A Filosofia Atual: Pensar sem Certezas
terça-feira, 1 de julho de 2014
Atualizado às 07:14
Editora: Noeses
Autor: Dardo Scavino
Páginas: 193
O livro foi escrito há 15 anos, mas em prefácio à presente edição, o próprio autor esclarece que se o reescrevesse hoje, poucos ajustes faria, que o cenário da produção filosófica "atual" não se alterou significativamente. Com o adjetivo "atual" refere-se à filosofia produzida a partir do século XX, correntes tributárias, portanto, do chamado "giro linguístico", por ele definido como o reconhecimento da linguagem como mais do que um simples instrumento entre o eu e a realidade, a descoberta de que a linguagem seria capaz de criar tanto o eu como a realidade.
Ainda nas palavras do autor, a partir dessa percepção, ao longo do século "O 'giro linguístico' converte-se então em uma espécie de constructivismo radical, doutrina segundo a qual as teorias científicas ou os discursos metafísicos não descobrem a realidade, mas sim a criam". Nesse contexto, continua, "um dos principais problemas em torno do qual vão girar os debates deste fim de século é o da condição da verdade. Se esta já não pode ser pensada como a correspondência entre as ideias e as coisas, que será então?"
Assim, a obra está tripartida entre o que o autor percebe como as três grandes vertentes da filosofia do século XX. A primeira parte dedica-se à chamada "crise da razão", "triunfo do nihilismo", corrente defensora das múltiplas interpretações; a segunda parte atém-se ao problema dos fundamentos teóricos do totalitarismo e das políticas revolucionárias que desembocaram em tais desastres, em favor das democracias consensuais; por fim, a terceira parte debruça-se sobre o retorno do pensamento moral à cena pública e filosófica, que conforme alerta o autor, "às vezes pode converter-se também, e com um rigor inusitado, em um retorno dos discursos religiosos".
Em ótimo arremate, anota o autor que para os filósofos do giro linguístico a "era metafísica" teria chegado ao fim, e que somente a filosofia como crítica (lógica, desconstrutiva ou hermenêutica) das linguagens sociais caberia ao tempo atual.
Em sua conclusão o autor aponta que dentro desse panorama existem vozes dissonantes clamando por um rompimento da filosofia com o giro linguístico, a fim de que retome os trilhos da busca pela verdade, o antigo problema platônico de uma diferença entre doxa (opinião) e episteme (conhecimento). Se conformarão a nota deste século XXI, só o tempo dirá.
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Ganhador :
João Batista de Souza, de Santa Helena de Goiás/GO