Migalhas Quentes

STF: Maioria entende que escolas devem combater discriminação de gênero

Relator, ministro Fachin, destacou importância da educação na promoção da igualdade de gênero e orientação sexual.

27/6/2024

No plenário virtual, o STF formou maioria para interpretar dispositivo do PNE - Plano Nacional de Educação no sentido de que escolas públicas e particulares devem atuar para coibir diretamente práticas discriminatórias e bullying contra gênero e orientação sexual.

Até o momento, ministros Edson Fachin (relator), Dias Toffoli e Alexandre de Moraes entenderam que instituições de ensino devem impedir manifestações preconceituosas. Ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin também acompanharam o entendimento, porém, enfatizaram que as políticas de erradicação da discriminação devem ser adaptadas aos níveis de compreensão e maturidade dos alunos.

O caso

A ação, protocolada em 2014 pelo PSOL buscar que o STF dê interpretação conforme à CF ao art. 2º, III da lei 13.005/14, que define como diretriz do PNE - Plano Nacional de Educação (PNE) a "superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação".

O objetivo, segundo o partido, é que a diretriz seja interpretada para reconhecer explicitamente a obrigação das escolas públicas e particulares de coibir discriminações por gênero, identidade de gênero e orientação sexual, bem como coibir o bullying e outras formas de discriminação de cunho machista e homotransfóbico.

STF julga se regra do PND obriga escolas públicas e particulares a coibirem discriminações de gênero.(Imagem: Rafael Hupsel/Folhapress)

Voto do relator

Para o relator, ministro Edson Fachin, as escolas públicas e privadas devem coibir discriminações por gênero, orientação sexual, além de bullying, machismo e transfobia.

S. Exa. considerou necessário tornar explícito o reconhecimento dessa proteção. "Uma restrição a direitos fundamentais desta natureza não apenas deveria estar posta expressamente, senão também haveria de ser acompanhada de argumentos dotados de extraordinário peso que a justificassem", afirmou o ministro.

O ministro destacou a importância de combater todas as formas de discriminação, alinhando-se aos princípios de igualdade e dignidade humana estabelecidos na CF e em tratados internacionais de direitos humanos.

Fachin enfatizou a necessidade de uma interpretação ampla e inclusiva das metas do PNE, especialmente no que se refere à promoção da igualdade de gênero e orientação sexual. Para S. Exa., a educação deve ser um instrumento de combate a preconceitos e de promoção da igualdade.

O ministro também mencionou decisões anteriores do STF que trataram de questões de igualdade e não discriminação, como a ADIn 4.277, que reconheceu a união homoafetiva, e a ADO 26, que criminalizou a homofobia e a transfobia.

Ademais, apresentou estudos que mostram o impacto positivo da educação na redução de desigualdades sociais e econômicas, especialmente para mulheres, e argumentou que a inclusão de temas de gênero e orientação sexual nas diretrizes educacionais é essencial para essa redução.

Adaptação aos níveis de maturidade

Ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin votaram ano sentido de reconhecer a obrigação das escolas públicas e particulares de coibir discriminações baseadas em gênero e orientação sexual. Assim, concordaram, em parte, com o relator, destacando a importância de garantir que o PNE erradique todas as formas de discriminação.

Os ministros acrescentaram que a erradicação deve ser adaptada aos níveis de compreensão e maturidade dos alunos, conforme suas faixas etárias e ciclos educacionais. Afirmaram que a obrigação deve ser cumprida observando preceitos pedagógicos, adaptando o conteúdo e a metodologia aos diferentes alunos.

Veja os votos de Dino e de Zanin.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STF: Maioria garante acesso de pessoas trans ao SUS segundo necessidade biológica

27/6/2024
Migalhas Quentes

STF: Fachin vota para reconhecer que escolas devem combater discriminações

22/6/2024
Migalhas Quentes

STF considera crimes homofobia e transfobia e manda aplicar lei do racismo

13/6/2019
Migalhas Quentes

STF reconhece união homoafetiva

6/5/2011

Notícias Mais Lidas

TJ/MG revoga liminar e veta transfusão em paciente testemunha de Jeová

15/7/2024

Herdeiros que ocupam imóvel exclusivamente devem pagar aluguel

16/7/2024

OAB/SP divulga nova tabela de honorários com 45 novas atividades

15/7/2024

TJ/BA anula sentença após juiz dizer que "lugar de demônio é na cadeia"

15/7/2024

Funcionária chamada de “marmita do chefe" por colegas será indenizada

16/7/2024

Artigos Mais Lidos

Partilha de imóvel financiado no divórcio

15/7/2024

Inteligência artificial e Processo Penal

15/7/2024

Você sabe o que significam as estrelas nos vistos dos EUA?

16/7/2024

Advogado, pensando em vender créditos judiciais? Confira essas dicas para fazer da maneira correta!

16/7/2024

O setor de serviços na reforma tributária

15/7/2024