Entrevista com Luís Henrique Fernandes, mestre pela UPenn e criador da página Por Dentro do LL.M
quarta-feira, 20 de julho de 2022
Atualizado às 10:03
Seguindo a temática de estudos jurídicos internacionais que tem permeado a última coluna e os mais recentes conteúdos do Migalhas para Estudantes (principalmente no Instagram, @migalhasestudantes), entrevistei Luís Henrique Fernandes, advogado no Pinheiro Neto Advogados, participante de LL.M na Universidade da Pensilvânia (UPenn) e criador do projeto Por Dentro do LL.M. Para saber mais sobre LL.Ms, leia a coluna da segunda passada, a qual fala sobre os principais tipos de estudo no exterior!
A página do Instagram conta com postagens, conteúdo e até entrevistas frequentes e extremamente informativas para aqueles que cogitam participar de um LL.M - um programa de pós-graduação de Master of Laws no exterior. Assim, a partir de uma mistura bem equilibrada entre posts de autoria própria (divididos entre as categorias "preparação", "prestes a ir" e "cheguei!) e contribuições de pessoas que tiveram outras experiências de estudo jurídico no exterior, a Por Dentro do LL.M torna-se gradualmente ainda mais essencial para aqueles que almejam complementar sua formação com um período fora do Brasil.
Na entrevista, Luís nos conta detalhadamente sobre sua interessantíssima trajetória acadêmica e profissional, além de explicar o grande ideal por trás da criação do Por Dentro do LL.M: agregar, em uma mesma plataforma, informações e dicas básicas acerca dos LL.Ms. Luís diz que a motivação deriva de sua própria experiência antes de se candidatar, ser aprovado e, finalmente, participar de um LL.M. Ele conta que, mesmo fazendo parte de um escritório com grande presença internacional e conhecendo diversas pessoas que haviam participado de um programa de pós-graduação nestes moldes, teve dificuldades para saber com detalhes quais providências deveria tomar para viabilizar sua participação num LL.M e a consequente estadia prolongada no exterior.
Falamos, além disso, sobre as principais características do LL.M e sobre como um estudante interessado pode se manter antenado em oportunidades de participar de um desses programas. Seguindo esse propósito, Luís Henrique recomenda redes como o LinkedIn e o Instagram e o contato com pessoas que já participaram de uma experiência internacional nesses moldes como bons meios de se guiar e, principalmente, saber mais sobre como se candidatar a estudos jurídicos no exterior. Nesta fase, então, torna-se importantíssima uma certa convergência com o processo de networking profissional, tendo em consideração que justamente o contato com pessoas qualificadas pode ser essencial àqueles interessados em um LL.M.
Outro tema interessantíssimo que foi abordado é como perseguir desde cedo - ainda durante os princípios da graduação - o interesse em fazer um LL.M. Nessa perspectiva, Luís afirma, levando em conta sua experiência própria e seu contato com Daniela Branco (membro da comissão de admissões da UPenn) que os critérios não são completamente objetivos ou definidos em pontos específicos como notas e trabalhos extracurriculares. A aprovação para um desses programas depende, na verdade, da combinação de diversos fatores e aspectos pessoais, profissionais e acadêmicos: projetos que demonstrem liderança e criatividade, colaboração com atividades de extensão, bom desempenho acadêmico, publicação de textos e artigos científicos ainda durante a graduação e até mesmo participação em associações estudantis são frequentemente citadas como diferenciais e pontos positivos.
Ademais, chegamos àquela que era a pergunta pela qual eu mais esperava: qual o momento certo de fazer um LL.M? Tal qual muitas outras coisas na vida, a resposta aparentemente é que isso depende de inúmeros fatores de muitas naturezas diferentes (econômica, familiar, profissional) e que, por isso, cabe a cada um decidir o seu momento de ir - ou não - encarar os desafios de estudar no exterior. Em contrapartida, o advogado conta que, levando em conta sua experiência, sugeriria ao estudante ter pelo menos alguma experiência profissional antes de se aventurar num LL.M, afinal suas contribuições às aulas e seminários e sua integração com os colegas internacionais serão muito mais fluidas e convergentes.
Por último, falamos sobre o grande tabu dos estudos no exterior, os custos! Luís Henrique nos conta que, infelizmente, o senso comum não está muito enganado: voltar do exterior diplomado como um Master of Laws é bem caro. Somando custos da faculdade (tuition, ou anuidade), de aluguel, de estadia e de lazer, é compreensível imaginar que não é uma experiência barata. Em contrapartida, são ofertadas diversas bolsas a estudantes internacionais que podem ajudar a viabilizar - ou até pagar completamente, no caso das bolsas full ride - a participação em um desses programas. No caso das bolsas, Luís nos conta que é comum, inclusive, que estudantes tentem negociar bolsas maiores com as faculdades ou, em alguns casos, contar com o auxílio de fundações educacionais privadas que podem, por vezes, vir a bancar os estudos de estudantes muito fora da curva (é o caso da famosa bolsa Fulbright, por exemplo).
Aproveitando para contar mais sobre sua experiência pessoal na UPenn, Luís Henrique menciona que, no seu caso, teve sua participação no prestigioso programa de LL.M da faculdade possibilitada por três vias, além de suas economias pessoais: a faculdade lhe ofertou uma bolsa equivalente a cerca de 25% dos custos, seu escritório - o Pinheiro Neto Advogados - custeou uma outra parte e, por último, ele pagou o restante de seus custos de anuidade e estadia na Pensilvânia através de empréstimos estudantis, os quais são muito comuns nos Estados Unidos.
No mais, assim como na entrevista da semana passada com o especialista Claudio Klaus, debatemos uma das grandes perguntas relacionadas a estudar fora. Afinal, fazer um curso no exterior para o abre muitas portas como um diferencial no currículo? De acordo com o Luís Henrique, sim!
Ele conta que, em razão do programa de LL.M, suas oportunidades foram muito além das já incríveis possibilidades comuns a cursos de estudo no exterior: O LL.M permite ao profissional de direito participar do Bar Examination (rudimentarmente explicado como o "Exame de Ordem" americano, o qual licencia um advogado a atuar nos Estados Unidos), trabalhar como associado internacional em um escritório estadunidense (Luís Henrique tem, nos últimos meses, feito parte dos quadros da firma Gibson & Dunn, de grande destaque internacional), e, além disso, serve de trampolim para um PhD também fora do país, um atrativo grande para aqueles mais interessados em uma carreira dedicada à academia.
Não deixem de seguir a página Por Dentro do LL.M no Instagram (@pordentrodollm), onde o Luís Henrique posta sobre cursos no exterior, inglês jurídico, networking e, mais especificamente, programas de LL.M!
Nesse mesmo viés, acompanhe o Instagram do Migalhas para Estudantes (@migalhasestudantes) pelos próximos dias para receber cortes de momentos mais relevantes da entrevista e ficar de olho em todo o conteúdo sobre estudos no exterior que temos postado pelos últimos dias e postaremos até próxima semana.
Leia a coluna de segunda para saber mais sobre os principais tipos de programa de estudo no exterior: GUIA BÁSICO.