Condenação
Acusado de matar Arthur Sendas é condenado
A sentença foi lida pelo juiz Fábio Uchoa, titular do 1º Tribunal do Júri, às 23h30, nove horas após o início do julgamento, que foi acompanhado por um plenário lotado por familiares e amigos do empresário e do réu. De acordo com a promotora Patrícia Glioche, o motorista praticou um crime covarde e à traição pela simples suspeita de que seria demitido por Arthur Sendas.
"Nos aterroriza essa futilidade. Só uma pessoa que fosse da inteira confiança da família poderia entrar naquela casa. O que houve foi uma grande traição", afirmou.
O advogado José Maurício Neville, que sustentou a defesa do motorista, anunciou em plenário que irá recorrer da sentença, pois, no seu entender, o júri votou contrariamente às provas contidas no processo. Durante os debates, ele chegou a pedir aos jurados que desclassificassem o crime para homicídio culposo - quando não há a intenção de matar.
Ao longo do julgamento, que começou às 14h30, no plenário do 3º Tribunal do Júri - o 1º Tribunal está em obras - foram ouvidas quatro testemunhas de acusação. A principal delas, a empregada da casa que abriu a porta para Júnior e esteve com Sendas segundos antes do tiro, afirmou que não houve discussão entre o empresário e o réu.
A primeira pessoa a ser ouvida, na condição de informante, foi a viúva de Sendas, Maria Ablen Sendas. Ela contou que no dia do assassinato os dois chegaram em casa, no Leblon, por volta das 21h. Mais ou menos à meia noite, ela desligou a TV e Sendas deitou-se para ler. Foi quando a empregada da casa, Claudia, interfonou da cozinha para o quarto do patrão, dizendo que Junior estava na porta, querendo falar com ele. Sendas disse que falaria pelo interfone, mas Roberto insistia, dizendo que precisava falar pessoalmente, pois seu pai havia sofrido um acidente.
"Meu marido então foi atendê-lo na área de serviço e pouco tempo depois eu ouvi um estampido, mas não sabia que se tratava de um tiro. Como ele demorava para voltar para o quarto, fui procurá-lo e vi que a cozinha estava vazia. Foi quando a Cláudia apareceu, chorando, dizendo que Arthur estava baleado e que precisávamos chamar uma ambulância", contou.
A segunda a depor foi a empregada do casal, Claudia Martins, que confirmou o que Maria Sendas havia relatado. "Quando o 'seu' Arthur chegou na cozinha, fui andando atrás dele para ir para o meu quarto. Virei então para a direita e ele abriu a porta que dava para a área. Eu tinha dado apenas uns quatro passos quando ouvi o tiro, ou seja, "seu" Arthur foi baleado assim que colocou os pés na porta e não houve nenhum diálogo entre ele e o assassino", contou a empregada.
O pai de Junior, Roberto Costa, que era motorista da família há anos, disse que ficou sabendo pelo chefe da segurança do empresário que seu filho havia atirado em Sendas. Ele confirmou que Junior possuía uma arma e que estava com ela no dia do crime. Roberto Costa afirmou ainda que o filho disse que atirou acidentalmente no patrão. Na época do crime, Junior, que era motorista do neto de Sendas, João Arthur, estava sem trabalhar porque João estava viajando e havia um rumor de que Arthur Sendas ia parar de remunerá-lo e provavelmente despedi-lo.
O último a depor foi João Arthur Sendas, que disse que o réu trabalhava com ele há cerca de oito anos e que o viu armado algumas vezes. Ele falou ainda que estava viajando no dia do crime que não sabia de ninguém que tivesse algo contra o seu avô. O advogado do réu dispensou todas as testemunhas de defesa.
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