"O Olhar Oblíquo do Acionista" - Editora Reler
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Atualizado em 6 de fevereiro de 2008 12:06
O Olhar Oblíquo do Acionista
Editora : Reler
Autor : Gustavo H. B. Franco
Págs : 300 p.
O ano de 2008 é tempo de festa na literatura brasileira. Comemora-se o centésimo aniversário do falecimento de um de nossos maiores escritores, Joaquim Maria Machado de Assis. As celebrações serão fartas, e não poucas vezes sob a forma de lançamentos de livros.
Inaugurando a lista, chegou ao mercado ainda no final de 2007 a seleção de crônicas organizada pelo economista Gustavo Franco. Sob o título O olhar oblíquo do acionista, em clara alusão à ironia que enviesa o olhar que Machado e seus personagens deitam ao mundo, a obra reúne 39 crônicas publicadas na imprensa carioca no período compreendido entre 1883 e 1900.
Franco justifica o recorte como sendo inédito, "uma rica jazida inexplorada". "Nossa antologia é a primeira coletânea temática com foco na economia utilizando apenas a crônica, cujo fio simbólico de continuidade é a alegoria representada pelo acionista".
Vale lembrar que o gênero crônica permite ao escritor debruçar-se com liberdade sobre os mais diversos assuntos, privilegiando, pelo caráter informal e proximidade com o jornalismo, os temas que estejam na pauta do dia. No dizer de Roberto Schwarz, um dos estudiosos da obra machadiana, em trecho lembrado pelo próprio Franco, a crônica que fez Machado ostenta "um mecanismo narrativo em que está implicada uma problemática nacional". Ou ainda, é um texto que mantém estreito "vínculo com os eventos", nas palavras do organizador.
É importante destacar que várias das crônicas reunidas foram escritas por um Machado protegido por pseudônimos - a autoria só foi identificada em 1955! - assinando-as ora como Lélio, ora como o shakesperiano Malvólio, ou, ainda, fechando-as simplesmente com o cumprimento "Boas Noites", o que teria conferido ao sóbrio e discreto escritor uma liberdade de crítica ainda maior, em um momento turbulento da política e da economia do país, marcado sucessivamente pela Abolição, fim do Império e pela grande crise do Encilhamento.
Todas as crônicas que integram o conjunto são precedidas de um texto a situar o leitor no contexto da época, a explicar-lhe a que notícias ou acontecimentos se refere Machado.
A coleção é irresistível, embora possa se argumentar que nem todas as páginas escolhidas versem questões propriamente econômicas, como a extraordinária narrativa da alforria do escravo Pancrácio. Mas são páginas tão boas que leitor nenhum irá reclamar. Estaremos todos enfeitiçados pelo Bruxo do Cosme Velho.
Gustavo H.B. Franco é economista e sócio-fundador da Rio Bravo Investimentos, professor do departamento de economia da PUC-Rio, desde 1986. e escreve quinzenalmente em Época. Foi diretor e presidente do Banco Central do Brasil entre 1993 e 1999 e um dos mentores do Plano Real.
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Resultado :
· José Celso de Camargo Sampaio, advogado e consultor jurídico do escritório Demarest e Almeida Advogados, de São Paulo/SP
· Flávio José Roman, procurador do Banco Central do Brasil, de Brasília/DF
· Luis Alberto Balassiano, procurador federal no Rio de Janeiro/RJ
· Moema Augusta Soares de Castro, professora da Faculdade de Direito da UFMG, de Belo Horizonte/MG
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