Constitucionalismo Multinacional
quinta-feira, 16 de abril de 2015
Atualizado em 15 de abril de 2015 11:37
Editora: Atlas
Autor: Guilherme Peña de Moraes
Páginas: 110
A obra trata da atualíssima questão da utilização da jurisprudência estrangeira pelos tribunais nacionais. Lastreada nas teorias do Direito Constitucional mundial, de Bruce A. Ackerman, do cross-constitucionalismo de Paul W. Kahn e do transjudicialismo de John C. McCrudden, o autor ensina que existem "questões básicas do constitucionalismo ocidental", "a despeito do pluralismo legislativo" dos diferentes Estados nacionais. Nessa perspectiva, seria legítimo e benéfico o "aproveitamento do conhecimento estrangeiro já desenvolvido em torno de princípios compartilhados", fruto de um "empreendimento interpretativo comum".
O estudo tem a pretensão de construir um modelo teórico que forneça aos tribunais nacionais critérios objetivos para a seleção de precedentes estrangeiros, esclarecendo desde o início que se debruçou sobre "questões domésticas", questões de Direito Constitucional que não tenham repercussão para além das fronteiras nacionais, em que nenhum outro Estado nacional figure como parte. O recorte cumpre a função de não misturar a problematização almejada com o simples uso do Direito Internacional pelas cortes constitucionais, uso em nada extraordinário.
Alguns fatores históricos, filosóficos, hermenêutico-jurídicos e por fim políticos contextualizam tal posicionamento de abertura por parte das cortes constitucionais. Assim o autor discorre sobre o papel da consolidação democrática ocorrida no Ocidente do pós-Segunda Guerra, sobre a preocupação filosófica com a superação da antinomia entre naturalismo e positivismo jurídico; sobre o aparecimento e fortalecimento da teoria da argumentação jurídica e a normatização dos princípios; sobre a ascensão da teoria da interpretação constitucional como espécie da interpretação jurídica, e por fim sobre a judicialização da política e da sociedade como um todo, proporcionando ao Judiciário um protagonismo inédito.
Construído o quadro, examina a existência de argumentos racionais ou lógicos que "fundamentem cientificamente" o uso dos precedentes internacionais pelas cortes constitucionais, apresentando posicionamentos contrários e favoráveis encontrados na doutrina. Apoiado no brocardo latino in medius virtus est, ele próprio sustenta a legitimidade de tal uso, desde que presentes algumas condições.
O texto é caprichado, construído dentro dos rigores do discurso científico, mas sem que a forma lhe retire o prazer da leitura. E não se restringe ao campo teórico: o terceiro e último capítulo é dedicado a exemplos concretos do uso da jurisprudência estrangeira pelos tribunais constitucionais nacionais.
Sobre o autor :
Guilherme Peña de Moraes é professor de Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense - UFF; mestre em Direito Constitucional pela PUC-RJ; doutor em Direito Constitucional pela PUC-SP e pós-doutor em Direito Constitucional pela Fordham School of Law - Jesuit University os New York. Integrante do MP-RJ.
__________
Ganhador :
Gabriel Carvalho Nascimento, advogado em BH