Migalhas Quentes

Patrimônio histórico de Mariana/MG, Igreja da Sé foi alterada de forma indiscriminada

Uma das mais importantes cidades históricas de MG, Mariana, famosa pelas ruas em paralelepípedos, foi a primeira vila, cidade e capital do Estado. Por lá, os atrativos turísticos são diversos.

6/5/2009


Mudaram a história...

Patrimônio histórico de Mariana/MG, Igreja da Sé foi alterada de forma indiscriminada

Uma das mais importantes cidades históricas de MG, Mariana, famosa pelas ruas em paralelepípedos, foi a primeira vila, cidade e capital do Estado. Por lá, os atrativos turísticos são diversos.

Um deles, em especial, já chamou a atenção de Migalhas : é a Catedral de Nossa Senhora da Assunção, ou Igreja da Sé, como é popularmente conhecida.

Em 2004 (Migalhas 839 – 9/1/04), quando procurava o Ômega-chevrolet roubado do ministro da Justiça, nosso amado Diretor visitou a cidade. Lá, com indizível espanto, deparou - a meio da esplendorosa explosão barroca setecentista - com uma muito mais recente imagem de N. Sra. Aparecida, colocada num altar antes ocupado por Santo Antônio (à direita), hoje transformado num sem-teto, colocado logo abaixo da imagem de Santa Luzia (à esquerda).

E de lá para cá, nada mudou.

Foi o que constatou um migalheiro que esteve neste último feriado em Ouro Preto, e passou pela vizinha Mariana para rever a belíssima Catedral da Sé.

Para Migalhas, o caso chama a atenção por ser a referida igreja a sede do bispado de Mariana. Como se trata de patrimônio da humanidade, em tese é crime alterar, não só a estrutura, como também sua decoração.

Sabe-se que a devoção popular às vezes motiva certos atos, mas o bispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, atual presidente da CNBB, não pode ceder a estas coisas, e bem que poderia deixar a Sé livre destes anacronismos. E se diz anacronismos, porque há mais coisa na igreja que não tem nada a ver com sua história.

Mas afora a Sé, as igrejas de Mariana e de Ouro Preto estão cada vez mais belas. Vale a visita.

A histórica Catedral da Sé de Mariana

O fundador da primeira Capela da Assunção (antiga Capela de Nossa Senhora da Conceição) foi o capitão português Antônio Pereira Machado no ano de 1703. Pouco tempo depois, com a criação da vila de Mariana e a transferência do bispo de Maranhão Dom Frei Manoel da Cruz para a localidade, a coroa portuguesa determinou que se construísse uma Igreja Matriz em um local privilegiado da vila. Começava assim as obras de adaptação/estruturação da Igreja. José Pereira Arouca e Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho, utilizaram taipa de pilão e madeira na construção. Sua fachada é simples, típico das Igrejas seiscentistas, com predominância de linhas retas.

Internamente a Igreja preserva um dos mais ricos e significativos conjuntos de ornamentação, revelando as várias etapas do barroco luso-brasileiro. Vale destaque o conjunto de altares em madeira talhada e coberta de ouro fosco e polido, além do lavabo da sacristia, cuja autoria se deve ao mestre Aleijadinho. O teto da Capela-mor apresenta elementos arquitetônicos e pinturas referentes aos Santos Cônegos e a nave central exibe uma pintura que simboliza a elevação da Virgem entre nuvens e anjos, juntamente com o brasão Imperial.

O órgão Arp Schniger

Construído entre 1701 e 1710 em Hamburgo e instalado na Igreja Catedral de Nossa Senhora da Assunção desde 1753, possui um valor artístico e histórico inestimável. Dentre os cerca de 170 instrumentos construídos por Schnitger nos restaram ainda 30, inteiros ou parcialmente conservados, e em Mariana encontra-se o único deles a estar fora da Europa. Enviado inicialmente a uma Igreja Franciscana em Portugal, o órgão chegou ao Brasil em 1753, como presente da coroa portuguesa ao primeiro Bispo de Mariana.

Após muitos anos de funcionamento ininterrupto, por volta da década de 30 o órgão da Sé parou de funcionar. Somente na década de 70, após pesquisas sobre a sua procedência e do reconhecimento de sua importância para o acervo de instrumentos musicais não só brasileiro, mas também mundial, foi feito um esforço concentrado para a restauração do instrumento.

Reinaugurado em 1984 o Órgão Arp Schnitger voltou a ser centro da vida musical de Mariana, acompanhando missas e celebrações litúrgicas, além de ser apresentado em concertos regulares e internacionais. Embora o órgão estivesse tocando e funcionando bem, algumas características importantes que não puderam ser reconstruídas foram deixadas para uma segunda etapa, feita por iniciativa da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana, que teve início em julho de 1997, com a visita de Bernhard Edskes a Mariana, e foi concluída em fevereiro de 2002 com a entrega oficial do instrumento.

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