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Lei torna Laudelina Melo, defensora das domésticas, heroína da Pátria

Nos anos 30, ela criou a primeira associação de trabalhadores domésticos do Brasil.

26/7/2023

Presidente Lula sancionou a lei 14.635/23, que inscreve o nome de Laudelina de Campos Melo no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Ela se destacou na defesa dos direitos das mulheres, dos negros e das empregadas domésticas.

Nascida em Poços de Caldas, Minas Gerais, em 12 de outubro de 1904, neta de escravizados, Laudelina abandonou a escola aos 12 anos, quando o pai faleceu em acidente de trabalho, passando a cuidar dos cinco irmãos mais novos. Já aos 16 anos se sobressaiu, sendo eleita presidente do Clube 13 de Maio, que promovia atividades recreativas para a população negra de sua cidade. 

A partir de 1936, Laudelina teve uma atuação marcada em movimentos populares reivindicatórios e políticos, filiando-se ao Partido Comunista Brasileiro, ao mesmo tempo em que militava na Frente Negra Brasileira, também um partido político.

Nesse mesmo período ela fundou, em Santos, a Associação das Empregadas Domésticas, primeira entidade voltada à defesa e representação dos trabalhadores domésticos no Brasil. Todas essas entidades de que participava seriam, no entanto, tornadas ilegais com o advento da ditadura de Getúlio Vargas, no Estado Novo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, inconformada com o nazifascismo, Laudelina se alistou para trabalhar como voluntária nas forças de defesa do país. Já residindo em Campinas, também no Estado de São Paulo, Laudelina continuou a batalhar pela conquista de espaços político-culturais para os negros e negras, assim como pelos direitos das empregadas e dos empregados domésticos.

Alguns marcos dessa luta são a campanha contra-anúncios discriminatórios para contratar empregadas domésticas, a realização do Baile Pérola Negra, para debutantes negras, no Teatro Municipal de Campinas, e a criação da Escola de Bailados Santa Efigênia e da Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas de Campinas. A associação encerrou suas atividades em 1968, mas foi reconstituída em 1982, com a presença de Laudelina, tornando-se sindicato seis anos depois.

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria se destina ao registro perpétuo do nome dos brasileiros e brasileiras que tenham oferecido a vida à Pátria, para sua defesa e construção, com excepcional dedicação e heroísmo. Conhecido como Livro de Aço, por seu material de fabricação, fica localizado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Laudelina de Campos Melo foi pioneira na defesa das empregadas domésticas.(Imagem: Reprodução)

Leia a íntegra da lei:

_______

LEI Nº 14.635, DE 25 DE JULHO DE 2023

Inscreve o nome de Laudelina de Campos Melo no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica inscrito o nome de Laudelina de Campos Melo no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, Distrito Federal.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 25 de julho de 2023; 202o da Independência e 135o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Silvio Luiz de Almeida

Flávio Dino de Castro e Costa

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