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Vacina contra a dengue

domingo, 16 de julho de 2023

Atualizado em 14 de julho de 2023 10:43

Durante o período pandêmico a humanidade, obrigada a acatar as regras sanitárias protetivas impostas, dentre elas desde o mais enclausurado lockdown até a simples conduta do distanciamento social, da higienização das mãos e da utilização da máscara, tudo visando proteger a saúde individual e coletiva, viveu momentos cruciais aguardando os resultados das pesquisas para a descoberta de uma vacina que fosse segura e eficaz no combate ao coronavírus. A própria Organização das Nações Unidas estimulava parcerias de cooperação científica entre os países membros e alardeava de forma antecipada que a vacina, assim certificada, seria considerada res communis omnium, dando a entender que se tratava de um bem público global de pertencimento coletivo e com acesso irrestrito a toda comunidade mundial.

Assim é que vários laboratórios produziram vacinas que foram distribuídas e a imunização feita surtiu os resultados almejados no Brasil e possibilitou a decretação do final da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), não antes de ceifar considerável número de vidas humanas.

Não paira qualquer dúvida de que a vacina se apresentou como o único e inevitável recurso no combate à doença que assolou o país, levando-se em consideração que medicamentos pesquisados para a redução da carga viral do paciente foram considerados insatisfatórios. 

Apesar de o Brasil apresentar um ambicioso Plano Nacional de Imunização (PNI), criado em 1973 - que tem como objetivos o controle e a erradicação de doenças infectocontagiosas e imunopreveníveis - visando proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas, com o fornecimento de inúmeras vacinas, disponíveis gratuitamente nas unidades de saúde, contemplando a imunização de crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas, de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação, experimentou uma considerável diminuição na imunização.

Basta ver a queda ocorrida com a vacina da poliomielite, conhecida também como paralisia infantil, considerada doença contagiosa pela transmissão de pessoa a pessoa e que acarreta sequelas gravíssimas, principalmente motoras pela infecção da medula e cérebro, sem qualquer chance de cura.

Além disso o Brasil, paralelamente, há algum tempo, vem colecionando um significativo número de óbitos em razão da epidemia de dengue, arbovirose urbana transmitida pelo inseto Aedes aegypti, que provoca também Zika e Chikungunya.

Está disponível, no mercado nacional, em clínicas particulares, a vacina Qdenga, produzida por laboratório japonês, com eficácia comprovada de 80%, índice tranquilizador com relação a um bom imunizante. Ocorre que, para ingressar no sistema público de saúde, há necessidade de se obter a aprovação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), cumprindo, desta forma rigorosamente o conteúdo de universalidade.

Não se rejeita a possibilidade de abrir a oportunidade para que clínicas particulares possam exercer a vacinação, não como concorrentes, mas como colaboradoras de um projeto de um enorme país. É indiscutível que a iniciativa compete ao Ministério da Saúde, assim como a legitimidade para estabelecer as regras e as prioridades, mas não se pode desprezar a colaboração de entidade particular para fechar a cobertura vacinal da população brasileira. A falta é de vacina e não de estratégia vacinal. Tal concessão auxiliará a gestão pública na consecução de sua tarefa e que trará certamente dividendos de saúde para a população.

No verão, período de maior incidência da dengue, em razão das chuvas e o consequente armazenamento da água em residências, favorece muito a proliferação dos mosquitos nos criadouros. Daí a importância da responsabilidade de cada morador exercer a vigilância nos vasos de plantas, garrafas, lixeiras ou qualquer outro local de armazenamento de água parada. O Ministério da Saúde já lançou campanha de orientação neste sentido, levando-se em consideração que os ovos do Aedes aegypti podem sobreviver pelo período de um ano. 

Como o período chuvoso logo se aproxima é necessária uma rápida tramitação do procedimento no órgão agora responsável pela incorporação da vacina contra a dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS), já que conta com a aprovação da ANVISA.