A Justiça bloqueou duas contas bancárias de Margarida Maria Vicente de Azevedo Bonetti, que ficou conhecida como "a mulher da casa abandonada" após um podcast da Folha de S.Paulo. O valor retido seria de R$ 83 mil. O bloqueio foi determinado em abril pela juíza de Direito Paula Velloso Rodrigues Ferreri, da 40ª vara Cível de SP, e é referente a uma dívida inicial de R$ 745 com um condomínio, localizado na avenida Angélica, no bairro de Higienópolis, área nobre da capital paulista.
A ação de cobrança foi movida pelo Edifício Três Barões, que fica próximo da mansão onde Margarida mora. Segundo o processo, ela teria um apartamento no condomínio e a multa cobrada é referente a danos causados no hall social. Em 2015, uma familiar de Margarida, que residia no edifício, foi vista riscando a parede do hall. Por isso, ela foi multada. Com a falta de pagamento, o condomínio recorreu à Justiça.
Já em abril deste ano, representantes do edifício pediram R$ 7.800, valor que inclui a multa e o ressarcimento pelas despesas com a pintura do hall, além dos juros, honorários e custas do processo, e novamente não houve o pagamento.
Após várias tentativas frustradas de cobrança desde 2016, em diferentes endereços, e por vários mandados, a Justiça determinou o bloqueio das contas bancárias da idosa e o valor da multa deve ser retirado. O restante será devolvido a Margarida.
- Processo: 1053511-28.2016.8.26.0100
Quem é Margarida Bonetti
Margarida Bonetti é acusada de ter mantido uma mulher em condições análogas à escravidão nos Estados Unidos por 20 anos, entre o fim da década de 1970 e o começo dos anos 2000.
Ela teria se tornado foragida do FBI. Já o marido teria cumprido pena no país norte-americano.
A história ganhou grande repercussão após ser tema do podcast A Mulher da Casa Abandonada, do jornalista Chico Felitti, da Folha de S.Paulo.
Operação
A "casa abandonada", mansão onde mora Margarida Bonetti se encontra hoje em situação deplorável.
Nesta quarta-feira, 20, o imóvel foi alvo de operação da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária, tendo contado até com a presença da ativista da causa animal Luísa Mell.
Participaram da inspeção profissionais da Coordenadoria de Vigilância em Saúde, da Supervisão Técnica de Saúde (STS), médico do Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (Siat) e veterinário da Divisão de Vigilância em Zoonoses (DVZ).
Os policiais civis do 4º Distrito Policial cumpriam mandado expedido em investigação que apura o crime de abandono de incapaz. A polícia apura se Margarida Bonetti sofre de distúrbio psiquiátrico e se foi vítima de abandono.