O MP/SP pediu à Justiça a condenação do jornalista Luan Araújo pelos crimes de injúria e difamação contra a deputada Federal Carla Zambelli.
O jornalista foi perseguido por Zambelli em 2022, quando a deputada correu atrás dele com uma arma pelas ruas de São Paulo, após uma discussão política, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais.
Depois do episódio, o jornalista teria publicado uma coluna sobre o entrevero, dizendo que Zambelli "mantém uma seita de doentes de extrema-direita" e que "segue cometendo atrocidades". Em outro trecho, afirma que Carla Zambelli é parte de uma "extrema-direita mesquinha, maldosa e que é mercadora da morte".
Em razão do texto, a deputada apresentou queixa-crime contra Luan, e o MP foi contra o processo. Agora, em uma mudança de posicionamento, o promotor Roberto Bacal juntou parecer contrário ao jornalista.
O advogado Renan Bohus, que representa Luan, afirma que não há fato novo. Ao jornal Estadão, disse que ficou abismada com o posicionamento do MP. "Trata-se de uma segunda perseguição contra Luan. Ele já foi perseguido com uma arma de fogo. Agora, é perseguido juridicamente.”
A coluna publicada pelo jornalista foi removida por ordem judicial, até a conclusão do processo.
Parecer do MP
No parecer, o promotor afirma que "desde o início do desentendimento, houve uma ofensa gratuita e dolosa contra a deputada". Segundo Bacal, após a primeira agressão, Luan teria atacado novamente a parlamentar em um "texto calcado pelo ideal retaliatório e ofensivo, diante de uma situação particularmente vivenciada, não se podendo admitir que o réu estivesse nessas condições, sob o manto da imunidade jornalística para ofender a vítima de modo desmedido".
Além disso, o membro do parquet diz que houve excesso de linguagem na matéria jornalística, pois "trata-se de acusações que, em tese, ferem a honra subjetiva e objetiva da querelante e, portanto, neste momento processual, ultrapassam os limites da narração crítica acerca de um desentendimento ocorrido entre as partes".
À Justiça, Luan Araújo se defendeu alegando que não cometeu crime algum com a publicação do artigo e que apenas exerceu seu trabalho profissional, amparado pela liberdade de expressão.
O processo ainda não foi julgado.
Relembre o episódio
No dia 29 de outubro de 2022, a deputada Federal Carla Zambelli, apoiadora de Bolsonaro, sacou uma arma e correu atrás de um homem negro em São Paulo.
Em vídeo, é possível ver a pessoas correndo e a deputada com a arma em punho, aos gritos, ordenando que o homem deitasse no chão. A situação escalou quando o policial militar que acompanhava a deputada disparou sua arma. A perícia posteriormente avaliou que o tiro foi acidental.
A deputada defendeu suas ações alegando que estava agindo em "defesa da honra" e afirmou ter sido empurrada pelo homem, uma alegação contradita por vídeos gravados por pessoas que presenciaram e registraram o evento.
Assista: