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Em entrevista, especialista trata sobre governança no setor público

Para Cristiane Nardes, a liderança é o ator principal dentro da governança.

18/9/2021

Em entrevista à Rede Governança Brasil, a jornalista, analista comportamental, executive coach e vice-presidente do Conselho de Administração da Associação Latino-Americana de Governança, Cristiane Nardes, falou sobre o tema: governança no setor público.

Inicialmente, Cristiane Nardes explicou que utiliza o conceito de governança do TCU como referência para seus trabalhos, que diz que a governança no setor público compreende essencialmente os mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade.

(Imagem: Pexels)

Segundo a analista, a governança só acontecerá através da integração entre liderança, estratégia e controle, e que é fundamental os três mecanismos, um complementa o outro e sem o pacote completo, não possui governança, e sim, gestão. “Acredito que a liderança é o ator principal dentro da governança, pois sem ela nada acontece”, afirmou.

Para ela, na prática, um líder deve ser uma pessoa que se destaca, uma referência dentro de um grupo que motiva e que serve de exemplo para os demais, e isso é fundamental para quem quer começar a trabalhar com governança, é necessário uma mudança cultural e sensibilização dos stakeholders, e isso, requer um grande esforço.

“Vejo que o papel do líder é fundamental, ele terá que ser incansável para engajar a equipe e virar a chave pela implantação da governança. Esse convencimento não é uma tarefa fácil, seja para seus pares ou para a alta administração.”

Para Cristiane, entre os maiores desafios para a disseminação e consolidação das boas práticas de governança no setor público brasileiro é a ausência de boas práticas de governança nos processos da administração pública.

“Ainda, de forma geral, não sabemos trabalhar com governança, é recente, estamos aprendendo e há um longo caminho pela frente. Já na governança corporativa a maturidade é enorme, porém no setor público, ainda nos deparamos com gestores dizendo que governança é bobagem ou perda de tempo, talvez por outros interesses, acomodação ou falta de conhecimento.”

Secretaria-Executiva a maternidade

Em suas experiências profissionais, Cristiane conta que passou por trabalhos desafiadores, um deles foi o projeto da primeira Secretaria de Governança e Compliance do Governo do Distrito Federal. Para ela, foi muito além de um cargo no executivo, ou o status de secretária de estado. “Ali pude entender o tamanho do desafio de quem trabalha com governança e compliance, é matar um leão por dia.”

Hoje, avaliando tudo que aconteceu, a vice-presidente diz que, por meio de sua experiência, não adianta fazer governança sem o apoio da alta administração, tenha certeza de que esse apoio existe.

“Cumpri meu papel, tenho muito orgulho em dizer que apesar de todas essas dificuldades, conseguimos implementar o decreto 39.736/19, que dispõe sobre a Política de Governança Pública e Compliance no âmbito da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo do Distrito Federal.”

Sobre a maternidade, a jornalista explica que as pessoas sempre querem saber sobre sua vida pessoal, mas que tenta ser o mais discreta possível, a fim de blindar sua família.

"Já passamos por muitas situações delicadas, como ameaças, ataques e exposição na imprensa. Nasci em uma família de político e vi desde sempre meu pai atuante e trabalhando muito pelo país, fui aprendendo com ele como ser perseverante, não desistir dos meus sonhos, e como me comportar em meio a tanta inveja e sempre mostrar que posso ser respeitada através do meu trabalho, transparência e postura correta para tudo que fizer."

Segundo Cristiane, hoje ela se sente filha da governança e a geração do seu filho, Enrico, que está com um ano e meio, já nasceu em meio a esse ambiente. "Tenho certeza de que a tal mudança cultural que falei anteriormente, está se aproximando, por sorte, um caminho sem volta, a governança pública veio para ficar”, afirma.

Presente e futuro

Cristiane Nardes destacou algumas das conquistas da Rede Governança Brasil, e salientou que a associação tem como missão fortalecer ainda mais os projetos da governança, e que estão previstas quase 600 ações no planejamento estratégico da RGB até 2025.

Dentre as conquistas a analista falou que a RGB está batalhando pela aprovação do PL da Governança, e afirmou que será um grande passo para a gestão pública, e certamente um grande legado aos brasileiros. Outro assunto que destacou foi a criação da Cartilha de Governança Municipal – Transformando sua Administração, material idealizado por ela, e criado a várias mãos pelo Comitê responsável, na qual, também é uma das autoras.

“Hoje, olhando para trás, posso pensar nos próximos cinco anos, vejo a envergadura que adquirimos, todos os voluntários são pessoas diferenciadas, a meu ver são pessoas que pensam grande e fora da caixa, pois dedicam seu tempo a um projeto em prol do desenvolvimento do Brasil, são visionários”.

Segundo ela todo o caminho percorrido pela RGB tem sido realizado com muita seriedade em que o caráter voluntário deve estar em primeiro lugar. “Falar em governança há dois anos era mais difícil.

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