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A qualidade dos alimentos: dá para confiar?

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Atualizado às 08:24

Se já não bastassem os problemas com carboidratos, proteínas, gorduras, calorias etc. que atingem crianças, jovens, adolescentes, adultos, idosas e idosos, enfim, todos os consumidores e consumidoras,  a cada dia fica mais claro que, na sociedade capitalista contemporânea, que só conhece o lucro e só pensa nele, muitos produtos vendidos são falsificados, adulterados e deteriorados. E, infelizmente, não se trata apenas de "vender gato por lebre". Há muitos produtos autênticos que fazem mal por suas próprias substâncias, por falta de informação ou por informação imprecisa etc.

N'outro dia,  meu amigo Outrem Ego me perguntou: "Como é que a gente pode identificar se os produtos que ingerimos são, de fato, de boa qualidade?". Realmente, é difícil fazer essa identificação. Em boa parte das vezes, o consumidor e a consumidora se servem dos olhos e do nariz: aparência e cheiro são boas alternativas para se aferir qualidade, mas nem sempre dá certo. E depois, quando experimenta, o sabor também é referência.

Claro que se pode lançar mão das cautelas tradicionais como, por exemplo, quando for adquirir carnes vermelhas, verificar se elas apresentam zonas (ou manchas) escurecidas ou zonas ou pontos secos, sinais de deterioração. Ou, então, nunca comprar carne moída que já estava triturada quando se chegou no açougue ou balcão de carnes do supermercado (Deve-se sempre escolher a carne inteira e pedir para moer à vista). Também não se deve comprar carne de porco que apresente pequenas bolinhas brancas (conhecidas como "canjica").

Bem, como comecei, deixe-me lembrar das cautelas para compras de aves: a sua carne estará boa quando tiver consistência firme, cor amarelo-pálida, brilhante e com odor (cheiro) suave, e estará deteriorada quando: apresentar cor esverdeada; sua consistência não estiver firme; e/ou apresentar cheiro forte.

E, quanto aos peixes, o consumidor ou a consumidora só deve adquirir os que tiverem o corpo rijo (duro), escamas firmes e os olhos salientes e brilhantes. Já os peixes secos, como o bacalhau, estarão deteriorados se apresentarem manchas úmidas ou avermelhadas.

Assim, quer o consumidor e a consumidora compre os próprios alimentos para preparar quer os compre prontos, deve lembrar que o mercado está repleto de fraudes de todo tipo e também de produtos deteriorados,  que transmitem doenças nem sempre de forma rápida a se poder perceber o que causou o mal (O que gera um grande problema de prova e investigação - pessoal ou pelas autoridades).

Realmente, esse mundo capitalista, às vezes, é de arrepiar e de tirar o apetite!

Não é à toa que alguns bons restaurantes, desde há muito tempo, passaram a abrir suas cozinhas para que os clientes possam ver como a comida está sendo preparada ou, pelo menos, permitem que eles façam uma visita nas instalações. Porém, nem sempre isso é suficiente - lembremos das carnes preparadas, dos embutidos etc.

Por isso, inclusive, os consumeristas dizem que um bom modo de conhecer a higiene do restaurante é ir, antes de mais nada, ao banheiro local. Se ele estiver asseado, é um bom começo. Mas, se nem o banheiro, que é escancarado ao olhar dos clientes, está limpo, o que se dirá do resto? Claro que, como diz meu amigo, Outrem Ego, "Dá para 'maquiar' o banheiro. Este pode estar tinindo, lindo, cheiroso e ainda assim a comida não estar no mesmo padrão. Não é fácil mesmo a vida dos consumidores e consumidoras, especialmente se estiver com fome".

Essa situação de fragilidade dos consumidores e consumidoras em relação aos serviços e produtos oferecidos e adquiridos, já disse mais de uma vez aqui nesta coluna, é uma característica universal e que a nossa lei de proteção expressamente reconhece: sua vulnerabilidade, porque não só não têm acesso aos meios de produção e distribuição como é obrigado a acreditar (confiar) nas informações que se lhes dirigem.

Há, é verdade, bons produtos e bons fornecedores, mas nenhuma área está isenta de fraudes e/ou problemas de qualidade. Podem ser produtos "in natura" ou industrializados.