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Porandubas nº 503

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Atualizado às 08:14

Abro a coluna com um candidato mais que entusiasmado.

Sufocando o passarinho

Inflamado, o candidato eleva a fala no palanque. Argumentava que o povo livre sabe escolher seus governantes. Para entusiasmar a multidão, levou um passarinho numa gaiola, que deveria ser solto no clímax do discurso. No momento certo, tirou o pássaro e com ele, na mão direita, tascou :

- "A liberdade do homem é o sonho, o desejo de construir seu espaço, sua vida, com orgulho, sem subserviência. Deus (citar Deus é um costume) nos deu a liberdade para fazermos dela o instrumento de nossa dignidade ; quero que todos, hoje, aqui e agora, comprometam-se com o ideal da liberdade. Para simbolizar esse compromisso, vamos aplaudir a soltura desse passarinho, que vai ganhar os céus".

Ao abrir a mão, viu que esmagara o passarinho. A frustração por ter matado o bichinho foi um anticlímax. Vaias substituíram os aplausos. Foi um desastre. Assim é o fim de candidatos que não controlam a emoção.

Debates à moda antiga

Os debates de candidatos na TV voltam à ordem do dia. E ganham o desprezo dos eleitores. A TV Bandeirantes tem sido a líder nessa modelagem. Merece elogios por sua iniciativa. O problema é que a crise política, que corrói perfis, faz a sociedade dar as costas à política. Assim, o modelo de debates parece coisa velha, desgastada. Os candidatos fazem que respondem às perguntas. Cada candidato se esforça para ter uma boa performance. Os telespectadores mudam de canal.

Inserções publicitárias

Os spots publicitários, a serem veiculados durante o dia, serão o diferencial nesta campanha. Ganharão mais tempo do que em campanhas anteriores. Já os programa dos blocos partidários foram resumidos a 10 minutos por dia. Assim, encherão menos a paciência dos telespectadores. Leitura óbvia : os candidatos mais visíveis, aqueles com maior tempo de exposição nos programas de blocos ou nos spots, acabarão sendo mais lembrados pelos telespectadores. E tendem a ganhar pontuação nas intenções de voto.

Saturação de perfis

Alguns perfis de candidatos estão saturados. São os eternos figurantes, candidatos em quatro ou cinco campanhas. As mudanças são observadas nos detalhes de "lavagem" ou "renovação" de fisionomias, caso de intervenções com botox, etc. Os perfis do sexo masculino, também conhecidos, expõem o mesmo palavreado, os mesmos tiques e as mesmas entonações. Será difícil aturá-los.

Impeachment

O pós-impeachment está sendo aguardado com muita expectativa. O país já não aguenta o estado de dúvidas e interrogações. Quer entrar na normalidade. Por isso, o impeachment é considerado por muitos, inclusive por alas do PT, como um alívio. Partidos e atores querem decidir sobre o futuro. Outubro será um marco divisor, com a eleição municipal abrindo um ciclo de renovação política. Calcula-se que mais de 2/3 dos prefeitos serão renovados.

Figurantes de sucesso

Quais os figurantes com possibilidade de êxito na política ? Que perfis ganharão a preferência do eleitor ? A resposta comporta a análise dos perfis à luz das circunstâncias e do meio ambiente das cidades, da história de cada um, a tradição, o tipo de apoio que recebe, etc. Mesmo assim, é possível dizer : os candidatos mais jovens serão mais aceitos que as velhas caras ; a assepsia na política será um trunfo ; os candidatos de oposição podem ser mais votados ; os apoios de grupos e movimentos associativos serão uma alavanca de sucesso.

Conselhos de marketing

1. A lei da verdade suplanta a lei da mistificação.

2. O eleitor sabe se o candidato foi aumentado artificialmente um palmo ou dois acima de sua altura.

3. Falar com o coração é mais eficaz do que falar pela cabeça.

4. Agir com grandeza, sem golpes baixos, até o fim.

5. Prometer apenas o que poderá ser cumprido. Demonstre a viabilidade.

6. Tenha fé e não desista até o último segundo.

Trackings

Os trackings - mapeamentos diários para captar a intenção de voto de eleitores - são muito usados. De um lado, para orientar as campanhas ; de outro, para dar vazão às notas em colunas jornalísticas. Servem como boa indicação.

Transparência

Esta campanha será mais aberta e transparente. Os controles por parte dos Tribunais Eleitorais e do Ministério Público estarão atentos aos eventos programados. Já começamos a ver as cidades mais limpas sem o lixo da propaganda nas ruas. Os postes e os prédios estão livres de cartazes.

Presidencialismo mitigado

Com a eventual consolidação de Michel Temer na presidência da República, o país verá forte transformação na modelagem do regime. Experimentado parlamentar, ex-presidente da Câmara dos deputados por três mandatos, Temer é francamente favorável a um sistema de presidencialismo mitigado. Que compartilha o governo com o Parlamento. O nosso presidencialismo tem a marca imperial, de certo viés absolutista. Os partidos da coalizão, como se sabe, ganham espaços na máquina, mas não detêm poder de definição de políticas públicas. Tem sido assim. Michel Temer quer mudar essa fisionomia, concedendo a partidos e atores decisão para definir programas de governo em suas pastas.

Quebrando os ovos

Não se faz omelete sem quebrar os ovos, diz o ditado. Medidas duras deverão ser tomadas para resgatar a força da economia, recuperar a trilha do crescimento, domar a inflação e diminuir os juros. Mas essas definições só deverão ser tomadas mais adiante. Por enquanto, o governo governa com um olho nas ruas e outro no Parlamento. Há tempo para ceder, para conceder, para impor e sobrepor. Cada governo tem seu ciclo de vida.

