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Não é mágica, é mediação!

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Atualizado em 24 de julho de 2024 15:22

Começo este texto plagiando a frase de minha grande amiga e inspiração, Samantha Longo. 

As transformações que assistimos durante uma sessão de mediação, me faz refletir o quanto sou feliz quando sinto que não sou a responsável pelo acordo, mas uma ferramenta na retomada da comunicação entre as pessoas (detesto a denominação partes).

Quem tem que ser responsável pelos acordos são as pessoas envolvidas nos conflitos que as trouxeram até aquela mesa de conversa, não eu. Um acordo construído sem a minha participação efetiva, como uma alinhadora de trilhos, é um acordo sustentável, em que por isto mesmo, não cabe recurso. É a expressão mais pura das vontades.

Cabe a mim, mediadora, a atenção aos detalhes (escuta ativa), a certeza dos entendimentos (parafraseado), e liberdade para que todos expressem suas vontades e sentimentos (isonomia das partes) e muitas vezes os esclarecimentos para separar as pessoas dos problemas bem como as posições dos interesses.

Algumas das vezes, as técnicas utilizadas não são suficientes para que os envolvidos deixem suas posições de lado como o caso de uma criança autista em um colégio de alto custo. De um lado uma mãe amorosa, mas extremante inflexível exigindo o que entendia como de direito. De outro lado, o colégio representado pelo advogado com perfil litigante, que não considerou a possibilidade de resolver de forma pacífica a situação. Não viram que o único prejudicado, de verdade era a criança que, no meio da desavença ficava esquecido no meio do tiroteio. Não se trata só de ceder... Se trata de juntos concluir o que pode diminuir o sofrimento de alguém que sabidamente já carregará fardo pesado a vida inteira. Apesar da possibilidade de uma suspensão nas decisões, os adultos não conseguiram se entender e deixaram na mão de um juiz, uma decisão que com certeza não agradará a ninguém. A figura abaixo retrata exatamente o que assistimos quando as pessoas se recusam a construir juntas uma saída.

Por outro lado, e nada me dá mais prazer do que assistir a construção de um acordo desenhado por pessoas que não se falavam há dois anos e que, depois concluíssem juntos o mal que já faziam e que poderiam mais ainda fazer aos filhos, resolveram rever suas posições e permitiram com isto, que os interesses das crianças falassem mais alto. Emoção pura e agradecimentos intermináveis!

Situações de construção de acordos, são extremamente rotineiras na vida de um mediador que tem esta atividade como vocação, que se refere a um forte sentimento de ser chamado para uma determinada missão, carreira ou profissão, muitas vezes por causa de suas paixões, gostos e interesses.

Resumindo, vocação e talento aliados, não fazem mágica na vida das pessoas. Criam momentos mágicos nas sessões de mediação.