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A grande oportunidade da CBF - e de Rogério Caboclo

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Atualizado às 07:41

A Lei Pelé, promulgada em 1998, reconstruiu as bases das relações no plano esportivo e inaugurou o modelo que, de alguma forma, refletia as demandas e as preocupações da sociedade brasileira naquele momento histórico. Apesar da tentativa formal de induzir o clube a transformar-se em empresa, não se tratava do principal vetor das reformas legislativas.

A bem da verdade, por mais que se promovessem medidas para disseminar a proposta transformacional, os agentes não estavam preparados para esse movimento. Aliás, não apenas os agentes, pois ainda se buscavam meios de construir um mercado de capitais robusto e eficiente - que começaria a se produzir a partir do ano 2000 com o lançamento do Novo Mercado pela Bovespa.

De lá para cá, todas as iniciativas subsequentes tiveram como propósito modificações legislativas pontuais ou circunstanciais. O melhor exemplo é o Profut, que foi engendrado para salvar os clubes, à conta dos contribuintes, e não para oferecer-lhes os meios de reverter o estado generalizado de insolvência que justificou a sua criação (do Profut).

Há, porém, um fato novo: após 21 anos, o futebol voltou ao centro do debate. E o que é importante: notícias auspiciosas sugerem que, enfim, se dará o devido direcionamento ao tema.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, divulgou em sua conta no instagram, no dia 12 de agosto, o seguinte: "hoje visitei o CT do São Paulo. Ótima conversa com Raí e Lugano sobre a ideia de avançarmos em um projeto de clube-empresa. Agradeço o convite do presidente do São Paulo, Carlos Augusto Barros e Silva".

Além do Poder Legislativo, também circulam notas a respeito da pretensão do Executivo em promover essa pauta, que interessa a milhões de brasileiros.

No mesmo sentido, clubes de distintos portes e regiões se movimentam para entender os efeitos de eventual encaminhamento da criação do novo mercado do futebol, pretendida e arquitetada pelo PL 5.082/16, que institui a sociedade anônima do futebol (SAF) e esse novo mercado. Em casos mais avançados, o interesse já foi superado pelo início do processo de verificação de viabilidade econômica e adoção de trâmites internos.

Parece que se está, pois, diante de um movimento irreversível, que deverá culminar com a instituição de um novo modelo, que fará bem ao país, aos brasileiros, aos times e aos torcedores. A adoção de um sistema forte e eficiente, elaborado para preservar a tradição futebolística e atrair recursos nacionais ou internacionais para o futebol, não pode (ou não deveria) encontrar resistência.

Eventual oposição à realização do debate que já se iniciou ou à criação do novo ambiente do futebol, que viabilizará o investimento na formação de jogadores, a constituição de elencos poderosos e a projeção de times e do campeonato nacional ao mundo - a contratação de Daniel Alves pelo São Paulo, mesmo ainda se tratando de um caso isolado, comprova o potencial -, seria uma postura no mínimo indefensável e antipática.

Daí a grande oportunidade que se apresenta à CBF.

As assumir a importância da mudança - que já se operou nos principais centros de prática do futebol (Espanha, França, Inglaterra etc.) e os colocou num patamar muito além do brasileiro -, a entidade reforçaria o discurso que passou a formular, sobretudo após a eleição do atual presidente, Rogério Caboclo.

Em sua na biografia, disponível no sítio eletrônico da confederação, consta que "sob seu comando foi executado o plano de Governança, Risco e Conformidade (GRC) da CBF. [Rogério Caboclo] foi idealizador da criação da área de Compliance da entidade e da CBF Academy, plataforma que subiu de seis para mais de 40 o número de cursos oferecidos em menos de três anos".

Mais importante do que a instituição de instrumentos formais, que podem ter efeito prático, ou não - e que são adotados com frequência em companhias para legitimar discursos vazios -, a CBF se depara, agora, com a rara, raríssima oportunidade de apresentar-se ao Brasil como uma entidade que está materialmente comprometida com o desenvolvimento do futebol, dos times e de seus jogadores e, em última análise, do país.

E Rogério Caboclo é premiado com a oportunidade de se consagrar como o presidente que liderará o processo de reconquista do protagonismo do futebol brasileiro num ambiente globalizado e extremamente competitivo.

Poucas pessoas tiveram oportunidade tão grandiosa.