Porandubas nº 379
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Atualizado em 12 de novembro de 2013 09:41
Nesses tempos de tanta acochambração, abro a coluna com uma historinha de Salim, de um leitor fiel de Porandubas :
Salim pensou bem e decidiu ir ao banco.
- Eu quer faze uma embréstimo !
Surpreso, o gerente pergunta para Salim :
- Você, Salim, querendo um empréstimo ? De quanto ?
- Uma real.
- Um real ? Ah, isso eu mesmo te dou.
- Não, não ! Eu querer embrestado da banco mesmo ! Uma real !
- Bem, são 12% de juros, para 30 dias...
- Zem broblema ! Vai dar uma real e doze zentavos. Onde eu assina ?
- Um momento, Salim. O banco precisa de uma garantia. Sabe como é, são as normas.
- Bode begar meu Mercedes zerinha, que tá aí fora e deixa ele guardado no garagem da banco, até eu bagar a embréstimo. Tão bom azim ?
- Feito!
Chegando em casa, Salim diz para Jamile :
- Bronto, nóis já bode viajar bra Turquia zem breogubazon. Conzegui dexar a Mercedes num garagem do Banco do Brasil bor 30 dias, e eu só vai bagar doze zentavos de estacionamento.
A renúncia de Genoino
A renúncia do deputado José Genoino (PT/SP) o livra do processo de cassação. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), garante que ele ainda pode se aposentar, por ter entrado com o pedido antes de ter anunciado a renúncia. Se a aposentadoria fosse concedida antes da abertura do processo de cassação, Genoino também não responderia pelo processo de cassação de mandato. Como se recorda, o STF - que o condenou no processo do mensalão - determinou a perda automática do mandato parlamentar, mas o presidente da Câmara dos Deputados disse que iria instaurar processo normal de cassação, que inclui votação em plenário. Caso Genoino não tivesse renunciado, o processo seria submetido ao plenário da Câmara já em votação aberta.
Eletricidade no ar
A eletricidade está no ar. Em todos os espaços. Ainda bem longe da feroz campanha de 2014, os ânimos já se acirram. De um lado, as oposições tentando tirar uma casquinha nas feridas do mensalão que chega ao fim, com a prisão de políticos petistas e outros ; e de outro, o governismo comemorando o avanço lento e gradual da presidente Dilma no ranking pré-eleitoral. Afinal, quais os efeitos do mensalão na campanha e por onde caminhará o governismo ?
A economia das bases prevalece
Os oposicionistas estão com a pulga atrás da orelha. Perguntam-se : afinal de contas, com a onda midiática em torno da prisão de mensaleiros, por que a presidente Dilma, que encarna o status quo governista, expande seus índices eleitorais ? Mais uma vez, este consultor mete a mão na cumbuca para reiterar o que tem dito ao longo dos últimos meses. A economia prevalece sobre a política. Ou seja, o bolso, neste momento, é mais importante que o barulho que a política provoca. Apesar dos pesares na esfera das contas públicas, déficits fiscais, baixo crescimento do PIB, conta exportação em baixa, o povão das margens não tem sido afetado pelos grandes números. O programa assistencialista garante geladeira cheia e barriga satisfeita. Logo, a cabeça pende para quem patrocina as benesses.
Dossiês
Começou o ciclo de produção de dossiês. Há gente inocente pagando por calhordas no episódio dos trens em SP. E há partidos querendo tirar proveito do episódio. Há muita versão fajuta. A conferir os resultados.
O meio consolida posições
Por isso mesmo, as bases têm garantido à presidente Dilma seu bom posicionamento. E mais : querem que ela faça mudanças. Esse é um dado interessante. Identificam nela o perfil capaz de fazer mudanças, não o Aécio nem o Eduardo Campos. Já as classes médias consolidam sua visão, mantendo forte rejeição ao lulopetismo, como se observa em SP, por exemplo. No maior colégio eleitoral do país estão os contingentes mais racionais e as searas mais anti-petistas. Por isso, Alckmin continua a ter bons índices - 43% - nas pesquisas.
Lula, ainda o maior
Luiz Inácio Lula da Silva continua a liderar o ranking de puxadores de voto. Teria, hoje, na condição de eventual, cerca de 55% de intenção de voto. Continua a desfraldar a bandeira de defensor dos pobres.
