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Porandubas nº 295

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Atualizado em 25 de outubro de 2011 10:28

Conjunção rachativa

Historinha da Bahia. Grande de nome e pequeno de corpo. Magricela, esperto, inteligente, José Antônio Wagner Castro Alves Araújo de Abreu, sobrinho-neto de Castro Alves, herdou o DNA, o talento e a vadiagem existencial do poeta. Não gostava de estudar. No esporte, era bom em tudo. Colega de Sebastião Nery, no primeiro ano do seminário menor, na Bahia, em 42, na aula de português, o padre Correia lhe perguntou o que era "mas".

- É uma conjunção.

- Certo, mas que conjunção ?

Zé Antônio olhou para um lado, para o outro e respondeu :

- Conjunção rachativa, professor.

- Não existe isso, Zé Antônio.

- Existe, professor. Quando a gente quer falar mal de alguém, sempre diz assim : - Fulano até que é um bom sujeito, mas... E aí racha com ele.

Cena paulistana

A cada dia, a ficha desce um pouco sobre a cabeça de José Serra, eterno candidato à presidência da República. Por onde passa, ele é peremptório : não colocará seu nome na disputa para a prefeitura de São Paulo. Pois bem, este analista quer ver para crer. E mais : aposta que Serra será candidato a prefeito. A lógica sublinha o argumento : não há saída para ele. Aécio Neves, a essa altura, já ganhou o apoio da cúpula do PSDB. Mesmo com os horizontes distantes, Aécio tem maior cacife : um mandato de senador no início, energia e disposição, o apoio da cúpula tucana e o segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais.

Ficha vai cair 

José Serra alimenta a esperança da candidatura presidencial em 2014. Não ganhará o troféu de candidato. O vazio oceânico ainda não ocupou sua cabeça. Quando a ficha cair - e cairá lá pelos idos de março - ele concluirá que sua carreira política tem apenas uma fresta para decolar novamente : a candidatura à prefeitura. A não ser que ele decida encerrar a vida pública breve. Por tudo isso, esse analista vai apostar na hipótese: Serra será o candidato tucano para a prefeitura paulistana. Diante dessa possibilidade, os atuais pré-candidatos - José Aníbal, Bruno Covas e Ricardo Trípoli - desistiriam das prévias. A conferir !

Marta, tem chance ?

E se for realmente José Serra o candidato tucano, Marta Suplicy poderia ser a candidata do PT ? Mesmo com 30% nas pesquisas de intenção de voto, será difícil. É claro que suas chances aumentam, tendo em vista a clássica polarização entre PSDB e PT, que tem nela um símbolo. Ocorre que há um cacique-mor por trás do patrocínio da candidatura petista : Lula. E o candidato dele é mesmo Fernando Haddad. A essa altura, será difícil remover Haddad sob pretexto que, para disputar com Serra, o melhor nome seria o de Marta. Lula acha que só uma cara nova vencerá os tucanos na capital paulista. Esse analista concorda, em princípio, com a tese.

Cantadores da morena 

O primeiro sapeca :
- Se eu fosse Nosso Senhor
Dono do ouro e da prata
Mandava fazer espelho
Dos olhos desta mulata

O segundo replica :
- Cabra, deixa de ser besta
Tu não sabe apreciar
Espelho queria eu ser
Pra mulata me mirar.

(Versos apanhados por Leonardo Mota)

Avião de um dólar 

Ricardo Teixeira, presidente da CBF, foi convocado pelo Congresso para falar sobre futebol. Claro, que falará menos sobre futebol e mais sobre as práticas de articulação que circundam a paixão nacional. Apura-se uma suspeita de que Teixeira teria adquirido um avião pela módica quantia (módica ?) de US$ 1. Isso mesmo. Um dólar. Há uma gigantesca teia de interesses no entorno da Copa. Por mais que haja esforço para desfazer essa teia ou tentar entendê-la, será impossível. Mas as coisas começam a ficar mais claras nos espaços futebolísticos. Os cartolas abrem os chapéus.

O Brasil é um lixo ?

Os containers com lixo hospitalar despachados pelos Estados Unidos para o Brasil carregam uma dura conotação sobre nosso país : um lixo. Só mesmo um território considerado bárbaro, atrasado, carente, pode servir ao de ser penico do mundo. A máfia que está por trás desse empreendimento deve ser destroçada. Se não houver rigorosa punição aos malfeitores, o lixo do mundo continuará a ser objeto de desejo de contingentes carentes. Cadê o ministro da Saúde ? Viajando, padilhando.

Greve de médicos 

Os médicos do SUS fazem sua greve. Têm direito, sim, a parar os serviços. As condições precárias dos estabelecimentos hospitalares e a péssima remuneração dos profissionais formam o argumento para a greve. Receber R$ 1.946,91 para uma jornada de 20 horas semanais é muito pouco. Onde está o pomposo ministro da Saúde, Padilha ? Só pode estar dentro de um avião. Viaja mais que piloto. Deixando a pilotagem da saúde ao léu.

Lula e a nova vida 

Lula continua o périplo pelo mundo. Recebe prêmios, faz palestra, embolsa alta grana, é homenageado aqui e alhures. Dizem que tem um olho no norte, outro no sul. Ou seja, um olho na reeleição de Dilma e outro na sua volta ao centro do poder. Este analista começa a achar que Lula aprecia muito o fato de ter uma agenda mais solta. E um bom tempo para encher as burras. Acostuma-se ao fato de não ter a corte de aspones. Afasta-se, gradualmente, da rampa do Planalto.

