Política & Economia NA REAL n° 129
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Atualizado às 07:29
A equipe econômica é a presidente
Por mais que se tente pintar com cores bem vivas os três expoentes econômicos da equipe da futura presidente Dilma, as escolhas por ela feitas e, principalmente, a recusa de manter, como sugerido por Lula, Henrique Meirelles na presidência do BC, são claros indícios de que a política econômica vai ser comandada, com rédea curta diretamente do Planalto. Nenhum dos três terá a autonomia que tiveram Meirelles e, enquanto durou, Palocci. A dúvida, portanto, continua : quais serão as linhas de política econômica que a presidente seguirá de fato. As contradições entre os discurso e atos endossados por ela, permanecem. E Dilma tem diploma de economia e reputação de entender de diversos assuntos.
Assessoria especial
Durante a campanha chegou-se a falar que Dilma montaria uma equipe de especialistas de alto nível no Planalto, ao estilo da existente na Casa Branca, para ajudá-la a acompanhar o trabalho dos ministérios. Lula teve algo parecido, mas somente nas questões externas, com Marco Aurélio Garcia. Agora, como não sobrou nem o ministério do Planejamento, nem o BC, nem deverá sobrar o BNDES para encaixar, com upgrade, o secretário de Política Econômica do ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, retoma-se a conversa de que ele poderá ir habitar o Planalto nesta categoria especial. Barbosa tornou-se muito próximo de Dilma e até tirou férias no auge do período eleitoral para assessorar a candidata petista.
A política econômica sob riscos
Com o núcleo da equipe econômica devidamente divulgada pela nova presidente as especulações sobre o futuro da política econômica e financeira do governo hão de crescer. Não apenas pelas razões que são apontadas nas notas acima. Como sempre afirmamos nesta coluna, em política os fatos geram as expectativas. Neste item, os fatos nos levam a crer numa política econômica controlada essencialmente por Dilma. Já na economia são as expectativas que criam os fatos. Pois bem : o contexto da economia mundial e a percepção sobre o Brasil estão mudando. A atividade econômica lá fora deve ficar letárgica por longo período. Por aqui a alta da inflação e seus efeitos combinados com juros e atividade econômica podem não garantir a sustentação de um crescimento forte como o deste ano. Já se discute as consequências deste cenário para o futuro da percepção do risco-país. Assim, erra quem acredita que o cenário daqui para frente será tão generoso quanto foi para Lula.
Bolha emergente
Ainda não está nos relatórios divulgados pelas instituições internacionais. Todavia, já se discute nas mesas de operações financeiras a possibilidade de existência de uma bolha nos preços dos ativos dos países emergentes, sobretudo a China. O Brasil não passa incólume nestas análises. Ainda não se sabe se este tipo de "bate-papo" informal vai resultar em vendas de posições de ativos dos emergentes. Todavia, o ritmo de investimento externo deve cair nestes países. No exato momento em que medidas de proteção cambial são especuladas abertamente pelos governos dos emergentes.
Desindustrialização à vista
Chega a ser tolo quem acredita que um déficit de US$ 60 bilhões na balança comercial de produtos industrializados não é sinal inequívoco de desindustrialização. Reside aí o maior problema estrutural da economia brasileira no momento. O Brasil continua a ser um país exportador de commodities sem conteúdo tecnológico e muito dependente das variações de preços no mercado externo. Falta ao país mão-de-obra, pesquisa, formação universitária de nível, etc., etc. Dilma fala em atacar estas deficiências. Não é pouca tarefa.
Estilo Dilma - I
A imprensa deu a indicação de Alexandre Tombini para o BC antes da decisão ser comunicada a Meirelles. Celso Amorim descobriu que não ganharia mais um período no Itamaraty quando saiu da delegação brasileira, de Lula e Dilma, na recente reunião do G-20 em Seul.
Estilo Dilma - II
Miriam Belchior há cerca de seis meses não serviu como substituta de Dilma na Casa Civil, quando ela saiu para candidatar-se à Presidência,. Preferida de Lula, ela foi preterida pela favorita da presidente eleita, a enrolada Erenice Guerra. Agora, reúne todas as condições para comandar o ministério do Planejamento.
A história se repete ?
