O ministro Nunes Marques, do STF, negou pedido da defesa de Rodrigo Janot para trancar e arquivar ação que investiga plano do ex-PGR de matar o ministro Gilmar Mendes. Nunes fixou entendimento da Suprema Corte no sentido do não conhecimento de habeas corpos contra decisão de ministro do STF.
O inquérito foi instaurado em 2019, quando o ex-PGR Rodrigo Janot surpreendeu ao revelar que no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo chegou a ir armado para uma sessão do STF com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes.
"Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele [Gilmar] e depois me suicidar."
Inimizade antiga
A inimizade entre Gilmar Mendes e Rodrigo Janot vem de longa data. Em 2015, quando integrava o TSE, o ministro Gilmar repudiou o despacho de Janot pelo arquivamento da investigação das campanhas de Dilma – e reiterou ofício para que o procurador Rodrigo Janot investigasse os indícios de irregularidades: “O procurador negou-se a cumprir seu papel.”
As críticas foram subindo de tom, e a expressão “o bêbado do Janot” não raro era proferida pelo ministro. Em 2017, em resposta ao ofício do então PGR que pedia sua suspeição no caso Eike, Gilmar lembrou o provérbio português: "Ninguém se livra de pedrada de doido nem de coice de burro." Foi neste despacho que a filha de Janot foi mencionada. O tom foi o mesmo ao responder quanto à alegação de suspeição no caso de Jacob Barata.
As alfinetadas não ficaram em um passado tão distante. Em 2020, enquanto proferia voto em ação penal contra o ex-senador Valdir Raupp, o ministro Gilmar Mendes criticou o ex-PGR Rodrigo Janot: "A partir das 15h30, este senhor já estava embriagado e, por isso, fez tantas estripulias".
Em 2019, Migalhas entrevisou o ex-presidente Lula, que contou que sabia da "farmacinha" de Janot, apelido de geladeira com bebidas na PGR.
- Processo: HC 209.822
Veja a decisão de Nunes Marques.