Religião 

Cresce na Grã-Bretanha, a cada ano, o número de jovens mulheres que deixa para trás suas carreiras, namorados e posses para se dedicar totalmente à religião. O fenômeno desperta curiosidades. Decepção com a vida mundana ?

PSD com 700 prefeitos 

O PSD do prefeito Kassab já tem 700 prefeitos. Ultrapassa o número de prefeitos do PT. Em Santa Catarina, os 42 prefeitos do DEM rumaram para o PSD, acompanhando o governador Raimundo Colombo.

As chaves 

O poeta manda o verso :
Meu coração está fechado
Não se abre para ninguém,
Foi-se embora o seu dono,
A chave é ele que tem.

O outro retoma :
Sexta-feira faz um ano
Que meu peito se fechou...
Quem morava dentro dele
Tirou a chave e levou.

E o terceiro lamenta :
A chave da fechadura
Que trancou o seu caixão
É a mesma da fechadura
Que trancou meu coração.

(Leonardo Mota em Sertão Alegre)

Filiados partidários 

O TSE fechou a conta de filiados aos 29 partidos políticos brasileiros. Um total de 15.381.121. Sete partidos concentram a maioria dos filiados. O PMDB encabeça a lista com 2.420.327. Na sequência aparecem o PT com 1.566.208; o PP com 1.436.670; o PSDB com 1.410.917; o PDT com 1.212.531; e o DEM com 1.124.069.

Nomes 

Caso Orlando Silva saia do Ministério do Esporte, dois nomes são apontados para ocupar seu lugar : o ex-deputado Flávio Dino, atual presidente da EMBRATUR e o deputado Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara. Há um 'porém' no caminho de Dino : ele pretende ser candidato à prefeito de São Luís, em 2012. Se for guindado ao Ministério, fecha a chance da candidatura.

PSD no RN

O vice-governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, é o presidente do PSD no Estado. E acaba de romper com o governo, comandado pelo único governador do DEM, no caso, a governadora Rosalba Ciarlini. Faria foi presidente da Assembleia por três vezes. Como o PMDB está aliado ao governo do DEM, o vice-governador tem campo livre para se firmar como eixo de oposição. A avaliação do governo não é boa. Grande parcela dos prefeitos está insatisfeita. A oposição tende a se expandir no Estado.

7 bilhões 

A população mundial cresce a velocidade recorde. Atingirá 7 bilhões no dia 31 de outubro. Em 2050, este número deve alcançar 9,3 bilhões. Entre os fatores que contribuem para o rápido aumento populacional estão a alta taxa de natalidade em alguns países e a maior longevidade da população. Hoje, 893 milhões de pessoas tem mais de 60 anos. Até a metade do século, este número vai praticamente triplicar, chegando a 2,4 bilhões. A expectativa de vida média atual é de 68 anos, quando era de apenas 48 anos em 1950.

Código Florestal  

A senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu (PSD/TO), garante que o novo Código Florestal deve ser votado no Senado dia 22 de novembro. O texto, votado na Câmara dos Deputados, deve passar antes pelas comissões de Agricultura e Reforma Agrária e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle. A proposta tem pontos polêmicos, como o que permite aos Estados legislar sobre a conservação de áreas rurais.

Brasil e a FIFA

O governo Federal se articula no Congresso para aprovar rapidamente a Lei Geral da Copa. Se o conjunto de normas que vão reger a realização do Mundial de 2014 no país demorar a ser sancionado ou nem sair do papel, a entidade máxima do futebol desfrutará de uma série de poderes que, em alguns casos, se sobrepõem à própria legislação brasileira. As garantias foram assinadas na gestão Lula. O Brasil promete à FIFA direitos soberanos, independentemente da aprovação de lei específica sobre o tema, até o fim do ano de realização do torneio.

As promessas 

O Brasil prometeu muita coisa à FIFA. As promessas estão em 11 documentos que tratam desde os trâmites para a entrada e a saída do país, a permissão de trabalho para a FIFA contratar funcionários, facilidades alfandegárias, isenção de impostos à proteção e exploração de direitos comerciais, incluindo hinos e bandeiras nacionais, além do pagamento de indenizações e o fornecimento de infraestrutura tecnológica e de telecomunicações que atenda aos requisitos da entidade. Vejam o que consta nos documentos : "Essa garantia do governo é e permanecerá obrigatória, válida e executável contra o Brasil e seu governo, bem como todas as autoridades estaduais e locais, desde a data desta garantia até 31 de dezembro de 2014, independentemente de qualquer mudança no governo do Brasil ou em seus representantes, ou qualquer mudança nas leis e regulamentos do Brasil". Entre as garantias, há, ainda, a liberação da venda e do consumo de bebidas alcoólicas nos estádios durante os jogos da Copa, medida que fere o Estatuto do Torcedor, em vigor no país desde 2003.

Conselho aos parlamentares 

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos partidos. Hoje, sua atenção se volta aos parlamentares :

1. A aprovação da Lei da Copa requer minucioso cuidado sobre promessas e garantias oferecidas pelo Brasil à FIFA. Algumas são absurdas. Urge defender a Soberania nacional.

2. Os responsáveis pelas garantias e promessas devem ser chamados a depor. É inimaginável que tenham assinado documentos que contêm dispositivos que afrontam a dignidade da Nação.

3. Não é momento, porém, de radicalização. Urge avaliar o que é impossível fazer e o que inegociável.

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