Cenário - 2.8.19
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
Atualizado às 09:00
O novo setup do comércio mundial
Até o início de 2020, o fluxo de comércio no mundo deve passar por grandes transformações, motivadas principalmente pela disputa travada entre China e Estados Unidos.
Em busca de um acordo, que não parece próximo, as duas nações têm ampliado a proteção aos seus empresários e elevado tarifas para as trocas comerciais entre si.
O presidente norte-americano anunciou uma nova sobretaxa de 10% sobre produtos que correspondem a US$ 300 bilhões das exportações chinesas para os EUA.
Atualmente, cerca de US$ 250 bilhões das exportações chinesas já são tributadas adicionalmente em 25%. A política agressiva dos norte-americanos fez a China negociar um acordo comercial.
Esse movimento já provoca ganhos e perdas para algumas economias, mas o sinal que a disputa projeta é para um comércio global mais restrito.
Em parte, isso acontece porque as economias estão com baixas taxas de crescimento e a pressão por protecionismo aumenta.
Além disso, o comércio na Europa vai passar por transformações depois do Brexit.
Se a saída do Reino Unido da União Europeia for negociada, certamente o choque da separação será diluído.
Mas se o acordo for rompido unilateralmente, haverá mais incertezas para o comércio global.
O novo setup do comércio global também está impactado pela escalada de tensão entre o Irã e os países do Ocidente, depois que os Estados Unidos passaram a aplicar sanções econômicas contra os iranianos.
A disputa eleva o preço do petróleo e pode ocasionar conflitos.
Estratégia
Os impactos para o Brasil
Para enfrentar essa nova configuração do comércio global, uma boa estratégia é diversificar os parceiros e os acordos.
Ter as trocas comerciais atreladas, principalmente à China e aos Estados Unidos, como ocorre com o Brasil hoje, é mais arriscado.
Por isso, o acordo entre Mercosul e União Europeia e com outros blocos, como está em curso, é uma iniciativa fundamental para o Brasil.
É importante, porém, que as bases dessa negociação não condicionem outros acordos.
O Brasil corre um outro risco pela nova postura adotada na questão ambiental, porque abre flancos para a estratégia protecionista de outros países.
Balança comercial
Mau resultado
A balança comercial brasileira apresentou superávit de US$ 28,3 bilhões neste ano, o que representa uma queda de 16,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo o Ministério da Economia, esse foi o pior resultado, para esse período, em três anos. Em julho, o superávit da balança comercial foi de US$ 2,2 bilhões.
O saldo positivo é resultado dos US$ 20 bilhões em exportações e US$ 17,7 bilhões de importações em julho.
STF x Lava Jato 1
Investigações na Receita
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu todas as investigações da Receita Federal que atingem integrantes da Suprema Corte e outras autoridades.
A decisão abrange ao menos 133 processos investigativos da Receita, que segundo o ministro foram abertos sem explicações técnicas.
Na sentença, Moraes revela que a argumentação do órgão para abrir os procedimentos se basearam em "notícias da imprensa".
A decisão ocorre no mesmo momento em que uma mais uma reportagem com base nas mensagens dos celulares de procuradores da Lava Jato revela uma atuação suspeita da Força-Tarefa.
O procurador Delta Dellagnol, coordenador da Força-Tarefa, teria incentivado colegas, segundo o material, a investigar o ministro Dias Toffoli, do STF, e sua mulher.
Em tese, Dellagnol não tem competência para investigar integrantes do Supremo.
STF x Lava Jato 2
Cópia de material apreendido
Uma outra decisão monocrática do STF também contrariou os interesses da Força-Tarefa da Lava Jato e o ministro da Justiça, Sergio Moro.
O ministro Luiz Fux determinou que o material apreendido com os hackers que violaram o sigilo telefônico de dezenas de autoridades não seja destruído, como defendeu Moro.
Fux atendeu um pedido do PDT para que as provas não fossem destruídas. Mas foi além da petição do partido e determinou envio de cópia do processo e das provas, que estão sob segredo de Justiça, ao STF.
Elas devem ser anexadas nesse processo. Ou seja, independente do destino que o juiz Vallisney Oliveira dê para elas, uma cópia está resguardada pelo Supremo.
Orçamento
Estatais e investimentos
As estatais passaram por uma transformação nos últimos quatro anos, reduzindo seus quadros, melhorando os resultados, mas investindo bem menos.
Um balanço elaborado do Ministério da Economia revelou que os investimentos executados pelas empresas públicas recuaram de 19,7% do orçamento das companhias no primeiro trimestre de 2016 para apenas 6,7% no mesmo período de 2019.
No grupo Petrobras, por exemplo, a queda do investimento foi de 21,6% para 6,7% em quatro anos, sendo que no primeiro trimestre deste ano, o montante chegou a R$ 6,9 bilhões.
No grupo Eletrobras, a taxa caiu de 15,6% para 8% entre 2016 e 2019, ficando em R$ 400 milhões entre janeiro e março.
Os defensores da privatização das estatais veem esse movimento como uma preparação para essa etapa, com as empresas mais enxutas e menos alavancadas.
Veja aqui um panorama das estatais.
Eletrobras
Governo quer privatizar neste ano
A Eletrobras vai aprofundar estudos para sua privatização por meio de aumento de capital social, que pode ser feito pela emissão de novas ações ou por uma reestruturação da empresa.
O objetivo do governo é privatizar a estatal ainda este ano, mas o processo vai depender do Congresso.
Petrobras
Vendas puxam lucro
O lucro da Petrobras deu um grande salto no segundo trimestre, puxado principalmente pela venda da Transportadora Associada de Gás (TAG).
A estatal informou um lucro de R$ 18,9 bilhões entre abril e junho, um aumento de 368% em relação ao resultado entre janeiro e março.
Segundo a Petrobras, o resultado reflete o ganho de capital de R$ 21,4 bilhões com a venda da TAG, da menor provisão para perdas com processos judiciais, em R$ 514 milhões, e do ganho com ressarcimento de R$ 309 milhões da Operação Lava Jato.
AGENDA
Correios - O presidente Jair Bolsonaro se reúne, às 10 horas, com o presidente dos Correios, Floriano Peixoto.
Brics - O ministro da Economia, Paulo Guedes, se reúne, às 10h, vice-presidente do Banco dos Brics, Sarquis José Buainain Sarquis.
Fipe - A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas divulga o Índice de Preços ao Consumidor de junho.
EDUCAÇÃO
Levantamento - Consultoria aponta que Londres, Tóquio e Melbourne são as melhores cidades para intercâmbio.
SABER
Descoberta - Cientistas descobrem três novos planetas fora do sistema solar.
SUSTENTÁVEL
Desmatamento - Inpe afirma que confia na qualidade dos dados produzidos pelo Deter, o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real.
TECH
Etapas - Telegram passa por mudanças na segurança após ataque hacker no Brasil.
BEM-ESTAR
Saúde - OMS alerta para os riscos dos cigarros eletrônicos.