Uma leitora, que se identifica apenas como Sônia, envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:
"A palavra é 'academia'. Qual a pronúncia correta: 'academia' ou 'acadimia'? Isto é: posso substituir o 'e' pelo 'i' na pronúncia? Isso é correto?"
1) Uma leitora pergunta se, quanto à pronúncia, o correto é academia ou academia.
2) Fixa-se uma primeira regra: a Academia Brasileira de Letras detém a autoridade para definir qual a escrita correta dos vocábulos pertencentes ao idioma pátrio. E ela exerce sua autoridade por via da edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Nesse ponto, não parece haver dúvida quanto à extensão do que assim se determina.
3) E se aponta uma segunda regra, segundo a qual também assiste à ABL estabelecer os aspectos adicionais referentes aos vocábulos pertencentes ao nosso léxico: pronúncia, categoria gramatical (substantivo, adjetivo, verbo...), gênero (masculino ou feminino), número (singular ou plural).
4) De modo específico no que concerne à correta articulação das palavras, entretanto, a indicação vem depois dos respectivos vocábulos, mas apenas naqueles casos em que possa haver reais dúvidas: adrede (ê), ileso (ê ou é), obeso (ê ou é), socorros (ó).
5) Não se deve confundir, entretanto, essa questão de erros de pronúncia (como nos casos apontados, em que é obrigatório seguir o quanto definido pela ABL por via do VOLP) com a diversidade de enunciação de determinados sons pelos rincões de toda a extensão territorial do País (e nisso não há erro algum).
6) Vejam-se alguns exemplos dessa diversidade de pronúncia de certos sons pelo extenso território nacional, o que não constitui erro algum de pronúncia ou de Gramática, mas apenas avulta a existência de peculiaridades locais ou regionais: a) a porta do interior do Estado de São Paulo não é a mesma porta do carioca; b) o leite quente do paulista não terá a mesma pronúncia do leite quente do gaúcho; c) a titia do interiorano de São Paulo não será a mesma titia do paranaense tradicional; d) a academia pronunciada por um sulista há de virar acadimia na boca de um célebre maranhense; e) na boca do mesmo maranhense, poder viraria pudêr.