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Check-up genômico

domingo, 4 de agosto de 2024

Atualizado em 2 de agosto de 2024 13:56

O vocábulo progresso foi por muito tempo designado para atestar o avanço da humanidade em qualquer área que provocasse alteração no modo convencional do desenvolvimento humano. A própria etimologia da palavra é indicadora de um movimento para frente em busca de uma mudança que possa traduzir em benefícios mais vantajosos que a prática anterior.

A tecnologia - compreendendo a utilização exclusiva do conhecimento científico colocado em prática - trouxe um plus diferenciador e quebrou a contextualização do vocábulo progresso, que girava em torno de uma evolução lenta e gradativa, para substituí-lo e introduzir sistemas, métodos e programas com a finalidade de conferir à humanidade, de forma mais rápida e eficiente, as melhores condições de vida.

A revolução tecnológica, desta forma, com o placet da humanidade, cresceu a passos largos e o homem a ela se incorporou com a mais grata satisfação. Justamente por encerrar promessas e vantagens incomparáveis e incontáveis com as oferecidas até então pelo cotidiano. E a evolução é tão gigantesca e até mesmo desproporcional com a realidade do próprio mundo que, de um ano para outro, as transformações são deveras significativas.

Basta ver hoje o avanço da biotecnociência e da biotecnologia na realização de teste genético para conhecer as possíveis doenças que a pessoa poderá desenvolver e, desde já, uma vez apontada a provável listagem de moléstias, poderá mudar seu estilo de vida para contrariar as previsões dos genes. Num repente, o homem tem em suas mãos um instrumento não para explorar o seu conhecimento interior, mas sim para conhecer seu próprio corpo. Trata-se do check-up genômico, com a facilidade de contratá-lo até mesmo pelo correio. O interessado recebe um kit de coleta, recolhe as células bucais e as envia para um laboratório especializado em fazer o mapeamento e leitura do genoma com a finalidade de apontar os prováveis riscos de doenças.

Assim, por exemplo, analisadas as características genéticas de um bebê e apontada uma doença congênita ou alterações cromossômicas relevantes no rastreamento pré-natal, admite-se o procedimento corretivo. Se um jovem identificar os riscos de desenvolver Alzheimer ou diabetes, terá tempo suficiente para afastar as maléficas profecias e ajustar sua vida preventivamente. Da mesma forma se outro encontrar propensão para a obesidade e problemas cardiovasculares. Tudo isso porque as doenças, via de regra, já estão previamente instaladas e escritas nos genes. Cabe ao homem conhecê-las para combatê-las.

De acordo com o caminhar da tecnologia, chegará um tempo em que o paciente somente consultará o médico com a apresentação do seu DNA sequenciado, oportunidade em que o profissional, sem tocá-lo e sem qualquer indagação clínica, será um intérprete das informações contidas no check-up genético e aconselhará as condutas mais corretas para se evitar a aproximação com as prováveis doenças diagnosticadas. Dá-se a impressão de que um ser robotizado é encaminhado para a revisão e, se for o caso, será providenciada a troca de equipamentos.

Não há dúvida de que a decifração do código genético representa uma das maiores conquistas da humanidade. Conhecer detalhadamente cada função que o gene exerce no interior do DNA é praticamente descobrir o código da vida. A Terapia Gênica Humana (TGH) é de vital importância para solucionar o problema de milhões de pessoas vitimadas pelas doenças de cunho genético.

Moser, com razão, em relação à inovação científica, foi conclusivo: "Esta virou uma espécie de melodia que soa aos ouvidos de todos como esperança de vitória definitiva sobre um mal que atormenta a humanidade de todos os tempos."1

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1 Moser,Antônio. Biotecnologia e bioética: para onde vamos? Perópolis, RJ: Vozes, 2004, p. 225.