Mensalões no ar
É evidente que muita coisa poderá mudar até as eleições. Digamos que o efeito pedra no meio da lagoa gere consequências (marolas se formam até as margens da lagoa) ; isto é, as classes médias, contrárias ao petismo, fariam circular sua contrariedade até as beiradas. Tudo bem. Isso é possível. Mas em 2014, deveremos assistir o affaire do mensalão mineiro. Os petistas poderão brandir o escândalo mineiro em contraponto ao seu escândalo. O deputado Eduardo Azeredo, do PSDB, poderá virar o alvo do tiroteio.
O Triângulo das Bermudas
O centro do fenômeno eleitoral será o espaço chamado Triângulo das Bermudas : SP, maior colégio eleitoral, com 32 milhões de eleitores ; MG, com 15 milhões, segundo colégio eleitoral, e RJ, com 11 milhões, terceiro colégio eleitoral. SP e Minas são governados por tucanos. Alckmin, hoje, lidera o processo em SP, tendo mais de 40% de intenção de voto. O governador Anastasia, em Minas, quer dar a Aécio maioria de 4 milhões de votos. No Rio, Garotinho está na frente e os candidatos do PT e do PMDB, Lindbergh e Pezão, poderão crescer. Lembre-se, ainda, que GO, com Marcone Perillo, e PR, com Beto Richa, são governados por tucanos. O PSDB, teoricamente, tem boas condições de lutar pelo segundo turno. Mas...
Cadê o discurso ?
Ocorre que falta discurso às oposições. Aécio Neves expressa com veemência peroração política - centrando críticas em perfis do petismo, a partir da presidente Dilma - mas lhe falta uma abordagem programática. Qual é o projeto para o país ? Qual a alternativa econômica em substituição ao modelo petista ? Por onde caminhar ? Qual a proposta para a reforma tributária ? São questões como essas que continuam sem resposta por parte das oposições. E Eduardo Campos, por sua vez, tem uma banda governista. Não conseguiu, até o momento, fixar uma imagem de oposição forte. Carrega imagem frappé.
Campos no Nordeste
Eduardo Campos vai tentar se apresentar como o candidato da região Nordeste. E quer sair de PE com uma extraordinária votação. Tem tido boa avaliação, sem dúvida. Mas não devemos esquecer que Lula é pernambucano e vai correr seu Estado para encher a bacia de votos de sua candidata. Dirá, por exemplo, que os R$ 40 bilhões que PE recebeu, nos últimos anos, de investimentos se deram sob a égide dos governos petistas, dele e da presidente Dilma. Será interessante acompanhar a querela pernambucana.
Ceará e os Ferreira Gomes
No CE, os irmãos Cid Gomes e Ciro Gomes resistem a um acordo com o PMDB, cujo candidato ao governo é o senador Eunício Oliveira, hoje com 45%. Esse é um dos imbróglios a serem resolvidos pelo PT. No pano de fundo, vê-se a chance de Tasso Jereissati voltar à política como senador, pelo PSDB. Portanto, é possível que o reduto governista dos Ferreira Gomes vá às urnas bastante dividido.
Sergipe e o vice
Com a morte do governador Marcelo Déda, aos 53 anos, crescem as chances do vice-governador Jackson Barreto, do PMDB, levar a melhor no pleito de 2014. Terá a máquina a seu favor. Sobre Deda : um perfil de moderação ; inteligente, articulado, poeta. Um dos melhores quadros do PT. Querido amigo da presidente Dilma.
Skaf em SP
Paulo Skaf, que será o candidato do PMDB ao governo paulista, continua despontando com boas chances. Tem cerca de 20% de intenção de voto. O índice se mantém. Nas pesquisas qualitativas, aparece como o perfil que mais se destaca, o mais asséptico. Paulo tem, sim, condições de quebrar a polarização PSDB x PT.
PMDB nos Estados
No PR, o PMDB poderá vir a apoiar a senadora Gleisi, do PT, ao governo ; mas Requião, o senador com voz forte no partido, pensa em se candidatar. Em GO, o candidato deverá ser Junior, da Friboi ; em Minas, o PMDB poderá fechar com o PT, de Fernando Pimentel, e ganhar a vice, com o ministro Antônio Andrade, da Agricultura ; Clésio, o senador do PMDB pensa em disputar o cargo de governador. Na BA, Geddel será o candidato ; no RN, se não sair com candidato próprio, poderá fazer aliança com o PSB de Wilma Faria. No Rio, o imbróglio é grande. Pezão será candidato. E assumirá o governo com a saída de Cabral, que se candidatará ao Senado. E quando o PT vai deixar o governo de Cabral ?
