Em entrevista exclusiva ao Migalhas, o advogado Lucas de Lima, agredido por policial em Batatais/SP enquanto atendia um cliente, disse que o episódio afetou todas as áreas de sua vida, e que não fez "absolutamente nada" que pudesse gerar as agressões.
Segundo Lucas, ele foi chamado pelo pai de um menor de idade para defendê-lo após suposto furto no pátio da Polícia. Quando chegou, soube que os investigadores já haviam entrado na casa do suspeito, e instruiu o cliente a não autorizar mais entrada na residência.
A partir disso, disse que passou a lidar com xingamentos como "viadinho" e "advogado de merda". Ao tentar impedir a entrada dos policiais, o advogado levou uma cabeçada, foi jogado ao chão e, em outro momento, jogado na parede.
Por fim, Lucas disse ter começado a filmar, o que fez com que o investigador de polícia saísse do carro e tentasse pegar o celular de sua mão, sem sucesso.
Ao ser questionado como está lidando com a situação, Lucas disse que o episódio afetou todas as áreas de sua vida. "Ainda estou assimilando tudo. Já fazia terapia, mas vou ter que intensificar. Estou tomando remédio para dormir", acrescentou.
Lucas ainda disse que há diversos comentários nas redes sociais dizendo que "apanhou pouco" e isso faz com que ele tema por sua vida e de sua família. "Estou no escritório porque tenho que atender, mas pretendo ficar em home office nos outros dias", completou.
O advogado ainda disse que não fez nada para ocasionar a agressão e que não há como "tentar justificar o injustificável". Ele conta que leu nas redes sociais que "ninguém apanha de graça" e tenta brincar com a situação: "só não apanhei de graça porque teve honorários".
Sem esconder a tristeza em meio à brincadeira, Lucas resume o episódio como "humilhante".
Finalizando, o advogado respondeu o que espera que aconteça após as agressões: "Espero que ele seja punido, não só por mim, mas por toda a classe. Que tenha efeito pedagógico."
Relembre
No dia 6 de junho, o advogado Lucas de Lima, de Batatais/SP, foi agredido por um policial civil em Batatais/SP enquanto atuava na defesa de um cliente. Segundo informações do boletim de ocorrência, tudo começou quando o causídico chegou à delegacia para acompanhar uma audiência de flagrante delito.
Ao chegar ao local, verificou que seu cliente já estava dentro da viatura. Ele estranhou, pois, segundo familiares, o flagrante já havia ocorrido há algum tempo.
Ainda de acordo com informações do B.O, Lucas Lima questionou o investigador se havia mandado de segurança e ele respondeu que não. O causídico pediu para que o cliente se retirasse da viatura, pois não autorizariam a "invasão de domicílio".
Naquele momento, o policial teria dito que iriam de qualquer forma e o chamou de “advogado de bosta”, dizendo que só sabia atrapalhar o serviço deles e “iria pagar muito caro por isso”.
Lucas, então, teria se prontificado a ir com o cliente na viatura, mas não foi autorizado. Ele foi até a casa por meios próprios e chegando lá argumentou novamente que não havia mandado.
Foi aí que começou uma confusão maior, momento em que, segundo o boletim, o advogado teria recebido uma cabeçada no nariz, sido jogado ao chão e recebido socos no peito e na costela.