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A teoria crítica de Axel Honneth

terça-feira, 7 de julho de 2015

Atualizado em 6 de julho de 2015 12:24



Editora:
Saraiva
Autor: Rúrion Melo
Páginas: 339




Filósofo contemporâneo, Axel Honneth foi assistente de Habermas entre 1984 e 1990; em 2001, assumiu a direção do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt. Ganhou notoriedade por sua teoria do reconhecimento, exposta na obra Luta por reconhecimento, publicada originalmente em 1992, em que oferece categorias capazes de iluminar questões contemporâneas como fragmentação social, "as novas gramáticas" para os conflitos sociais, para o poder e para a realização da liberdade e da justiça, mas sobretudo capazes de ajudar no entendimento de questões de identidade e gênero. Em outra vertente, sua teoria debruça-se também sobre "condições mais gerais da história" e da tradição do pensamento conhecido como teoria crítica, permitindo, nas palavras do coordenador da obra, a compreensão do que pode significar fazer teoria crítica hoje.

Sim, pois conforme explica Marcos Nobre em um dos trabalhos que compõe a coletânea, toda a teoria de Honneth volta-se à preocupação de retomar para a teoria crítica a dimensão social que ostentou desde sua inauguração por Marx, e que se havia vertido em "crítica da economia política" por Horkheimer nos anos 1930. Nessa senda, o caminho de Honneth envolve a necessidade de superação do paradigma produtivista, percurso que Rúrion Melo vai chamar de "reconstrução antropológica" do materialismo histórico, e que se desenvolve a partir da "renovação de um conceito de práxis social baseado na intersubjetividade linguística, uma noção alargada, portanto, de ação", conforme a "virada comunicativa" trazida por Habermas.

Nathalie Bressiani explica que para Honneth o teórico crítico deve encontrar uma posição imanente à sociedade, "uma especificação quase sociológica de um interesse emancipatório na própria realidade social", "sem recorrer a qualquer ideal transcendente", elemento que recusa em Hegel. Para chegar à sua teoria do reconhecimento, portanto, Honneth vai passar por "insights foucaultianos" -, que o levam a defender uma reconstrução normativa dos conflitos sociais que aponte também para sua motivação moral -; mas vai retomar alguns pressupostos de George Mead, para quem "um sujeito só pode adquirir consciência de si mesmo na medida em que aprende a perceber sua própria ação da perspectiva, simbolicamente representada, de uma segunda pessoa".

E é assim, em apertada síntese, que Honneth constrói a sua teoria normativa das lutas sociais como lutas por reconhecimento, proposição que se desdobra, dentre outras, na assertiva de que os indivíduos contemporâneos dependem também de um reconhecimento social positivo da vida que escolheram como boa e das contribuições que fazem à sociedade para que não se sintam alvo de desrespeito e injustiça.

Sobre o coordenador :

Rúrion Melo é pós-doutor em Filosofia pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap); doutor em Filosofia pela USP. Professor de Teoria Política do Departamento de Ciência Política da USP e pesquisador do Cebrap.


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Ganhadora :

Sarah Pracucci Caciola, de Bauru/SP