Nesta sexta-feira, 18, faleceu Ruth Bader Ginsburg, a juíza mais antiga da Suprema Corte americana, considerada um ícone progressista e feminista. Ruth morreu em decorrência de complicações de um câncer no pâncreas, aos 87 anos.
Com o falecimento da magistrada, o presidente dos EUA, Donald Trump, terá a chance de expandir sua maioria conservadora na Corte americana, fazendo uma terceira indicação, às vésperas das eleições presidenciais que ocorrerão em 3 de novembro.
Nos Estados Unidos, os nove juízes da Suprema Corte têm cargos vitalícios.
Quem foi Ruth Bader Ginsburg
Ruth, a mais conhecida integrante da Suprema Corte dos EUA, teve papel central no combate e na mudança de leis Federais e estaduais que limitavam a atuação das mulheres na sociedade com base no gênero, sob o pretexto de protegê-las.
Estudante de Direito em Harvard - em uma turma que havia 500 homens para nove mulheres - a dificuldade de exercer a profissão ultrapassou as salas de aula. Entre 1960 e 1970, RBG não conseguia os mesmos empregos que os homens pelo simples fato de ser mulher, mesmo sendo uma advogada talentosa.
Quando virou professora da Universidade de Rutgers e de Columbia, Ruth começou um projeto para derrubar legislações discriminatórias, tentando provar que partes de leis feitas por homens sobre as mulheres não só as prejudicavam, como também eram nocivas para eles próprios. Este discurso na sociedade conservadora norte-americana da década de 70 causou um reboliço: era considerada uma mulher "difícil" e "encrenqueira" em razão de sua luta.
Em seu currículo, há uma longa lista de conquistas: primeira mulher a participar de duas importantes revistas de direito (Harvard Law Review e a Columbia Law Review); co-fundadora do Projeto dos Direitos das Mulheres na União Americana pelas Liberdades Civis; nomeada pelo presidente Jimmy Carter em 1980 como juíza do Tribunal de Apelações dos Estados Unidos; nomeada por Bill Clinton para o cargo de Associada de Justiça da Suprema Corte e, finalmente, ascendida para a Suprema Corte.
Cinema
Ginsburg foi considerada um ícone pop pelas importantes falas sobre igualdade de gênero e direito das mulheres. Sua presença lotava auditórios e seu rosto estampou canecas, banners e até mesmo telas do cinema.
Em 2019, o documentário "A Juíza", indicado ao Oscar como melhor documentário e melhor canção original, contou de forma detalhada a trajetória de RBG na busca pelos direitos das mulheres.