Parceria socioambiental para restauração florestal e comercialização de carbono
sexta-feira, 28 de março de 2025
Atualizado às 09:18
Introdução
Atualmente, grandes nações estão em uma corrida acelerada para preservar o meio ambiente, reduzindo os efeitos do aquecimento global e do efeito estufa. A melhor maneira de alcançar esse objetivo é reconhecer os benefícios que florestas, matas e toda a biodiversidade oferecem para a sociedade.
Importante cabe destacar que o Acordo de Paris (2015) foi o primeiro grande pacto internacional para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Tal pacto substituiu o Protocolo de Kyoto como o principal acordo climático internacional em vigor.
Histórico
O Brasil é uma das principais potências mundiais na preservação de áreas verdes intocadas, possuindo a maior parte das reservas de matas e florestas nativas do planeta.
Todavia, é sabido que o país enfrenta desafios diários com a degradação ambiental causada por extração ilegal de minérios, garimpo clandestino e desmatamento de florestas nativas, especialmente em áreas de preservação indígena para cultivo de grãos e pastagem.
Esse cenário contribui para o aumento das temperaturas, derretimento das geleiras e alterações climáticas globais, gerando um efeito cascata em todo o planeta.
Parcerias socioambientais
A parceria socioambiental para restauração florestal e comercialização de carbono é um tema atual, sendo abraçado por grandes corporações globais, como a Microsoft.
A empresa vem investindo na restauração de áreas na Amazônia e na Mata Atlântica, com um total de 33.000 hectares, equivalente a três vezes a cidade de Paris. Esse projeto conta com a parceria da RE.GREEN e envolve colaboração entre governos, ONGs e comunidades locais, visando a recuperação de áreas degradadas e a geração de créditos de carbono.
Restauração florestal
A conservação e restauração florestal, aliadas ao sequestro de carbono para comercialização, são os pilares dessa parceria.
Não se trata apenas de áreas degradadas, mas de qualquer terreno apto ao reflorestamento e preservação do bioma local. Isso contribui para a ampliação das áreas protegidas e a prevenção de atividades ilegais.
Comercialização de carbono
Empresas têm metas para reduzir a emissão de CO2. Ao alcançar esses objetivos, elas recebem certificados de créditos de carbono, que podem ser comercializados com outras empresas. Isso cria um mercado favorável para companhias com alta emissão de CO2, impactando diretamente a redução do efeito estufa.
No Brasil, o Decreto nº 5.882/2006 regula a comercialização de carbono. Ademais, está em tramitação o PL 528/20, que trata da mobilidade sustentável e estocagem de carbono.
A comercialização ocorre em dois segmentos:
a) Voluntário: Empresas e indivíduos compram créditos de carbono sem obrigatoriedade legal, para compensar emissões.
b) Regulado: Mercados onde as emissões são controladas por legislação específica, como sistemas de cap-and-trade.
Resultados
Parcerias socioambientais têm gerado resultados expressivos. Em 2022, o Brasil evitou a emissão de cerca de 147 milhões de toneladas de CO2, equivalente ao sequestro realizado por mais de 1 bilhão de árvores em 20 anos.
O projeto "Florestas de Valor", do Imaflora, implantou 30 hectares de sistemas produtivos sustentáveis na Amazônia, reduzindo cerca de 28 mil toneladas de CO2 entre 2014 e 2022.
Além disso, em 2024, o Estado do Pará lançou um modelo inédito de concessão para restauração florestal remunerada, estimando sequestrar 3,7 milhões de toneladas de CO2 em 40 anos.
Desafios e limitações
Apesar do avanço das técnicas de manejo e reflorestamento, desafios persistem:
a) Eventos climáticos: Seca intensa, queimadas e chuvas irregulares dificultam o plantio de mudas.
b) Solo degradado: Regeneração lenta devido à baixa fertilidade, erosão e altos custos de recuperação.
c) Monitoramento de carbono: O controle das emissões ainda é caro e requer tecnologias avançadas.
d) Custos elevados: O investimento inicial é alto, com retorno a longo prazo, desestimulando pequenos produtores.
Para superar esses desafios é essencial alinhar expectativas entre governos, empresas e comunidades, garantindo suporte financeiro, técnico e regulatório para a sustentabilidade dos projetos.
Conclusão
A parceria socioambiental para restauração florestal e comercialização de carbono é uma iniciativa fundamental para a preservação das florestas e biodiversidade, combatendo mudanças climáticas e atividades ilegais.
Empresas devem adotar essa estratégia, pois os benefícios compensam os desafios do investimento inicial. A integração entre comunidades, governos e setor privado permite a recuperação de ecossistemas degradados e gera uma fonte sustentável de renda por meio da venda de créditos de carbono.
Governos precisam fortalecer políticas de incentivo e criar programas de estímulo para ampliar essa boa prática, garantindo um futuro mais sustentável para o planeta.