Como ficam os investimentos em renda fixa após a alta da Selic?
sexta-feira, 13 de agosto de 2021
Atualizado em 27 de agosto de 2021 14:21
Como você já deve saber, o Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciou um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, que agora passa a ser de 5,25% ao ano. Foi a quarta alta consecutiva desde 17 de março, quando o juro básico brasileiro começou a abandonar o patamar mais baixo de sua história, de 2% ao ano. Também foi a de maior magnitude, dado que as três anteriores haviam sido de 0,75 ponto percentual.
A decisão já era esperada pela maior parte do mercado, na medida em que os próprios integrantes do Bacen vinham dando fortes indícios de que intensificariam o ritmo do aperto com o objetivo de conter a inflação. Mais do que isso, a expectativa é que novos aumentos levem a Selic para 7,00% ao final de 2020, conforme estimativa do último relatório Focus, o que tornará menos desequilibrada a relação entre o risco e o retorno da renda fixa se comparada à da renda variável.
Uma taxa de juros de 5,25% ainda perde da inflação oficial prevista para o ano cheio, de 6,79%. Mas começa a superar com certa folga o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) projetado para 2021, de 3,81% - ambas projeções também contidas no Focus, divulgado toda segunda-feira pelo BC.
Caso se confirme a tendência de continuidade do ciclo de alta dos juros, também se elevarão gradativamente os retornos das aplicações financeiras cujo rendimento esteja atrelado à Selic.
Ou seja, devemos ver nos próximos meses os investimentos mais conservadores, como os CDBs, LCIs e LCAs pós-fixados, voltando a oferecer rentabilidades atrativas, batendo a inflação e preservando o poder de compra dos investidores.
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Para facilitar a visualização de como estão os retornos líquidos da renda fixa mais conservadora, fizemos a tabela abaixo simulando as rentabilidades de três aplicações pós-fixadas no novo cenário de juros: poupança, Tesouro Selic (a antiga LFT) e Letra de Crédito Imobiliário. Considerei a Selic constante de 5,25% ao ano e o CDI constante de 5,13%, um pouco abaixo como de costume.
Prazo | Poupança | Tesouro selic | LCI |
6 meses | 1,84% | 1,99% | 2,56% |
1 ano | 3,68% | 4,25% | 5,13% |
2 anos | 7,35% | 8,84% | 10,26% |
Vale ressaltar que o retorno do Tesouro Selic pode ser um pouco maior do que os que estão na tabela, dado que, desde agosto do ano passado, aplicações de até R$ 10 mil nesse título estão isentas da taxa de custódia cobrada pela B3, de 0,25% ao ano - aplicações superiores a esse valor sofrem cobrança dessa taxa apenas sobre o valor que exceder os R$ 10 mil.
Para montar a tabela, consideramos aportes de R$ 1 mil, mas a calculadora do Tesouro Direto, utilizada para calcular a rentabilidade do Tesouro Selic, ainda não foi atualizada com os novos parâmetros para a taxa de custódia.
A poupança, por sua vez, atualmente paga 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial, que no momento encontra-se zerada. É isenta de taxas e de imposto de renda, e sua rentabilidade é mensal, apenas no dia do aniversário. Ainda assim, é a que apresenta os menores retornos quando comparada aos demais títulos pós-fixados.
Se ampliarmos mais o leque de opções na renda fixa, podemos identificar boas alternativas de investimento dentre as estruturas de crédito privado emitidas por grandes empresas. São os casos das debêntures incentivadas, CRAs e CRIs, todas também isentas da cobrança de imposto de renda.
Além do próprio Tesouro Direto, você pode conferir todas as aplicações de renda fixa disponíveis em nossa plataforma clicando aqui.
É importante notar, contudo, que uma Selic a 5,25% - ou mesmo a 7,00%, como esperado para o fim do ano - ainda é historicamente baixa para os patamares brasileiros.
Num passado não tão distante, tínhamos uma taxa de juros na casa dos dois dígitos, e assim foi durante a maior parte desde a implementação do Plano Real. Deste modo, a Selic mais alta ainda não é alta o suficiente para tirar totalmente a atratividade dos investimentos de renda variável, com maior risco.
Conservar uma carteira diversificada e equilibrada é o que o colocará em posição de vantagem não apenas para evitar prejuízos, mas para conseguir bons rendimentos em suas aplicações no longo prazo.
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