Uma coisa é certa

Não se faz reforma de previdência, por exemplo, atendendo aos pleitos dos conjuntos de trabalhadores. As visões são repartidas. As reivindicações são plurais. Não há consenso na matéria previdenciária. Que se arrume, portanto, o mínimo de consenso. Urge fazer esta reforma sob pena de o país entrar num buraco profundo e dele não sair.

Padilha

Eliseu Padilha, ministro chefe da Casa Civil, desponta como um grande maestro na orquestra ministerial. Pilota projetos importantes, harmoniza a linguagem dos ministérios, ativa setores e faz o governo avançar. Com seu estilo conciliador, Padilha torna-se referência de eficácia na equipe do governo Michel Temer.

Pérolas do Barão de Itararé

- A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.

- Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.

- Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.

- Mulher moderna calça as botas e bota as calças.

- A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.

- Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.

Três estilos de fazer política

O sociólogo espanhol Carlos Matus, em seu ensaio Estratégias Políticas, define três estilos de fazer política. O primeiro é o estilo Chimpanzé, baseado no projeto do poder pessoal, da rivalidade permanente, da hierarquização da força. O segundo é o modelo Maquiavel, onde o personalismo do Príncipe, eixo do sistema, se subordina a um projeto de Estado. O terceiro é o estilo Gandhi, inspirado no convívio harmônico, na solidariedade.

O fim sou eu mesmo

Por nossas plagas, vivenciamos uma luta renhida entre dois estilos. De um lado, o setor político, inspirado no lema "o poder pelo poder", se empenhava com capricho para ganhar espaços, usando a arma do voto para atingir o objetivo de preservar e ampliar territórios e influência. O PT até conseguiu ultrapassar o PMDB na representação parlamentar na Câmara. Perdeu essa condição só em tempos recentes. Os representantes, tanto os de ontem como os de hoje, adotam a tática de disparar processos de tensão, ameaçar o governo com retiradas de apoio, buscar coalizões de um lado e de outro. Um exemplo recente é o Centrão. Elegeu Rodrigo Maia. Quer estar no eixo de poder. A natureza política, pelo vocabulário de Matus, amolda-se ao instinto do chimpanzé, para quem o ideal de vida é a conservação da própria espécie ("o fim sou eu mesmo"). E a vontade popular, o ideal coletivo ? Fica em segundo plano.

O Brasil é o projeto

Noutra posição do arco político, há um núcleo que age à moda Maquiavel. Seu discurso tem uma especificidade : o grupo não encarna o projeto - o projeto é o Brasil - mas a conquista da meta parece impossível sem o grupo. Por isso, os meios devem se adequar ao fim. Que, nesse momento, é a redenção nacional. Valerá tudo para recuperar a economia, voltar a crescer o PIB, baixar a inflação e os juros. Portanto, tudo deve ser sacrificado pelo projeto, até o uso de verbas para que os parlamentares possam cumprir promessas com suas regiões. Afinal de contas, se nada fizerem receberão o bilhete de volta às suas casas, sem mandato. Essa é a lógica da política. Para atender à competição feroz da classe, a conduta maquiavélica faz concessões ao estilo chimpanzé. Interessante é que este acaba ganhando o jogo. Não há como escapar à sensação de que o país fica, portanto, à mercê dos estilos Chimpanzé e Maquiavel de fazer política.

A cultura Gandhi

Sozinhos, os pobres não terão munição para fazer guerra. No meio dos humildes e marginalizados, o pão é pouco. Mas é nesse espaço que se vê germinar a semente da amizade, da cooperação. Essas margens querem ver alguém com roupa asséptica. Daí a necessidade que tem como foco a busca de consenso, da austeridade, da solidariedade, do zelo, do ideal do bem comum. A forma Gandhi de governar dispensa a força física, evita a competitividade dos Chipanzés e não aceita a emboscada maquiavélica. Seu poder repousa na espiritualidade. Trata-se do grau superior de fazer política. O problema é : existe entre nós alguém que possa simbolizar tal figurino ? Há perfis assemelhados à Gandhi ou à Madre Tereza de Calcutá em nosso meio ?

O maior evento do Sescon

"Interagir para evoluir" é o tema central do 25º EESCON - Encontro das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo, considerado o maior evento do segmento empreendedor contábil de São Paulo e o segundo maior do Brasil. Realizado a cada dois anos pelo Sescon-SP, sindicato da categoria, a abertura será nesta quarta-feira, 24, no Campos do Jordão Convention Center, em Campos do Jordão/SP. Até 26 de agosto são esperados mais de mil visitantes, entre empresários, gestores e profissionais da área contábil. Paralelamente, haverá uma feira de negócios.

Pérolas do ENEM

- A fé é uma graça através da qual podemos ver o que não vemos.

- Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia.

- O objetivo da Sociedade Anônima é ter muitas fábricas desconhecidas.

- A Previdência Social assegura o direito à enfermidade coletiva.

- O Ateísmo é uma religião anônima.

- A respiração anaeróbica é a respiração sem ar que não deve passar de três minutos.

- O calor é a quantidade de calorias armazenadas numa unidade de tempo.

- Antes de ser criada a Justiça, todo mundo era injusto.

- Caráter sexual secundário são as modificações morfológicas sofridas por um indivíduo após manter relações sexuais.