Já tivemos oportunidade de comentar que os adjetivos qualificativos, em Latim, podem ser da primeira classe ou da segunda. E que os da primeira classe seguem a primeira declinação para o feminino (bona) e a segunda declinação, para o masculino e o neutro (bonus, bonum).
Os adjetivos da segunda classe, por sua vez, são declinados pelo modelo da terceira declinação dos substantivos, com algumas variações ou particularidades, quanto ao ablativo singular e ao genitivo plural.
Serão parissilábicos os adjetivos que tiverem o mesmo número de sílabas no nominativo e no genitivo singular (fortis, fortis: forte; celeber, celebris: célebre).
Nos adjetivos parissilábicos o ablativo singular terminará sempre em "i". O genitivo plural, em "ium".
Nos imparissilábicos o ablativo singular terminará em "i" ou em "e" e seu genitivo plural, em "um": vetus, veteris: velho; genitivo plural: veterum).
Os adjetivos imparissilábicos, cujo radical termine por duas consoantes ou por "c", têm o genitivo plural em "ium", sendo, por isso, declinados como os parissílabos (o radical é determinado, tomando-se o genitivo singular, sem a terminação "is": prudens, prudentis; "prudent-"; genit. plural: "prudentium"; felix, felicis, felicium; radical: felic-).
Se os adjetivos qualificam um nome referente a pessoa, o seu ablativo singular terminará em "e". Exemplo: "a viro sapiente": "por um homem sábio". Mas, "consilio prudenti": "por uma sábia (prudente) providência".
Aliás, vejo prudente suspender, por aqui, as considerações sobre as declinações dos adjetivos.
Não fora por outras razões, sê-lo-ia pelo receio complicar a leitura dos pacientes migalheiros, tornando-a mais enfadonha do que já é.
Ou, então, correria o risco de acontecer comigo o que sucedeu com Johannes van Pauteren (1460-1520), cuja forma latina do sobrenome era 'Despauterius', "gramático flamengo cuja obra permaneceu em uso do século XVI ao XVIII, em especial na França, e ganhou fama de confusa e obscura" (cf. Aurelio, Nova Fronteira, 3ª ed., p.661) e deu origem ao vocábulo "despautério".
Tratava-se de uma excelente gramática latina, mas excessivamente recheada de regras e pontilhada de exceções.