Violência e Impunidade na Faculdade de Direito da PUC-SP
Sete pitboys, alunos de Direito da PUC-SP, foram acusados de ter espancado dois colegas durante os jogos. Uma das vítimas foi surrada em duas ocasiões, em dois lugares diferentes e saiu da cena do crime para a Santa Casa da cidade, onde ficou por algumas horas, com suspeita de fratura do osso temporal direito. (Veja abaixo a carta enviada à redação de Migalhas por Breno Ferreira Martins Vasconcelos, estudante que sofreu uma fissura no osso temporal direito.)
Passado mais de um ano, só agora a reitoria da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) puniu os culpados. No último domingo, em sua coluna no jornal “Folha de S.Paulo”, o jornalista Elio Gaspari mostrou como desenrolou o caso. Veja abaixo:
A "Turma do Jiu-Jitsu" poderá fundar uma PitPuc
Elio Gaspari
A sindicância foi formalmente pedida pela Associação Atlética 22 de Agosto, entidade ligada ao diretório estudantil. Sua conclusão foi referendada "por inteiro" pelo diretor da Faculdade de Direito.
Os três professores da comissão recomendaram que os pitboys fossem expulsos da escola, pois "não reúnem as mínimas condições pessoais de se graduarem como bacharéis em direito por uma faculdade cujo primado é da solidariedade e do convívio humanitário". Pelo ritual, o rigor da sugestão remeteu o caso para a Reitoria.
O professor Ronca formou uma nova comissão, composta por dois professores de direito e uma de psicologia. Ouviram a defesa dos acusados, as vítimas e mais de uma dezena de testemunhas. Não houve consenso. Um professor recomendou três expulsões, outro pediu três suspensões. A professora decidiu que podia aceitar uma advertência, mesmo assim só para dois agressores, "aqueles que claramente estiveram desferindo socos contra seus colegas". Diante desse resultado, o reitor Ronca ficou na posição intermediária.
Absolveu quatro acusados e suspendeu três por 90 dias. Como reitor em Sorocaba, Ronca acabou com o trote violento e expulsou cerca de uma dezena de pitboys.
Os jovens punidos recorreram ao Conselho Universitário. Numa boa briga, mais de cem estudantes assinaram um manifesto perguntando: "Qual o futuro de uma das melhores universidades do país, nossa PUC-SP, onde a impunidade prevalece em suas próprias decisões?".
Grande caso para um seminário público sobre a eficácia do estudo na PUC para a prática do direito na rua.
* Folha de S.Paulo, 10 de outubro de 2004
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Hoje, na seção “Painel do leitor”, também do jornal “Folha de S.Paulo”, Antonio Carlos Caruso Ronca, reitor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo responde ao jornalista Elio Gaspari:
PAINEL DO LEITOR
PUC-SP
Antonio Carlos Caruso Ronca, reitor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (São Paulo, SP)
* Folha de S.Paulo, 14 de outubro de 2004
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O advogado Breno Ferreira Martins Vasconcelos, vítima dos pitboys durante os Jogos Jurídicos de Avaré em 2003, enviou à redação de Migalhas um relato do que sofreu. Veja abaixo o que diz o causídico e remeta a nossa redação sua opinião sobre o caso.
Escrevo-lhes de Bologna, Itália, onde faço uma pós-graduação. Sou advogado inscrito na OAB-SP, formado pela PUC-SP, turma de 2003. Fui vítima de um espancamento em maio do ano passado, nos Jogos Jurídicos Estaduais de Avaré, quando 7 outros alunos da mesma faculdade, sem qualquer motivo, me agrediram de forma brutal, chegando a causar-me uma "fissura no osso temporal direito".