Porandubas nº 54
quarta-feira, 24 de maio de 2006
Atualizado em 23 de maio de 2006 19:51
SIMON PELO PMDB?
Trata-se de mais um sonho deste inverno. Pedro Simon, um timoneiro, respeitado e sem papas na língua, quer se candidatar pelo PMDB à presidência da República, na desistência do inusitado Itamar Franco. Os diretórios estaduais do PMDB, por maioria, queimarão sua candidatura. Querem continuar livres para fazer alianças a torto e a direito. Além disso, Lula continua intocável em sua posição de favorito. Quanto mais Lula segura a intenção de voto, mais consolida apoios. E o PMDB governista, liderado por Renan Calheiros e José Sarney, pelo que se vê, irá livre e solto para as urnas de 1o de outubro.
GAROTINHO DE VICE
O ex-governador Anthony Garotinho, depois da desastrada greve de fome, aceita ser vice numa chapa liderada por Pedro Simon. Maneira de enxugar a imagem.
VEJA CONTINUA NO ATAQUE
Como bem previu esta Coluna, a revista Veja continua no ataque a Lula, a partir da divulgação da bombástica entrevista dada por Daniel Dantas, do Opportunity. A última edição apresenta "suíte" (seqüência, continuidade) da reportagem anterior. Com o furo do encontro entre o ministro Márcio Thomaz Bastos e o banqueiro. Ao dar seqüência às denúncias, Veja quer dizer que sabe mais coisas.
LEMBO SAI DO LIMBO
Foi preciso dar umas fisgadas nos tucanos para sair do limbo, espaço amorfo entre o céu e o inferno. Assim, o governador Cláudio Lembo abriu espaços para dizer : penso, logo existo. A melhor de Lembo foi a lembrança de que Nova Iorque, onde quase todos os meses se refugiam Fernando Henrique e Aécio Neves, tornou-se a capital de São Paulo. Não por acaso, também estava por lá nesses dias o tucano de bico maior, o presidente do PSDB, Tasso Jereissatti.
TASSO DE PASSO ERRADO
No Ceará, o governador Lúcio Alcântara, tucano, não tem o apoio do presidente do tucanato, Tasso Jereissati, à reeleição. Tasso, caladão, apóia por baixo do pano o irmão do seu apadrinhado e amigo Ciro Gomes, candidato pelo PSB. Como Tasso vai explicar o passo errado?
PERGUNTA QUE FICA NO AR
Se o Brasil ganhar a Copa quem levantará o caneco? Lula ou Alckmin? Alguém tem dúvida? A recíproca é verdadeira.
LULA COM O APOIO DE........DEUS
Lula foi eleito pela inspiração divina. Pois bem, é o que se ouviu na reza de Lula durante o encontro com evangélicos. Alguém disse que o presidente está na presidência do Brasil não apenas por força humana. A mão de Deus agiu forte contra o adversário José Serra. Fé à parte, o nome de Deus em vão começa a aparecer nos bastidores da política. Quem disse que Deus deu apoio a Lula? Claro, o próprio.
PFL E PSDB TRINCADOS
Se os tucanos não são leais, como garantiu o governador do PFL, Cláudio Lembo, a aliança entre tucanos e pefelistas merece confiança?
PESQUISA FOLHA-TV GLOBO
A primeira pesquisa feita pelo Datafolha em parceria com a TV Globo deve confirmar a boa posição de Lula. Que continua nadando de braçada, sob o olhar atônito e o molejo ineficaz das oposições. Como as oposições são incompetentes...
ALIANÇAS FEITAS
O PT fechará alianças, em nível nacional, com o PC do B e o PSB. O PSDB fechou aliança com o PFL. PTB, PL, PP e PV querem ficar livres, sem alianças, para atingir a cláusula de desempenho de 5% dos votos para a Câmara Federal. O PMDB deverá ficar igualmente solto. PDT e PPS deverão, tudo indica, apresentarem candidaturas próprias à presidência. O tabuleiro está pronto para o jogo. Agora, resta apostar nos jogadores.
SERRA AGUENTARÁ AS BALAS DO PCC ?
José Serra será atingido (de leve ou de morte?) pelas balas do PCC. O calcanhar-de-aquiles do governo paulista - que atrapalhará os passos do ex-prefeito José Serra - será a questão da segurança. Os balaços poderão não ser mortais. Mas atingirão a candidatura. Mercadante, o senador mais preparado do PT, não será um peso leve. A conferir.
JOSÉ JORGE NÃO FAZ CONTRAPONTO
José Jorge, senador pernambucano do PFL, escolhido para compor a chapa de Geraldo Alckmin, prima pela discrição. Calado e na moita, é um clone de Marco Maciel, elogiadíssimo pela postura de "sombra" que manteve no governo FHC. Ocorre que Fernando Henrique era falastrão. Maciel fazia o contraponto. E Geraldo Alckmin fala para dentro. Assim como José Jorge. Quem disser que o primeiro parece picolé de chuchu e o segundo, um picolé de chuchu com jiló, não estará muito errado. Com todo respeito pelo senador e pela metáfora livre, sob custódia jornalística.
AGRIPINO CONFORMADO ?
José Agripino era, seguramente, o melhor perfil para compor a chapa de Geraldo. Firme, fluente e preparado, o líder do PFL no Senado faria o contraponto adequado para alavancar a chapa tucano-pefelista. Perdeu a chance, mas não a compostura. Conformado ("pero no mucho"), deverá fazer aliança no RN com o candidato do PMDB ao governo, Garibaldi Alves. Deverá indicar os nomes ao senado e a vice na chapa do peemedebista. Mais uma vez, o tucanato deu bicou fora do prato.
FHC NA SOMBRA
Fernando Henrique é um grande articulador. Começa, na sombra, a destravar a campanha de Geraldo Alckmin. Reúne companheiros, discute uma agenda, abre espaços no empresariado. O homem é muito respeitado. Mas não deve participar ativamente da campanha. Seu índice de rejeição nas pesquisas é muito alto.
O PMDB, A NOIVA PREDILETA
A cada dia, consolida-se a hipótese. Seja qual for o governante, não governará sem o apoio do PMDB. Como noiva cobiçada, todos o desejam. Alguns, na tentativa de selar uma aliança, logo, logo. Outros, no aguardo da Convenção partidária, marcada para 11 de junho. Que poderá ser adiada para o final de junho. O PMDB só quer casamento no segundo tempo. Melhor dizendo, no segundo turno.
PRAZO FATAL
Para anotar: dia 30 de agosto, quinze dias após a campanha eleitoral na TV rádio, Geraldo Alckmin precisa se posicionar entre 25% e 30% no índice de intenção de votos. Se permanecer na margem dos 18% a 20%, babau.... Ainda há condição - e haja condição - para se chegar ao ponto de ultrapassagem. Mas as oposições continuam navegando na incompetência.
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