Novas perspectivas éticas da IA e a questão dos trabalhadores do sul global
sexta-feira, 26 de abril de 2024
Atualizado às 07:46
Visa-se analisar o impacto da IA com relação à substituição do trabalho humano e questões de automação e digitalização e desafios éticos relacionados a tais temáticas bem como a questão do surgimento de uma nova classe de pessoas consideradas por alguns como inempregáveis (HARARI, 2016)1, sem emprego diante da crescente e acelerada automação e substituição por IA, ao lado dos trabalhadores fantasmas do Sul Global, tornados invisíveis e sem qualquer garantia social, embora essenciais ao trabalho do "Big data", e pensar em alternativas de governança para uma proteção sistêmica de direitos fundamentais possivelmente afetados com a IA, aliando-se a inovação à ética e à responsabilização.
Um dos pontos levantados é que tipo e nível de regulamentação da IA seriam necessários em países como o Brasil, considerado dentro do conceito de Sul Global (Epistemologias do Sul), com maiores vulnerabilidades, a exemplo da dependência da tecnologia e quanto à oferta de dados pessoais (superavit comportamental), e de onde surge a maior oferta de mão de obra barata e informal, sem garantia de qualquer direito trabalhista ou social (zeladores de dados), chamados de trabalhadores fantasmas, sendo o caso do Brasil exemplar quanto à vulnerabilidade de tais grupos.
Tais temáticas são essenciais e necessitam ser abordadas adequadamente, em uma perspectiva de estudo crítico e inter/transdisciplinar da IA, diante da dissolução das fronteias entre exatas e humanidades, bem como, para se pensar no desenvolvimento das bases epistemológicas e fundacionais para a IA voltada ao Sul Global.
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*Este texto faz parte de pesquisas desenvolvidas por Paola Cantarini em sede de pós-doutorado na USP (2023/2024) com financiamento-bolsa FAPESP.
1 HARARI, Yuval Noah. Homo Deus: uma breve histo´ria do amanha~. Sa~o Paulo: Companhia das Letras, 2016.