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Porandubas nº 39

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Atualizado às 08:07

 

BRASIL PERDENDO O BONDE

O Fórum Econômico de Davos deu o alerta : o Brasil está ficando para trás. Os quatro integrantes dos BRICS - Brasil, Rússia, Índia e China - que, em 40 anos, teriam um PIB maior que o G-6 (EUA, Japão, Alemanha, França, Inglaterra e Itália), de acordo com um estudo da Goldman Sachs (2003), estão perdendo um dos países, exatamente o Brasil. E a razão é dura : o nosso país está patinando. Nos últimos 20 anos, teve crescimento medíocre. E para os próximos, as projeções não são otimistas. Por isso, os cenários econômicos desenhados em Davos excluíram o Brasil do painel das grandes potências do amanhã. Sob o tiroteio interno, onde vaidades desfilam em palanques de mandatários e ex-mandatários que comparam ninharias com quinquilharias.

JOBIM, CORPO E ALMA NA POLÍTICA

Esse presidente do Supremo Tribunal Federal vai sair mesmo do cargo com a imagem borrada : a de político que "esteve" ministro da mais alta Corte do país. Não assumiu o espírito dos tribunais. Nelson Jobim até poderá ser considerado, um dia, grande juiz. Mas a pecha de julgador com alma politiqueira banhará a sua imagem per secula seculorum. Agora, concede liminar para Paulo Okamotto, amigo de Lula e presidente do Conselho do Sebrae, impedindo que a CPI dos Bingos quebre seu sigilo bancário. Argumento : o pedido teria sido embasado por matérias jornalísticas. Com ou sem razão, Jobim parece decidir sempre na contramão da opinião pública. Tudo bem. O papel de um juiz contempla decisões justas, de acordo com a boa interpretação das leis. Ocorre que Jobim vive insinuando voltar ao assento partidário. O que não se coaduna com o espírito da justiça.

FHC QUER CHAMAR LULA PARA O RINGUE

A pré-campanha começa a esquentar. Fernando Henrique avisa que os tucanos não vão permanecer a reboque de Lula. Vão chamá-lo para o ringue. Lula foi aconselhado a cutucar os tucanos com vara curta, ou seja, fazendo a comparação entre os governos FHC e o seu. Mostrará o desempenho da economia, a renda dos pobres aumentando, as distâncias entre classes diminuindo, o maior salário mínimo dos tempos contemporâneos etc. Mas o tucanato vai puxar a onda da corrupção. Aposta na questão ética contra a questão econômica. A conferir.

A FESTA DO ÓLEO

A Petrobrás, sob o mando de Lula, está preparando a festa do óleo : o anúncio de que o Brasil é auto-suficiente em matéria de petróleo. Vai ser uma algazarra. Anúncios em mídia massiva, eventos, declarações ufanistas, tudo para realçar a imagem do Lula fazedor. Trabalha-se com o valor da auto-estima. Lula quer, mais uma vez, pegar os brasileiros pelo coração. A festa pode dar muitos resultados. É bom assinalar : as chances de Lula, hoje, são remotas, mas o homem não está morto. Vivinho da silva, poderá renascer, como Fênix, e alçar vôo. Tudo vai depender da (in) competência das oposições.

TV RECORD NA SOMBRA DA GLOBO

O novo Jornal da Record nasce velho. Trata-se de um repeteco do jornal da TV Globo. Nesse sentido, não apresenta novidades. Cores semelhantes, cenários parecidos, mostrando a redação ao fundo, dois apresentadores, um homem e uma mulher. Os correspondentes internacionais ganharam um bom espaço e isso pode ser considerado algo positivo. A apresentadora é graciosa, mas tem voz de repórter. Celso Freitas tem voz e timbre de apresentador e passa segurança. Quem ganha é o telespectador, com audiência aumentada para a TV controlada pela Igreja Macedônica (do bispo-empresário Edir Macedo). Agora, novidade é coisa que ali não se vê.

ALCKMIN VERSUS SERRA

Na última semana, inverteu-se a rota dos dois pré-candidatos tucanos. Geraldo Alckmin desceu um pouco mais a serra e José Serra subiu um pouco mais a montanha. Causas : o prefeito ficou agressivo; FHC abriu o bico e disse que Serra poderá ser candidato se o povo quiser; o juiz (o próprio FHC) e os dois bandeirinhas (Aécio Neves e Tasso Jereissatti) reuniram-se e decidiram levar o empate para os pênaltis. Quem vai chutar ? O povão. Ou seja, quem estiver melhor cotado nas pesquisas, um pouco mais adiante, ganhará a faixa de candidato tucano. Em tempo : mais uma razão para a escalada de Serra no ranking. Teria acertado com o juiz e os bandeirinhas que, eleito, não vai disputar a reeleição. É partidário da tese do mandato único, sem reeleição. Aécio vibrou. E, discretamente, aposta em Serra.

ÉTICA VERSUS ECONOMIA

E VOCÊ, HEIN, O QUE ACHA ? O TOM MAIOR DA CAMPANHA SERÁ DADO PELA TUBA DA ÉTICA OU PELO CLARINETE DA ECONOMIA ?

CAMPANHA MAIS ACIRRADA

A campanha será muito quente, seguramente uma das mais contundentes e acirradas de nossa história. Estará sob a lupa do Ministério Público, Polícia Federal, Tribunal Superior Eleitoral, Tribunais Regionais Eleitorais e até da Receita Federal. Acusações vão se chocar no ar. Perfis em processo de canibalização recíproca. Ninguém se engane : não vai ter bala de festim, mas não vai faltar munição de canhão.

CASSAÇÕES

A lupa nos próximos dias estará voltada para o plenário da Câmara. Que vai ter pizza, ah, isso vai. E que vai ter caldeirão fervendo, ah, isso também.

VIDIGAL PENSANDO NO MARANHÃO

Quem também pensa em retornar à política é o presidente do STJ, Edson Vidigal. Jornalista, já foi deputado federal. (E, curiosidade menor, aluno deste escriba, quando a USP promoveu um Curso Especial de Comunicação em convênio com a Fundação Universidade do Maranhão, lá pelos idos de anteontem. É claro que o ministro é um pouco mais velho. 30 dias em São Luis, sentindo de perto a influência francesa, admirando mosaicos portugueses e, grande surpresa, participando de um sarau literário, com direito a ouvir poesias recitadas por intelectuais e a um dueto de opera). Vidigal é inteligente, esperto e, claro, também tem alma política. Gostaria ele de governar o Estado onde a família Sarney pontifica.

E DUDA, HEIN ?

O QUE DIRÁ DUDA SE FOR CONVOCADO PARA DEPOR NOVAMENTE NA CPI DOS CORREIOS ? Uma coisa é certa : seu advogado, Tales Castelo Branco, é dos melhores do país. Entre outras qualidades, Tales é um mestre na arte da moderação.

E A COPA DO MUNDO ?

Anotem ai : se o Brasil ganhar a Copa, o candidato fulano vai levar a fama de pé quente. A recíproca é verdadeira. O candidato fulano é Lula. Lembram-se daquelas cenas ? Jogadores vitoriosos, sobre caminhões de bombeiros, desfilando nas ruas de São Paulo, Rio e Brasília ? Em Brasília, o candidato fulano estará abrindo a expressão roquenha para dizer o óbvio : que o Brasil merecia isso. Que o país do futebol e da alegria é o país do futuro. Eta, Brasil grande !

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