Bacharel em ou Bacharel de?
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
Atualizado em 11 de setembro de 2018 16:44
A leitora Natália Martins envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:
"O certo é 'bacharel em' ou 'bacharel de Direito'?"
1) Uma leitora indaga se o certo é "bacharel em Direito" ou "bacharel de Direito"?
2) Ora, quando se quer saber qual preposição um substantivo ou adjetivo exigem para seus complementos, a questão se situa no campo da regência nominal.
3) E, para um problema como esse, que se localiza na esfera da elaboração das estruturas frasais (sintaxe), a resposta encontra-se no modo como os nossos autores de reconhecido saber utilizaram o idioma.
4) Para não haver um trabalho exaustivo e sem resultados práticos em curto prazo pelos interessados, os gramáticos e estudiosos do idioma já escreveram obras específicas, nas quais fizeram verdadeiros levantamentos de como foi tal emprego no correr dos tempos por parte dos nossos mais abalizados escritores.
5) No que concerne ao vocábulo bacharel, tais estudiosos fazem importante distinção: a) quando se quer dizer a área em que houve a graduação, diz-se bacharel em (assim, bacharel em Filosofia1, bacharel em Direito2); b) quando se quer indicar o lugar em que houve a graduação, diz-se bacharel por (assim, bacharel pela Universidade de São Paulo3); c) mas não há registro, entre os modos aceitos pelos gramáticos e estudiosos do assunto, da possibilidade de emprego da expressão bacharel de, para indicar a área em que houve a graduação, de modo que se deve evitar tal expressão.
6) Complemente-se com a observação de que nada impede que se juntem os dois complementos e as duas estruturas aceitas pelos estudiosos: bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo.
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1 CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 49.
2 FERNANDES, Francisco. Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos. 2. ed., 6. Impressão. Porto Alegre: Editora Globo, 1969, p. 68.
3 LUFT, Celso
Pedro. Dicionário Prático de Regência Nominal. 4. ed. São Paulo: Ática,
1999, p. 80.