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Mercado Pago é condenado a indenizar cliente vítima de fraude

Segundo colegiado, as provas constantes nos autos evidenciam a quebra na segurança da conta bancária virtual/eletrônica do requerente, mesmo a empresa não comprovando que as compras lançadas são legítimas.

2/10/2022

O banco digital Mercado Pago foi condenado, em sentença proferida no 6º JEC de São Luís/MA, a indenizar um homem vítima de fraude. Além de pagar R$ 3 mil reais ao cliente, a empresa deverá proceder à restituição de R$ 5,4 mil subtraídos da conta digital do cliente.

Na ação, o requerente afirmou possuir uma conta bancária digital administrada pelo Mercado Pago, tendo recebido uma mensagem em 18/5/22 com a informação de tal conta foi acessada por dispositivo desconhecido. Alegou que tal movimentação ocorreu sem sua autorização, daí, sua conta foi bloqueada por segurança em 19/5/22. 

Narrou que, na noite anterior ao bloqueio, foram efetuadas 12 compras no débito automático por terceiros no Estado do Rio de Janeiro, causando-lhe o prejuízo de R$ 5,4 mil, cujo ressarcimento o banco digital recusou-se a fazer.

Assim, o cliente requereu a restituição do valor subtraído, bem como indenização por danos morais. O Mercado Pago contestou os pedidos, afirmando que não foi verificado em seus sistemas qualquer indício de acesso indevido de terceiros na conta do demandante, não reconhecendo, por isso, qualquer ilicitude que dê azo às reparações material e extrapatrimonial pretendidas na exordial, requerendo, por isso, sua total improcedência.

Mercado Pago é condenado a indenizar cliente vítima de fraude.(Imagem: Freepik/Arte Migalhas)

Em sentença, o colegiado pontuou, “indo direto ao cerne da questão, as provas constantes nos autos evidenciam a quebra na segurança da conta bancária virtual/eletrônica do requerente, tal como o lançamento das compras por meio de débito automático cujos estabelecimentos beneficiários são sediados no Estado do Rio de Janeiro, onde o demandante jamais esteve. Por outro lado o Mercado Pago.Com não comprovou que as compras ali lançadas são legítimas, tarefa essa que lhe cabia, conforme o Código de Defesa do Consumidor”.

Ademais, obeservaram em decisão que, “cumpre destacar no caso em análise que as características das operações impugnadas pelo demandante fogem completamente do seu perfil financeiro regular, especialmente diante das 12 operações de compras consecutivas e à vista que, tarde da noite e em menos de dez minutos, amoldaram o valor de total R$ 5.458,00 (…) Enfim, não comprovada a regularidade das compras contestadas, considera-se defeituosa a prestação do serviço, já que não resta outra dedução senão a vulnerabilidade dos sistemas de segurança e privacidade de dados do requerido, não se esquecendo de sua responsabilidade objetiva, tal qual preceitua a Súmula nº. 479 do STJ”.

Para a Justiça, dada a natureza ilícita dos lançamentos, tem a parte reclamante o direito ao ressarcimento.

“Por fim, além da inegável situação angustiante e causadora de grande perplexidade do prejuízo financeiro, a resistência do requerido em solucionar a questão mediante o pleito administrativo de restituição impôs ao demandante um relevante ônus produtivo, onerando indevidamente seu tempo útil para a resolução por esta via judicial, o que constituiu dano indenizável, nos moldes de artigo do Código de Defesa do Consumidor.”

O tribunal omitiu o número do processo.

Informações: TJ/MA.

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