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"Oração aos Moços" - Editora Baraúna

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Atualizado em 8 de fevereiro de 2008 11:06

Oração aos Moços




Editora : Editora Baraúna
Autor : Rui Barbosa
Págs : 48 p.





Trata-se do célebre discurso escrito por Rui Barbosa por ocasião de sua escolha como paraninfo dos graduandos em Direito da Faculdade do Largo de São Francisco, no ano de 1920.

Rui já se encontrava doente, e não pôde deixar o Rio de Janeiro para participar da cerimônia. Preparou-o, pois, para ser lido por outrem.

A bela exortação em que consiste o discurso é construída a partir de figuras de linguagem extraídas da religião. "Não quis Deus" que ele pudesse se fazer presente; a Faculdade é o "templo do ensino", "catedral da ciência"; a formatura é a "admissão no sacerdócio"; a colação de grau "os votos que ides esposar". "Em verdade vos digo" é o início do segundo parágrafo, recurso vocativo extraído dos Evangelhos, e ao pôr-se em posição de reconhecimento aos mestres da Casa onde o discurso será proferido, Rui diz-se mero "catecúmeno que não quer ensinar religião a seus bispos e pontífices". E assim poderíamos seguir enumerando e ressaltando, que cobriríamos todo o texto. Mas essa descoberta é melhor que faça o leitor, que o caminho é belo e prazeroso.

Afirma Antonio Candido, teórico e crítico literário brasileiro, em seu belo O estudo analítico do poema, que a analogia é a base da linguagem poética, por meio da qual, a partir de imagens, o escritor "recria o mundo".

Por meio da apropriação de termos e figuras do culto religioso, o grande orador transmite ao ouvinte o fervor que nutria pelo ofício que desempenhava há 50 anos. Em sua profissão de fé, é o trabalho a grande oração, o grande interesse a movimentar o homem, a presidir sua vida. "O trabalho, pois, vos há de bater à porta dia e noite; e nunca vos negueis às suas visitas, se quereis honrar vossa vocação".

Pois se é nas coisas da religião que Rui se inspira para fazer belas as letras que dirige aos formandos, é cá nas coisas do mundo que firma sua crença nos homens. Para ele, toda vida humana é fruto dos elementos "que herdou da natureza" e dos que criou, pelo trabalho. E pelo trabalho, tudo pode o homem, com o que parafraseia as próprias Escrituras: "(...) cada um, nos limites da sua energia moral, pode reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação, atividade e perseverança". "Já vedes que ao trabalho nada é impossível".

Diante de tão poderosa pregação, resta-nos dizer algumas palavras sobre a jovem editora, recém-ingressa no mercado editorial, também moça, como os destinatários da mensagem de Rui. Baraúna é árvore de grande porte, nativa do Brasil, "com uma das mais duras e incorruptíveis madeiras-de-lei", como nos atestam os dicionários. Escolher começar pela Oração é seguir os caminhos propostos por Rui, é mostrar-se disposta "a combater o bom combate".

Em cada página ímpar vemos Rui ao fundo - sombra de retidão a nos espreitar. Belíssima escolha editorial.

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Resultado :

  • Fátima Aparecida Belani, da Secretária Geral de Administração, de Pouso Alegre/MG












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