Minimizar riscos
TST - Empresa de ônibus paga por omissão em assassinato de motorista
A Terceira Turma do TST manteve decisão da Justiça do Trabalho da 17ª região que condenou a empresa a pagar indenização à viúva do motorista.
Segundo o relator do recurso de revista, ministro Alberto Bresciani, para uma empresa de transporte rodoviário de passageiros, o dever geral de cautela assume maior relevância, pois "a atividade desenvolvida expõe seus empregados e usuários a riscos de morte". O relator destacou conclusão do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª região de que, "mesmo diante da notória situação dos assaltos a coletivos", nenhuma medida foi adotada pela Viação Satélite para aumentar a segurança dos seus empregados.
A Terceira Turma, seguindo voto do relator, negou provimento ao recurso. da Satélite. O ministro Alberto Bresciani ressalvou que, "inda que a empresa não esteja obrigada a instalar nos veículos de sua frota cabines blindadas, ou a fornecer coletes à prova de balas, tem por obrigação propiciar um ambiente de trabalho seguro, com o objetivo de evitar acidentes fatais, como o que ocorreu no caso".
Assaltos frequentes
Era a primeira viagem do dia 19/08/1999, às 5h30 da manhã, e havia R$12 no caixa e apenas um passageiro no veículo. O cobrador contou que uma pessoa entrou e anunciou o assalto, no percurso entre Carapina e Nova Rosa de Penha. O bairro Nova Rosa de Penha, segundo depoimentos prestados à 7ª Vara do Trabalho de Vitória/ES, é um dos mais perigosos da cidade de Cariacica.
O motorista, que já havia ajuizado reclamação trabalhista contra a empregadora, substituía um colega de férias e morreu ao ser atingido por disparos de arma de fogo no assalto. Segundo o cobrador, o colega já havia escapado de outro assalto. Mais ainda, relatou que os empregados que trabalham nessa linha sofrem muitas ameaças.
Na inicial da ação, a representante do espólio e viúva do motorista requereu indenização de R$ 405 mil, dos quais R$ 300 mil por danos morais. A 7ª vara de Vitória concedeu o pedido, cujo valor foi alterado posteriormente, somente quanto aos danos morais, pelo TRT da 17ª região, para 50 salários mínimos, o que hoje seria equivalente a R$23.250, e manteve o valor de R$105 mil para danos materiais.
A Viação Satélite recorreu ao TST contra a condenação. Seu argumento foi o de que assalto à mão armada é caso fortuito, e que "cabe ao Estado promover a segurança e a integridade física da população". De acordo com o ministro Bresciani, no entanto, "a escalada da violência não serve de argumento para a incúria do empregador, que, na espera de políticas públicas, descuida-se da segurança, saúde e higiene dos seus empregados".
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Processo : RR-295/2004-019-10-00.6 - clique aqui.
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