Migalhas Quentes

Comissão de permanência só pode ser cobrada por instituições financeiras, decide STJ

8/12/2006


Varejo

Comissão de permanência só pode ser cobrada por instituições financeiras

Empresas de comércio varejista não podem cobrar de clientes com pagamentos atrasados a chamada “comissão de permanência”, um encargo remuneratório por serviços bancários. A decisão foi tomada na Terceira Turma e seguiu integralmente o voto da relatora da matéria, ministra Nancy Andrighi. Segundo a ministra, a cobrança do encargo é legalmente restrita para instituições financeiras como bancos comerciais, cooperativas de crédito, sociedades de arrendamento mercantil entre outras.

O processo, originário de São Paulo, foi movido pelo Ministério Público paulista contra as Lojas Cem S/A, para que ela deixasse de inserir cláusulas de comissão de permanência em seus contratos. O TJ/SP concedeu liminar para suspender a cobrança. A empresa entrou com um agravo de instrumento e alegou que artigo 2º da Lei nº 6.463, de 1977, autorizaria a cobrança da taxa. Esse agravo foi negado, e o tribunal entendeu que o artigo 4º, inciso IX, da Lei nº 4.595, de 1964 (clique aqui), restringiria a cobrança da comissão apenas para as instituições financeiras.

A empresa entrou com recurso no STJ, insistindo que a Lei nº 6.463/77 poderia ser interpretada extensivamente, autorizando a comissão de permanência. Afirmou que não cobrar o encargo poderia estimular a inadimplência no setor varejista. O Ministério Público opinou a favor de manter a decisão do TJ/SP, afirmando que a comissão é uma compensação proveniente exclusivamente do mútuo bancário, portanto restrita às instituições financeiras.

Para a ministra Nancy Andrighi, relatora do recurso especial, a comissão de permanência não é inerente à venda a prazo. A Lei nº 4.565, de 1964, restringe claramente a comissão às instituições financeiras e essa deve ser calculada nas mesmas taxas pactuadas no contrato original ou pelo valor de mercado. Além disso, não haveria como interpretar extensivamente o artigo 2º da Lei nº 7.643. Ele autoriza a cobrança nas vendas a prazo de uma taxa de custo no financiamento das instituições de crédito. “Limita-se a regular o acréscimo nas vendas a prazo, em relação ao preço de venda à vista, inexistindo qualquer alusão àquilo que poderá ser exigido em situação de inadimplência”, destacou a ministra. A comissão é calculada sobre os dias de atraso e conforme o contrato original e as taxas de mercado vigentes.

Por fim, a ministra Nancy Andrighi afirmou que, segundo a jurisprudência da Casa, a comissão de permanência não pode ser acumulada com a correção monetária, os juros e a multa. “São nesse sentido, ainda, as súmulas 40 e 296 do STJ”, completou. Com essa fundamentação, a ministra não conheceu (não admitiu) o recurso.

Processo Relacionado: Resp 707647

______________

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Notícias Mais Lidas

Saiba quem foi Eunice Paiva, advogada interpretada por Fernanda Torres

6/1/2025

STF invalida lei que obriga bancos a fazer prova de vida do INSS

5/1/2025

Juíza multa cliente por má-fé que contestou seguro prestamista legítimo

4/1/2025

AGU nomeia 100 aprovados em concurso para advocacia pública Federal

5/1/2025

Empresa indenizará por dispensa abusiva de funcionário depressivo

6/1/2025

Artigos Mais Lidos

A lei 15.040/24 (marco legal dos seguros) e a prescrição

6/1/2025

Afinal, é possível conseguir a aposentadoria por obesidade?

4/1/2025

Concurso público: O problema da prova objetiva e a Justiça como solução

6/1/2025

A inclusão da terceira idade no mercado de trabalho: Uma análise jurídica e social

6/1/2025

Imóvel como garantia: O que muda com a nova regulamentação do CMN?

5/1/2025