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Uma festa brasileira, com certeza

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Atualizado às 07:39

É aconselhável a gente esquecer aqueles 6 a 2 de novembro de 2008 e não só porque amistoso é amistoso, Copa é Copa.

Aquele Portugal goleado em Brasília jogou com Quim, Bosingwa, Pepe, Paulo Ferreira e Bruno Alves na defesa. Este Portugal que o Brasil vai encarar na sexta-feira, 25, se defende com Eduardo, Miguel, Bruno Alves, Ricardo Carvalho e Fábio Coentrão, ainda não sofreu gol na Copa e só foi vazado uma única vez nos dez últimos jogos.

Não há motivo para aflição, porém. Mesmo sem Kaká e talvez sem Elano, provavelmente com Julio Baptista e Daniel Alves, o Brasil tem todas as condições de vencer Portugal com alguma tranquilidade. E nem precisa da vitória. Um simples 0 a 0 assegura o primeiro lugar do Grupo G e também bastará para garantir a sobrevivência de Cristiano Ronaldo e companhia na Copa do Mundo.

Cômodo, não ?

Acontece que comodidade não é exatamente o que o grupo comandado por Dunga procura na Copa. Ainda bem. A Seleção quer vencer. E precisa vencer. O empate basta matematicamente, mas não é de matemática que se fazem os sonhos brasileiros numa Copa do Mundo. A menos que Dunga imite dom Diego e escale um time majoritariamente reserva, com as vantagens e os riscos consequentes, vencer Portugal será vital para o ânimo do time - e da torcida ! - no restante da caminhada em busca do hexa.

A vitória sobre a Costa do Marfim, depois da estreia pouco convincente diante da Coreia do Norte, mostrou uma Seleção capaz de fazer as pazes em campos sul-africanos com o futebol de toques e envolvimento que sempre caracterizou o futebol brasileiro. Finalmente ! Ainda não se tinha visto tal magia nessa nova era Dunga. O estilo aguerrido no meio de campo e a opção preferencial pelos contragolpes mortais continuam, mas a bola de pé em pé, as triangulações e os toques curtos estão de volta.

É o novo Brasiiiil do comandante Dunga e sua intrépida tropa. Não é o futebol de encantamento até agora mostrado pelos argentinos, mas é muito mais consistente - sem perder o brilho, jamais.

Este Brasil tem tudo para ganhar a Copa, como tão bem definiu o doutor Eduardo Gonçalves de Andrade, mais conhecido como Tostão no mundo da bola : "A Argentina, por ter um repertório maior de jogadas ofensivas, tem mais chance do que o Brasil de golear uma equipe fraca. O Brasil, por ter melhores defensores e um sistema defensivo superior, tem mais chance de vencer a Argentina ou outro adversário mais forte".

Curiosamente, a ótima e badalada defesa brasileira cochilou nos minutos finais dos dois primeiros jogos - permitindo o gol de Ji Yun-Nam, aos 42 do segundo tempo nos 2 a 1 sobre a Coreia, e o de Drogba, aos 34 do segundo tempo nos 3 a 1 sobre a Costa do Marfim. Nos dois lances, relaxada com a vantagem brasileira no placar, a defesa bobeou, deixando sem cobertura os zagueiros que saíram de sua posição - Lúcio, no primeiro; Juan, no segundo - para dar combate a outro atacante adversário.

É uma desatenção que não se pode repetir nos próximos jogos. O time tem de levar para o campo a concentração e o sentimento aguerrido que marcam as poucas entrevistas de suas principais estrelas e do técnico Dunga. A defesa argentina bobeia às vezes porque é apenas mediana, a defesa brasileira só bobeou até agora por soberba. Nunca é demais lembrar que um jogo de futebol é como os antigos espetáculos do vascaíno Chacrinha - só acaba quando termina.

Em sua página no Twitter, Romário fez uma importante recomendação : "Parceiro Dunga, não perca o foco, vamos em frente, faltam cinco jogos !" Ou seja : como milhões de torcedores, o baixinho atrevido quer que Dunga e seus boleiros se preocupem menos com os críticos e mais, cada vez mais, com os adversários. Está chegando aquela hora em que cada jogo é um exercício de matar ou morrer. Daqui para frente, Portugal é o único adversário que não pode matar o Brasil.

Mesmo assim, quer estragar a nossa festa, como lembra o volante/meia Tiago, que substitui muito bem o brasileiro Deco na seleção de Carlos Queiroz e não consegue esquecer os 6 a 2 de 2008 : "Nós não queremos esquecer aquela derrota. São jogos diferentes, é claro, mas temos agora a oportunidade de devolver. E queremos ganhar esse jogo, sem dúvida".

É bom que eles se animem antes que a bola role no campo já um tanto maltratado do Moses Mabhida, em Durban. Quando rolar a bola, será uma festa brasileira, com certeza.

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Confira a tabela da Copa do Mundo 2010 - clique aqui.

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