CRISE SUMIU
A campanha eleitoral escondeu a maior crise política da atualidade brasileira. Muitos pontos para Lula. O spot publicitário que lembra mensaleiros e dólares na cueca é uma breve lembrança da crise. Os tucanos se valem de pesquisas qualitativas para evitar ataques. Os eleitores não gostam de campanhas negativas, mas positivas, de propostas. Há um porém nessa história. Quem bate costuma perder, mas quem não bate também perde. A questão é o tom do ataque e a maneira como fazê-lo. Diante de fatos e escândalos comprovados, o ataque ganha consistência. A campanha de Alckmin pela TV é morna. Se o tom não esquentar, será difícil segurar a onda lulista e uma vitória no primeiro turno.
HH, A CHAVE
A senadora Heloísa Helena é a grande revelação desta campanha. Incorpora o perfil de uma leoa. Ferida, a fera abocanha quem está perto. Passa a idéia de protetora dos humildes, de guerreira. Ganha votos dos andares de baixo e dos apartamentos de cima. Simboliza o voto da indignação. Para compensar o lado leoa, flores, muitas flores nas recepções. A banda feminina emerge com força. Heloísa Helena, a senadora de Alagoas, poderá ser a chave para abrir a porta do segundo turno. Basta acrescentar uns quatro a cinco pontinhos no índice de intenção de voto.
MONÓLOGOS
A política é o espaço do conflito. O que estamos assistindo na mídia eleitoral não é conflito e sim monólogos. Os candidatos apresentam, unilateralmente, suas propostas. Quem quiser acreditar, acredite. Dados são maquiados. Informações, deturpadas. Não há contestação. A nossa lei eleitoral é um embuste. Engessa as campanhas. Não há avanço em relação à campanha de 2002. Quanto mais muda, mais permanece a mesma coisa, diz o ditado francês. Quem vibra com a mesmice é o candidato Lula.
SANGUESSUGAS
Os sanguessugas têm esperança da absolvição. Por isso, não houve uma renúncia em massa como se anunciava. Depois de muita conversa e tomada de pulso, decidiram permanecer no cargo, na crença de que o ambiente político do início de 2007 afastará as nuvens pesadas sobre sua cabeça. A nova legislatura começará sob o signo da dignidade ou sob o véu da esculhambação?
PESQUISAS IBOPE
As pesquisas do Ibope são aguardadas com muita expectativa nos Estados. Os Institutos locais costumam dourar a pílula. Por conseguinte, o Ibope tira as dúvidas. Há diferenças de até 6 pontos entre pesquisas feitas por institutos locais e congêneres nacionais. A ferramenta pesquisa é usada pelo marketing para alavancar campanhas. Anima as bases dos candidatos e estimula grupos indecisos.
A LUTA PAULISTA
José Serra (PSDB) vem baixando de pontuação. Mas a posição de Aloizio Mercadante (PT) não incomoda tanto quanto a possibilidade de Orestes Quércia (PMDB) ultrapassar a faixa dos 15 pontos percentuais e jogar a decisão para o segundo turno. Serra foi o único dos candidatos a governador que participou do Baile dos Advogados, sábado passado, evento de muito sucesso. Ao deixarem de aparecer nesta festa, os outros candidatos perderam a oportunidade de bater centenas de fotografias. Advogadas e advogados ali presentes usaram suas maquininhas para um registro histórico. Serra pensou em ficar apenas 5 minutos na festa. Demorou duas horas e meia no evento que, segundo confessou ao prefeito Gilberto Kassab, foi, até o momento, o mais importante a que compareceu.
QUÉRCIA E O SEGUNDO TURNO
Em palestra em um importante sindicato do setor de serviços terceirizados - SEAC-SP - Quércia mostrou-se animado com as pesquisas qualitativas que o inserem na posição de "mais experiente". É difícil ultrapassar Mercadante, mas ele acredita que disputará com Serra o segundo turno. A conferir. Como o petista não está subindo, tudo é possível...
CAMPANHA NORDESTINA
A campanha eleitoral no Nordeste, até o momento, não deu nenhum ponto percentual a mais a Geraldo Alckmin. Na Bahia, com quase 10 milhões de votos, a crítica contra o tucano parte do correligionário Antônio Carlos Magalhães, que pede mais contundência no programa de TV. No Ceará, o tucano Lúcio Alcântara, candidato à reeleição, aplaude e é aplaudido por Lula. O comandante do tucanato, o senador Tasso Jereissatti, não consegue enquadrar nem o tucano de seu Estado quanto mais os outros. Alckmin continua muito isolado no Nordeste.
CAMPANHA SULISTA
Já no Sul, melhora a situação de Geraldo. Ganha três pontinhos, enquanto Lula perde cinco pontos no Rio Grande do Sul. Yeda Crusius, a tucana candidata ao governo, chega aos 15 pontos percentuais. E o petista Olívio Dutra cai para 21 pontos dos 26 que detinha. No segundo turno, Alckmin bate Lula por 45% contra 39%. Em Santa Catarina, Geraldo ganha bem. E no Paraná, é possível que chegue à frente de Lula.
CAMPANHA NORTISTA
Na região Norte, com exceção de Roraima, onde o governador tucano Ottomar Pinto dará vitória a Geraldo Alckmin, Lula terá boa vantagem. No Estado do Amazonas, o candidato Amazonino Mendes perderá a dianteira para o atual governador, Eduardo Braga, candidato à reeleição. Braga é lulista.
TRIBUNAIS COM MAIS RIGOR
Constatação: os Tribunais Regionais Eleitorais estão agindo com mais rigor. Começam a impugnar candidaturas. O ex-poderoso deputado João Paulo, que presidiu a Câmara dos Deputados, é um deles. Não está quite com a Justiça Eleitoral. Há contas não aprovadas de campanhas passadas.
O TOM VAI SUBIR
Se até o dia 10 de setembro, Geraldo Alckmin não subir nas pesquisas, o tom do discurso subirá alguns degraus. O tucano, porém, relutará. Diz-se um homem equilibrado que só sabe fazer campanha positiva. Mas, e a crise? Essa é a questão que desagrega quadros pefelistas e tucanos.
CÉSAR MAIA
César Maia pode ser até boquirroto, mas entende de marketing. Acompanha tendências do marketing contemporâneo. Por que não é ouvido? Porque tucanos e pefelistas são como água e azeite, não se misturam. Esse é o busílis da campanha de Alckmin. Para desfazer o nó, só muita alquimia ... Ahrrr.
FRASES...
Em 1998, Lula atacava Fernando Henrique por este se recusar a comparecer a debate. Eis o ataque: "Presidente que foge de debate mostra que prefere ficar escondido atrás de publicidade paga com dinheiro do povo, em vez de ir para o ringue lutar em igualdade de condições". Minha velha mãe, do alto de seus 90 anos, continua a dizer: "Meu filho, nunca diga - desta água não beberei".
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