O governo Lula está empenhado em ajudar a montar consórcios para disputar o leilão do trem bala Campinas/São Paulo/Rio, orçado em mais de R$ 33 bi e que os bons especialistas do ramo avisam que não sairá por menos de uns R$ 50 bi, com muito dinheiro público disfarçado na roda. Um dos maiores tropeções do governo FHC foi quando ele se meteu também a incentivar o nascimento de um consórcio para competir na privatização da Telebrás. Pelas rodas que a sorte dá, o consórcio incentivado, que era só para competir, ganhou o que viria ser a Telemar. No desdobramento, saíram do Governo um ministro e o presidente do BNDES. E a Telemar está aí até hoje, agora rebatizada Oi, dando dores de cabeça.
Doença do sono
Não estivesse a oposição curtindo ainda a ressaca da derrota eleitoral, tentando fechar suas fraturas e ainda tomada de uma macunaímica preguiça, estaria com os pulmões bem inflados para cumprir seu papel de vigiar o governo para o bem da sociedade, cobrando transparência e que tais. Temas não faltam :
1. O citado trem bala.
2. As mais novas escaramuças do Enem
3. O leilão da banda H de telefonia celular
Ministeriômetro - Capítulo VII
As cotações do dia :
Confirmados
Ministério da Fazenda - Guido Mantega
Ministério do Planejamento - Miriam Belchior
Banco Central - Alexandre Tombini
Candidatos, indicados
Casa Civil - Antonio Palocci, Maria das Graças Foster, Fernando Pimentel, Paulo Bernardo
Secretaria Geral da Presidência - Gilberto de Carvalho, Antonio Palocci
Direitos Humanos - Gabriel Chalita
Ciência e Tecnologia - Aloizio Mercadante
Educação - Gabriel Chalita, Aloizio Mercadante, Newton Lima, Pedro Wilson, Marta Suplicy
Esportes - Manuela D'Avila
Petrobras - Maria das Graças Foster, Antonio Palocci
Saúde - Jorge Sola, Aloizio Mercadante, Sergio Cortes, Alexandre Padilha
Integração Nacional - PMDB, PSB, Ciro Gomes, PT, Eunicio Oliveira, José Sergio Gabrielli
Minas Energia - Graça Foster (assim ela gosta de ser chamada), Edison Lobão
Cidades - Moreira Franco, Marta Suplicy, PP, PSB, PMDB, Fernando Pimentel, Jose Filippi Junior, Luiz Fernando Pezão, Antonio Carlos Valadares, Mario Negromonte
Itamaraty - Antonio Patriota, José Maurício Bustami, José Viegas, Mangabeira Unger, Nelson Jobim, uma mulher
Transportes - Henrique Meirelles, PMDB, PT, PR, Alfredo Nascimento
Igualdade Racial - Luiz Alberto
Cultura - rol abre-se com mais de 20 nomes, entre eles o ator José Abreu, a senadora Ideli Salvatti, o sociólogo Emir Sader, Celso Amorim, Antonio Grassi, Ângelo Osvaldo
Portos - PSB, Fernando Schimidt
BNDES - Ciro Gomes, Nelson Barbosa, Paulo Hartung
Porto de Santos - PSB
Caixa Econômica Federal - Moreira Franco
Justiça - José Eduardo Cardozo
Agricultura - Blairo Magi, Osmar Dias, Mendes Ribeiro
Vale - Luciano Coutinho, José Sergio Gabrielli
Comunicações - Hélio Costa, Antonio Palocci, Moreira Franco
Previdência - Luis Sérgio
Turismo - Luis Sérgio, Marta Suplicy
Pequena e média empresa - Alexandre Padilha, Alexandre Teixeira
Desenvolvimento Agrário - Joaquim Soriano
Desenvolvimento Social - Gilberto de Carvalho, Patrus Ananias
Meio Ambiente - Carlos Minc
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - Abílio Diniz, Aloizio Mercante
STF - PMDB
Avulsos
Eva Chiavon
Beto Albuquerque
Marcelo Crivella
Paulo Okamoto
Olívio Dutra
Empresário (grife, como Roberto Rodrigues e Luis Furlan no primeiro ministério de Lula)
Sindicalista
Clara Ant (no Palácio do Planalto)
Alexandre Teixeira (Apex)
José Eduardo Dutra
Credores
Virgilio Guimarães
Ciro Gomes
Henrique Meirelles (em baixa)
Aloizio Mercadante
Patrus Ananias
Ideli Salvatti
Fernando Pimentel
Osmar Dias