Renato Consorte
A paixão pelos palcos falou mais alto...
"Renato Consorte estudou Direito na Faculdade de Direito da USP, Turma de 1956. Embora não tenha se formado, nunca perdeu o contato com a comunidade jurídica. Dessa Turma também fizeram parte meu pai, Umberto D'Urso, e outras figuras ilustres da advocacia e da vida pública nacional como Rubens Approbato Machado, Pedro Piva, Luiz Carlos Santos, Mario Chamie, entre outros. Renato deixa saudades por ter sido um artista inquieto, pelo seu comprometido com os valores democráticos e por deixado uma valiosa contribuição no âmbito do teatro, do cinema e da televisão", afirmou D'Urso".
A paixão de Renato Consorte pelas artes começou dentro da própria Faculdade de Direito, quando integrou a "Caravana Artística XI de Agosto", do Centro Acadêmico da Faculdade, tendo viajado pelo Interior do Estado como ator e cantor. Tinha uma forte veia humorística que acabou levando-o para o TBC – Teatro Brasileiro de Comédia e para a companhia de cinema Vera Cruz. Foi jubilado do Curso de Direito no quarto ano. Fez 40 filmes, inúmeras peças e novelas.
"O bom de orelha"
Descendente de italianos, nascidos na região de Abuzzos, Renato Consorte nasceu no centro da capital paulistana, a 27 de outubro de 1924, mais precisamente na Rua Aurora, naquela época um local aristocrático.
Estudou na famosa Caetano de Campos e, já moço, queria fazer medicina, mas foi influenciado por Ibrahin Nobre para fazer Direito. Entrou na Faculdade do Largo de São Francisco. Não terminou jamais, pois ele gostava mesmo era de música, de fazer graça, de se apresentar num palco.
Fez parte da "Caravana Artística XI de Agosto", da Faculdade e viajou por todo o interior, cantando, representando.
Suas gaiatices ficaram famosas, e ele inventou uma fala "de araque", isto é, que ele falava sem nada dizer. Era o maior brincalhão. Mas tinha realmente jeito para o palco. E foi assistido por Alda Garrido, quando fazia dublagem do famoso cantor americano Bing Crosby. Ele não aceitou o convite que ela lhe fez, pois ainda estava convicto de que queria ser advogado. Em seguida conheceu Inezita Barroso, a grande cantora, e Paulo Autran. Não resistiu.
Era tentação demais. Acabou sendo "jubilado" da Faculdade, quando já estava no 4º ano, e sendo contratado pelo TBC -Teatro Brasileiro de Comédia. E foi também para a Vera Cruz, empresa cinematográfica brasileira, onde fez 18 filmes. Foi um dos primeiros funcionários contratados pela Vera Cruz. Continuava, porém no teatro, e já na televisão.
A Record tinha sido inaugurada, e ele cantava, dançava, representava, e era ainda apresentador de programas.
Foi do elenco da famosa série "Família Trapo". Logo transferiu-se para o Rio de Janeiro, para o TBC carioca. Passou para a TV Rio e participou do quadro humorístico "Seu Obturado", junto com Walter D’Ávila.
Na TV Tupi do Rio fez "Gabriela, Cravo e Canela", por volta de 1960. Mas era irriquieto, o jovem paulistano. Voltou para São Paulo, para a TV Bandeirantes e para a TV Paulista. À seguir, na Rádio Mayrink Veiga do Rio de Janeiro. Na TV Paulista ficou famosa uma apresentação sua, em que dançava e regia a Orquestra Sinfônica. Como não sabia ler música, teve que decorar toda a partitura, o que conseguiu em poucos dias. Era "bom de orelha", como diz o próprio Renato.
Esteve ainda na TV Cultura, nos anos 70 e fez a novela "Meu pedacinho de chão", de Benedito Ruy Barbosa. Era free-lancer na maior parte das vezes. E como já tinha casado e constituído família, mantinha apartamento alugado no Rio, para levar para lá a esposa e os filhos, que já tinham nascido. Na TV Tupi de São Paulo, entre outros programas, fez "Papai Coração". E, na Manchete, anos depois, fez a novela 'Ana Raio e Zé Trovão".
Passou também pela Excelsior de São Paulo, na novela "Um certo Capitão Rodrigo", no papel de Padre Lara. Fez muita coisa também na TV Globo, sendo também produtor e diretor de programas. Mas o teatro continuava a ser sua paixão maior.
Fez: "Assim é se lhe parece", "Bonito como um Deus", "Música, divina música", "Peguei um ita no Norte", e inúmeras outras peças, sendo que fez um sucesso estrondoso em "Porca Miséria", de Marcos Caruso e Jandira Martini, que ficou sete anos e meio em cartaz e que viajou o Brasil inteiro.
Também da Vera Cruz nunca se afastou, tanto que cuidou do acervo para a Secretaria de Cultura de SP. Seu material cenográfico, com todos os filmes que ali foram feitos, estão no MIS, de São Paulo.
Por fim, resta lembrar das palavras do incansável, irrequieto, extrovertido Renato, que sempre teve um profundo respeito por Deus, pois como ele mesmo já disse : "Tive um encontro com Ele, quando o avião em que eu estava caiu e eu me salvei com 60% do corpo queimado, e muitos ossos expostos. É por isso que digo que Deus é o Supremo, é a força total, é o apoio absoluto. Sendo assim, tudo o que quero é ser bom, ser alegre e fazer o meu próximo feliz".
Seus filmes
-
1950 - Caiçara
-
1951 - Ângela
-
1951 - Terra É sempre Terra
-
1952 - Apassionata
-
1952 - Sai da Frente
-
1952 - Tico-Tico no fubá
-
1952 - Veneno
-
1953 - Esquina da Ilusão
-
1953 - Família Lero-Lero
-
1953 - Sinhá Moça
-
1954 - É Proibido Beijar
-
1954 - Floradas na Serra
-
1954 - Na Senda do Crime
-
1955 - Rio 40 Graus
-
1957 - A Baronesa Transviada
-
1957 - Osso, Amor e Papagaios
-
1959 - Garota Enxuta
-
1959 - Um Caso de Polícia
-
1961 - Ladrão em Noite de Chuva
-
1962 - Os Mendigos
-
1964 - Pluft, o Fantasminha
-
1968 - Cristo de Lama
-
1968 - O Bandido da Luz Vermelha
-
1974 - Gente que Transa
-
1976 - Sabendo Usar Não Vai Faltar
-
1979 - Ato de Violência
-
1979 - O Coronel e o Lobisomem
-
1979 - O Menino Arco-Íris
-
1980 - Curumim
-
1981 - Eles Não Usam Black-Tie
-
1984 - Cavalinho Azul
-
1984 - O Baiano Fantasma
-
1986 - Sonho Sem Fim
-
1987 - Os Trapalhões no Auto da Compadecida
-
1991 - Sua Excelência, o Candidato
-
1994 - Sábado
-
2005 - Cafundó
-
2005 - O Casamento de Romeu e Julieta
-
2006 - Boleiros 2
-
2007 - O Homem que Desafiou o Diabo
_______________