A pandemia acelerou uma forma de fixar o preço dos produtos e serviços oferecidos. Quase como um vírus, o método parece que afetou quase todos os anunciantes.
Eu, mais de uma vez, perguntei: o que é preço?
Respondo que é o valor que o fornecedor pretende receber pelo produto ou serviço oferecido. Naturalmente, o preço é sempre à vista. Isto é, o preço é sempre o de seu valor presente. O que pode variar é a forma de pagamento: à vista, a prazo, em parcelas, em dinheiro ou pelo cartão de crédito, via boleto etc.
E as liquidações?
Bem, elas eram aquele momento - às vezes, muito aguardado pelo consumidor - em que os produtos e os serviços eram vendidos com descontos (grandes ou pequenos). Ainda é assim na black Friday (embora, haja muita fraude por aí...) e em outras liquidações sazonais.
Pois bem. A moda, agora, generalizada é fixar o preço com desconto. Isso! Parece que não existe mais preço certo e sim preço "com desconto". Sempre. Até em curso de em Faculdade, graduação, especialização, em várias modalidades, o que inclui, direito, o preço já aparece com desconto.
"Aproveite: 30% off"
"Compre agora: 50% de desconto"
E por aí vai.
Claro que o consumidor gosta de desconto. Mas, se o preço é fixado logo de início com desconto, então, se conclui que não há desconto. Simples assim. Isso porque quem fixa o preço é o fornecedor. Se ele ia fixar, por exemplo, em R$100,00, quando desse o desconto seria menor do que aquele preço inicial. Mas, não. Ele fixa em R$200,00 e dá 50% de desconto para chegar no valor querido no começo.
Pegou!
Sei que não é ilegal, pois é claramente apresentado. Mas, em alguns casos beira ao ridículo.
Há, por exemplo, um anúncio que aparece insistentemente nos canais pagos que oferece uma "cinta para emagrecimento" (não vou entrar no mérito sobre ser enganosa ou não a publicidade, pois não é o escopo do presente artigo...). Muito bem. No referido anúncio o preço aparece com 80% de desconto. Isso! 80% de desconto!
E não é nenhuma promoção, pois o anúncio está no ar há semanas.
Há mais. O anúncio diz que se o consumidor compra uma cinta, ganha outra de presente!
Ou seja, com 80% de desconto. O preço é de apenas 20%. Ganhando mais uma, são 2 por 20%. Logo, uma custa apenas 10%.
Então, o preço do produto é de 10% do valor anunciado.
É o pagamento é feito em 10 parcelas sem acréscimo. Assim, o consumidor compra o produto pagando por ele 1% ao mês (por 10 meses) para atingir os 10%.
Será mesmo que o consumidor compra por causa disso?
Meu caro leitor, com pandemia ou sem pandemia do coronavírus, o fato é que na sociedade capitalista existe uma outra pandemia eterna, que é essa de tentar vender a qualquer custo (com altos descontos...), mesmo sendo assim tão pueril.