Haddad em baixa
Previsível. O prefeito Fernando Haddad está no despenhadeiro da imagem. Também, pudera. Faz um pacote com alta taxa de IPTU para áreas comerciais e algumas regiões, algo entre 25% e 35%. A comparação é inevitável : quem teve aumentos salariais e de ganhos nesses índices ? Era de esperar um reajuste de 10% no máximo. Seu pacotão vai estourar nas costas de Padilha ?
Padilha, Mais Médicos
Se Alexandre Padilha fosse candidato a governador em um Estado do Norte ou mesmo do Nordeste, poderia ter uma ótima votação. Em SP, a coisa é mais complexa. O programa Mais Médicos renderá ótimos frutos para a presidente Dilma em 2014. Em SP os efeitos desse programa não serão tão impactantes. Mas o PT, como se sabe, tem garantido a seus candidatos majoritários cerca de 30% dos votos em SP. Desse modo, esse poderá ser o teto de Padilha. Aliás, podemos projetar a seguinte equação : 30% para o candidato governista; 30% para o candidato oposicionista e 30% para o perfil alternativo. É uma boa equação para se projetar o cenário paulista.
Petrobras
É surpreendente como a Petrobras descamba no perigoso terreno da má gestão. Graça Foster, diz-se, é uma ótima gestora. Mas quem está dirigindo a empresa é a dupla Dilma/Mantega. Graça apenas assina os papéis. De tombo a tombo, a Petrobras cai no poço do descrédito. Desabou, esta semana, 10,37%. Que triste.
Marcha à ré no crescimento
O governo anda trombando em seus próprios números. Esta semana o IBGE anunciou que a economia brasileira recuou 0,5% no terceiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior. É o pior desempenho desde o primeiro trimestre de 2009, durante o auge da crise global - ali houve retração de 1,6% na comparação com o trimestre anterior. Primeiro erro : um dia antes, o ministro Guido Mantega disse que a economia deveria registrar crescimento de 2,5% neste trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. O número correto é 2,2%. Segundo erro : em entrevista ao jornal espanhol El País, a presidente Dilma disse que o PIB de 2012 seria revisado de 0,9 para 1,5%. Foi apenas de 0,9% para 1%.
Mais um gigante nacional ?
Por meio de manifestação de interesse, a prefeitura de SP selecionou interessados na modelagem da PPP que será responsável pela modernização, operação e manutenção da iluminação pública da cidade. SP é uma das cinco maiores metrópoles do mundo. O consórcio que faz hoje o serviço se uniu a J&F, ou seja, Friboi. Há quem diga que o PT estaria por trás dessa tentativa de criar mais um gigante nacional. Para haver efetiva concorrência, urge lembrar que SP é tão grande que, em uma licitação nacional, quem faz o serviço em SP teria melhores condições de atestar experiência.
Transparência
Brasil caiu no ranking da transparência. Ocupa a 72ª posição entre 177 Nações. Tinha a 69ª posição.
Um alerta à ANAC
O departamento de transporte dos EUA multou a companhia aérea GOL em US$ 250 mil por violar várias normas sobre Direito do Consumidor e não revelar todas as informações necessárias sobre as taxas aplicadas aos passageiros. Esta é a maior multa aplicada pela agência Federal desde que reforçou sua legislação de proteção dos passageiros em abril de 2011. "Adotamos estas normas para assegurar que os passageiros sejam tratados com respeito quando compram um bilhete ou entram em um avião", afirmou Anthony Foxx, secretário de transporte dos EUA em uma nota de imprensa. A sanção decorre das falhas observadas no site da GOL após seu lançamento em 2012, no qual não estavam incluídas todas as informações requeridas, como os planos de contingência para longos atrasos na pista do aeroporto ou links à lista de preços por bagagem e outros serviços opcionais. É um alerta à nossa ANAC.
Conselho às autoridades
Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos eventuais candidatos aos governos estaduais. Hoje, volta sua atenção aos governantes : Nos últimos tempos, temos assistido a eventos de impacto, principalmente acidentes envolvendo obras em construção, como estádios, prédios, etc.
1. Urge pôr uma lupa nos empreendimentos, observando-se rigorosamente as maneiras de operação, os sistemas de segurança, os licenciamentos e as condições de trabalho.
2. Nas arenas em construção para a Copa de 2014, todo cuidado é pouco. Imaginem a ocorrência de acidentes no período de realização dos jogos ; a imagem do país estaria irremediavelmente comprometida.
3. A pressa é inimiga da perfeição. Querer tirar os atrasos nos cronogramas, procurando queimar etapas ou acelerar processos, sob a ameaça de perda de qualidade, é um enorme risco. Atentem para essa questão.