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Mediação transforma cartório da 3ª Vara de Família e Sucessões do Fórum de Santo Amaro/SP

Funcionários insatisfeitos, de cara amarrada, brigas constantes, 12,5 mil processos acumulados, com pastas espalhadas até pelos corredores: esse era o ambiente de trabalho no cartório da 3ª Vara de Família e Sucessões do Fórum de Santo Amaro, em São Paulo, até o primeiro semestre de 2007.

18/2/2009


Gestão e Mediação

Mediação transforma cartório da 3ª Vara de Família e Sucessões do Fórum de Santo Amaro/SP

Funcionários insatisfeitos, de cara amarrada, brigas constantes, 12,5 mil processos acumulados, com pastas espalhadas até pelos corredores : esse era o ambiente de trabalho no cartório da 3ª Vara de Família e Sucessões do Fórum de Santo Amaro, em SP, até o primeiro semestre de 2007.

Nesse período, teve início o trabalho de mediação, desenvolvido pelo Grupo de Gestão e Mediação, composto por cinco profissionais especializados nessa disciplina que começa a ser aplicada no Brasil.

Em janeiro de 2009, o ambiente era outro : espaços amplos e organizados, gestão informatizada dos processos, que se reduziram a 6.656 - queda de 47% em relação a junho de 2007. Isto apesar de entrarem cerca de 500 novos processos nessa instância ao mês, em média.

Essa melhoria numérica foi retratada também por pesquisa realizada em dezembro de 2008, que mostra a transformação radical no cartório da 3ª Vara de Família e Sucessões do Fórum de Santo Amaro.

As entrevistas feitas com 12 funcionários, de todos os níveis, e usuários do cartório, um ano após a conclusão do trabalho de mediação, registram a mudança positiva na repartição pública. O trabalho aponta caminhos para melhorar a eficiência e diminuir a reconhecida morosidade do Judiciário brasileiro.

Em 2008, o Grupo de Gestão e Mediação realizou o monitoramento do trabalho, concluído em novembro de 2007, com visitas periódicas ao Fórum.

"Nossas metas, definidas em conjunto com os funcionários e a direção da 3ª Vara de Família ao final do trabalho, propunham a conquista desses resultados, tangíveis, e outros, subjetivos, mas muito importantes, como a melhoria do relacionamento profissional, debates sobre os problemas e possíveis soluções, formação de comissões de funcionários para discussões e representação perante à direção", explica o consultor Mathias Wolff, do Grupo de Gestão e Mediação.

"A maioria das metas foi conquistada e, como conseqüência, o ambiente de trabalho melhorou e aumentou a produtividade, com a decorrente diminuição do número de processos", diz Wolff.

O trabalho foi desenvolvido ao longo de 2007 pelo Grupo de Mediação e Gestão de Conflitos, a convite da dra. Léa Duarte, juíza titular da 3ª Vara, que havia detectado sérios problemas de relacionamento e conflitos entre os funcionários e que repercutiam no ambiente de trabalho e na produtividade.

O cartório é a porta de entrada e responsável pelo trâmite burocrático; segundo pesquisa de 2007 realizada em fóruns paulistas pela FGV/SP, por solicitação do MJ, os cartórios são responsáveis por 80% da morosidade no Judiciário. Nesse período, reuniões quinzenais com funcionários de todos os níveis foram 'mapeando' os problemas e, nelas, discutiam-se as soluções para eles, transcritas em uma espécie de 'carta-compromisso' dos funcionários no final de 2007.

Na opinião da juíza titular da 3ª Vara de Família, dra. Léa Duarte, "as modificações são incríveis, porque os funcionários mesmos aprenderam a se organizar e eles próprios determinam suas necessidade, vêem as prioridades, sem a intervenção do juiz. O cartório ficou mais independente. Hoje, eles têm um respeito maior pelo público, uma maneira de se comportar muito diferente".

Além das melhorias obtidas com o trabalho de mediação, o cartório da 3ª Vara de Família também obteve vantagens com a duplicação do espaço ocupado pela repartição, que trouxe benefícios palpáveis para funcionários e usuários, ressaltados por todos.

Mediação

Bem sabem os migalheiros que mediação é uma prática de resolução de conflitos. O mediador não trabalha como um juiz, advogado ou terapeuta. Ele atua como facilitador do diálogo, possibilitando que as partes envolvidas no conflito possam conversar entre si sobre as suas diferentes visões da situação.

Como prática vem sendo utilizada a partir da década de 1970 em vários países – EUA, Canadá, França, Argentina e Chile. No Brasil, vem crescendo de uma forma bastante rápida e deve se tornar tão conhecida quanto a conciliação, arbitragem e a negociação, procedimentos mais usados hoje em nosso país.

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