo turno. A cartada de FHC deixou Aécio Neves cabreiro. Agora é que não fará mesmo campanha para Alckmin. A hipótese de que o neto de Tancredo venha para o abrigo do PMDB ganha ampla condição de viabilidade. A conferir.

TASSO SEM COMANDO

Tasso Jereissatti, o presidente dos tucanos, demonstra não mandar no partido. Está isolado no interior do Ceará. E a tucanada está dispersa na floresta.

O PFL NA OPOSIÇÃO MAIS FORTE

O PFL já começa a ensaiar passos no sentido do oposicionismo mais feroz. Será o partido mais integrado da oposição. Passando o comando para o deputado Rodrigo Maia, o senador Jorge Bornhausen espera dar um choque de gestão e inovação. A tendência do PFL é a de se afastar do PSDB logo após as eleições.

PMDB UNIDO OU MAIS DIVIDIDO ?

José Sarney e Renan Calheiros, os senadores que querem levar de bandeja o PMDB para Lula, poderão vender, mais uma vez, gato por lebre. A parte oposicionista do partido, mais afinada com os princípios éticos, comandada pelo deputado Michel Temer, vai resistir aos salamaleques lulistas. Temer fará um esforço extraordinário para unir o partido. Se o PMDB decidir apoiar o governo, que o faça de maneira completa, participando também da definição de políticas e programas e não apenas por meio de ocupação fisiológica de cargos. É assim que pensa o atual presidente do partido. Essa era a concepção que pregava em dezembro de 2002, quando estabeleceu o acordo para o PMDB ingressar no governo. Mas Lula vetou a idéia, preferindo negociar com os partidos médios e pequenos. Um a um, na boca do Caixa. Deu no que deu.

PROGRAMAS POUCO AFETAM

A programação eleitoral no rádio e na TV já não gera impactos como antigamente. As razões: 1) a banalização da criminalidade na área política e a expansão da descrença geral; 2) a semelhança dos programas - obreirismo, auto-louvação, críticas, roteiros que propiciam o fenômeno "canibalização recíproca"; 3) a agonia lenta da esperança - chama que se apaga nos corações nacionais. Em relação à campanha de 2002, constata-se uma queda de 12% nos índices de audiência na programação eleitoral.

REVISÃO DE PREVISÕES

Previa-se que o PT iria conseguir eleger uma bancada com 50 a 55 deputados. Revisão na projeção: poderá fazer 75 parlamentares ou até mais. E quem puxa o carro eleitoral da campanha proporcional é a locomotiva de Lula. O PT terá uma forte bancada nordestina. Perderá espaço em São Paulo. O partido que já foi dos trabalhadores e dos intelectuais, ganha cores de partidão tradicional de grotões fisiológicos. Mas quem irá se incomodar com isso ? O que vale é voto. E no Congresso Nacional, não se distingue voto melhor ou pior.

A FOGUEIRA DE UBIRATAN, O AGUIAR

Como esta Coluna já avisara, há uma fogueira pronta para ser acesa na floresta de documentos sob domínio do ministro cearense Ubiratan Aguiar, do Tribunal de Contas da União. E o fogo poderá ser aceso com a palha dos cinco milhões de cartilhas encomendadas pela SECOM, das quais dois milhões teriam sido entregues diretamente ao PT. Que vai sair fogo, ah, isso sim. A dúvida é sobre a intensidade da fogueira e a quantidade de água que o governo despejará para acalmar as chamas.

UBIRATAN, RETA FINAL

Uma cortina de mistério cerca o assassinato do Cel. Ubiratan Guimarães, deputado do PTB paulista. Conhecido por ter comandado o massacre do Carandiru, quando morreram 111 presos, o deputado portava o número 14.111 como candidato, supostamente uma alusão ao passado. Um número cabalístico ? Um perfil de alto risco ? Uma vida atormentada ? Um crime passional ? As dúvidas se cruzam na reta final do destino.

IBOPE

O IBOPE virou sinônimo de credibilidade nos Estados. Não propriamente em função da metodologia das pesquisas que faz, mas por força da divulgação dos resultados apurados na TV Globo. A rodada de pesquisas a ser veiculada, a partir do dia 15 de setembro, será importante fator de agregação e mobilização de muitas campanhas. Diz-se, até, que o futuro de alguns candidatos está atrelado às pesquisas do Ibope. Tem muito exagero nessa história. Mas não se pode negar que IBOPE e Rede Globo, juntos, são verdadeiros tsunamis para algumas campanhas claudicantes.

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